Política
Empresário depõe no MP e confirma que vereador Ronaldo pediu propina
Informação foi obtida por ‘OBemdito’ com fonte próxima de Vitor Hugo, uma vez que investigação corre em segredo de justiça
Redação
OBemdito
25 de maio de 2022 19h38
O empresário Vitor Hugo Gaiari Rojas foi ouvido na manhã desta quarta-feira (25) na sede do Ministério Público, em Umuarama, na investigação sobre o suposto esquema de propina na Comissão de Justiça e Redação da Câmara.
O promotor Fábio Hideki Nakanishi não quis revelar o teor do depoimento, uma vez que a investigação corre em segredo de justiça. Uma fonte próxima do empresário, porém, disse a OBemdito que Vitor Hugo confirmou ter recebido pedido de vantagem indevida feito pelo vereador Ronaldo Cruz Cardoso, presidente da comissão no Legislativo municipal.
Vitor Hugo mudou-se de Umuarama logo após atender o promotor. A troca de cidade já estava sendo planejada. Ele foi para o litoral de Santa Catarina, onde seguirá atuando no ramo de engenharia civil, sua formação acadêmica. O sócio de Vitor Hugo, Guilherme Peixoto Soares, também participou da oitiva no MP.
O suposto esquema de corrupção envolvendo Ronaldo Cardoso foi exposto pelo vereador João Paulo Maciel de Oliveira, o Sorrisal, na sessão ordinária do último dia 9.
Sorrisal apresentou um áudio em que Vitor Hugo denuncia que Ronaldo pediu dois terrenos e R$ 30 mil para acelerar o trâmite de um projeto de lei na Câmara, cuja aprovação era necessária para a liberação de loteamento comercial do empresário. Após negociação, ficou acordado que Ronaldo receberia um terreno, avaliado em cerca de R$ 200 mil, e R$ 15 mil em dinheiro.
Ronaldo Cardoso também foi ouvido pelo promotor nesta terça-feira, na parte da tarde. O depoimento durou 40 minutos. O vereador conversou rapidamente com os jornalistas na saída do MP e disse estar tranquilo. “Esperamos que o Ministério Público, após a oitiva dos envolvidos, esclareça da melhor forma possível, o mais rápido, à população de Umuarama”, afirmou.
Fábio Nakanishi disse que, a princípio, estão sendo investigados os crimes de concussão, que é quando o titular de um cargo público utiliza a condição para exigir, para si ou para outra pessoa, algum tipo de vantagem indevida, e corrupção passiva, quando o funcionário público solicita ou recebe vantagem ou promessa de vantagem em troca de algum tipo de favor ou benefício particular.
Sorrisal faz nova revelação sobre Ronaldo
Sorrisal também depôs e na sequência atendeu a imprensa. “Eu falei a verdade, tudo o que nós já trouxemos à tona e algumas coisas que eu acrescentei, que eu não posso abrir aqui nesse momento. A sociedade vai ter a resposta que ela tanto espera”, disse.
A OBemdito, Sorrisal afirmou foi procurado por Ronaldo Cardoso para não dar publicidade ao áudio de Vitor Hugo, gravado sem o conhecimento do empresário. Cardoso teria oferecido apoio para Sorrisal assumir a presidência da Câmara, na próxima eleição para a mesa diretiva.
Os vereadores Ana Novais e Edinei do Esporte não puderam comparecer ao MP, por estarem em viagem. Assim como Sorrisal, os dois formularam a denúncia contra Ronaldo Cardoso ao promotor de justiça. O presidente da Câmara, Fernando Galmassi, também não prestou depoimento, mas justificou a ausência.
Pai Herói não foi e não apresentou justificativa
Bastante aguardado, o ex-diretor da Prefeitura, Valdecir Pascoal Mulato, o Pai Heroi, não foi ao MP e não apresentou justificativa. O promotor disse que vai intimá-lo mais uma vez e caso não haja comparecimento, pode solicitar a condução coercitiva.
Pai Heroi foi exonerado da pasta de Articulação e Mobilização da Comunidade assim que o nome dele surgiu nas denúncias. Em conversa com Vitor Hugo, gravada pelo próprio empresário, Pai Herói cita o presidente da Câmara, Fernando Galmassi.
“Tá tudo certo. Sabe o que tá acontecendo? O Fernando (Galmassi) tá achando que você tá dando alguma coisa para outro vereador. Aí fica travando. (…) Aí ontem ele tava lá falando merda, falou pro cara lá: ‘Acha que eu sou trouxa? Nego lá comendo bisteca, não dá nem um pedacinho pra mim”.