Rudson de Souza Publisher do OBemdito

Advogado de defesa deve alegar insanidade mental no caso do ‘serial killer’ de Iporã

Advogado diz que cliente possui laudo de esquizofrenia paranoide há 18 anos

Advogado de defesa deve alegar insanidade mental no caso do ‘serial killer’ de Iporã
Rudson de Souza - OBemdito
Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 17h16 - Modificado em 3 de dezembro de 2025 às 19h45

O advogado Delfer Dalque de Freitas, que representa Diego Augusto de Lima Santos, de 23 anos, revelou ao OBemdito a estratégia jurídica que a defesa pretende adotar no caso em que o jovem é indiciado pela Polícia Civil do Paraná por ao menos três homicídios em Iporã.

Freitas afirma que o processo precisa seguir critérios técnicos, psiquiátricos e legais antes de qualquer conclusão definitiva. Diego, que se autointitulou “serial killer” em depoimento, está preso preventivamente desde o início de novembro.

Segundo a banca de advogados constituída pela família, há laudos, relatórios médicos e receituários que comprovam que Diego possui diagnóstico de esquizofrenia paranoide há pelo menos 18 anos, realizando tratamento desde 2007.

Diante disso, a defesa prepara um pedido formal de incidente de insanidade mental, para que peritos oficiais avaliem sua capacidade de compreensão e autodeterminação tanto na época dos fatos quanto atualmente.

Os advogados afirmam que o transtorno mental grave “interfere significativamente na percepção da realidade, na coerência narrativa, na memória e no comportamento”, o que torna indispensável que o processo seja conduzido dentro de parâmetros psiquiátricos adequados.

O defensor destaca ainda que, por causa da doença, a comunicação entre réu e defesa é fragmentada, exigindo metodologia cuidadosamente ajustada.

A família de Diego também prestou depoimento às autoridades e, de acordo com a defesa, reafirmou estar colaborando com a investigação e manifestou solidariedade aos familiares das vítimas.

“Os parentes não compactuam com crimes e que, se houver comprovação dos fatos, Diego deverá responder conforme determina a lei”, respeitando-se sua condição clínica, destacou o advogado a OBemdito.

Pressão pública e risco de distorções

A defesa critica o ambiente de intensa repercussão que cercou o caso após o indiciamento. Para os advogados, a exposição pública pode gerar “pressão midiática capaz de influenciar investigações, decisões judiciais e até conduzir a equívocos irreversíveis”, como prisões precipitadas ou interpretações descoladas de laudos técnicos. A defesa menciona também preocupação com a divulgação de informações de caráter sigiloso.

A banca afirma que o compromisso não é “absolver a qualquer custo”, mas garantir que a responsabilização, se confirmada, esteja amparada em avaliações psiquiátricas sérias e conclusivas.

A defesa argumenta que eventuais condutas atribuídas ao jovem podem ter sido influenciadas por alucinações auditivas, delírios e pela combinação entre o quadro clínico e conteúdos audiovisuais sobre violência que ele consumiria com frequência.

O que diz a Polícia Civil

A Delegacia de Iporã concluiu o inquérito sobre a morte de Danilo Roger Bido Ferreira, de 31 anos, ocorrida em agosto, e indiciou Diego por homicídio qualificado. A polícia também deve incluí-lo nos inquéritos referentes às mortes de Gilberto de Lucca e José Antônio Rodrigues Gaia, que o réu afirmou ter cometido.

Em depoimento ao delegado Luã Mota, Diego descreveu detalhes dos crimes e afirmou ter agido “por prazer”. A defesa, no entanto, sustenta que tais declarações precisam ser analisadas à luz do diagnóstico psiquiátrico, uma vez que a coerência do discurso pode estar comprometida pela doença mental.

Sobre um quarto caso, a morte de Luiz Delfino Marques, o inquérito permanece aberto, aguardando exumação e diligências complementares. A Polícia Civil afirmou que está à disposição para novos esclarecimentos e que segue comprometida com a elucidação completa dos fatos.

“No tocante a essa morte, o procedimento investigativo permanece em andamento. Está aguardando a realização da exumação e o cumprimento de diligências complementares necessárias para a conclusão do respectivo inquérito”, disse o delegado.

Próximos passos

Diego está recolhido em unidade de segurança reforçada desde sua prisão. A defesa afirma que, devido ao quadro grave, o jovem deve permanecer em local especializado, capaz de garantir segurança própria, de terceiros e continuidade do tratamento.

Os advogados dizem acompanhar “cada etapa” do caso e reforçam a necessidade de que a investigação avance com “rigor técnico, equilíbrio e absoluto respeito ao devido processo legal”.

Primeiro suspeito

Sobre outro jovem preso no início das investigações da morte de Danilo Bido, o delegado disse não haver comprovação de envolvimento. “Quanto ao primeiro investigado, preso no curso das apurações do inquérito que aferia a morte da vítima Danilo, não foram identificados elementos que comprovassem sua participação no crime, razão pela qual não houve indiciamento em seu desfavor”, explicou o delegado.

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