O vereador Ronaldo Cruz Cardoso, acusado de pedir propina para acelerar encaminhamento de projeto no Legislativo (FOTO: DANILO MARTINS/OBEMDITO)

Umuarama

Vereador é acusado de cobrar propina para agilizar liberação de loteamento em Umuarama

Empresário diz que Ronaldo Cardoso pediu dois terrenos e R$ 30 mil para dar seguimento em projeto

O vereador Ronaldo Cruz Cardoso, acusado de pedir propina para acelerar encaminhamento de projeto no Legislativo (FOTO: DANILO MARTINS/OBEMDITO)
Vereador é acusado de cobrar propina para agilizar liberação de loteamento em Umuarama
Redação
OBemdito
10 de maio de 2022 11h46

Uma bomba explodiu na Câmara de Umuarama na noite desta segunda-feira (9). Em áudio apresentado durante a sessão ordinária, um empresário acusa o vereador Ronaldo Cruz Cardoso de pedir dinheiro para agilizar a liberação de um loteamento imobiliário. A denúncia também inclui o assessor municipal Valdecir Pascoal Mulato, o Pai Herói, lotado na Prefeitura.

Pai Herói é diretor municipal de Articulação e Mobilização da Comunidade. Ele teria ligado para o empresário Vitor Gaiari informando que a análise do projeto do loteamento estava pronta na Prefeitura para ser encaminhada à Câmara e que, na fala do empresário, um vereador iria manter contato pedindo “alguma coisa” para dar celeridade ao trâmite. Tempo depois, ainda segundo o empresário na gravação, Ronaldo Cardoso procurou Vitor e pediu dois terrenos e R$ 30 mil em dinheiro.

Ronaldo Cardoso é presidente da Comissão de Justiça e Redação da Câmara, a mais importante na liberação de projetos públicos. Cardoso teria dito ao empresário que o “agrado” seria dividido com outros oito vereadores.

O áudio foi apresentado pelo vereador João Paulo Maciel de Oliveira, o Sorrisal, no momento em que o projeto 010/2022 entrava em votação, nesta segunda-feira. “Não vou deixar que manchem meu nome, porque eu não participo disso (corrupção). Não sou bandido e também não estou aqui para julgar ninguém, mas é importante que todos saibam (o que aconteceu) e que essa história seja esclarecida”.

Os vereadores Mateus Barreto, Ana Novais, Cris das Frutas e Edinei do Esporte informaram que também foram procurados pelo empresário, que contou a suposta história de pedido de dinheiro por parte de Ronaldo Cardoso. Eles disseram que comunicaram o presidente da Casa, Fernando Galmassi, e que orientaram Vitor Gaiari a procurar o Ministério Público. Sorrisal, porém, foi o único a expor a situação.  

A OBemdito, Sorrisal disse que Vitor Gaiari não sabia que a conversa em seu gabinete, na Câmara, estava sendo gravada. No áudio, o empresário disse ter gravado o momento em que Ronaldo pede benefícios.

O empresário detalhou que chegou a combinar com Ronaldo Cardoso a entrega de um terreno e R$ 15 mil em dinheiro, mas que, depois, conversando com outras pessoas ligadas ao seu negócio, decidiu recuar da negociação e expor o que estava acontecendo, por considerar a situação “injusta”, uma vez que está trabalhando e contribuindo para o desenvolvimento de Umuarama.

Sem esboçar nenhuma reação enérgica na sessão, Ronaldo Cardoso afirmou que não entraria “no mérito do áudio e da fala do empresário” naquele momento. Ele prometeu se manifestar nesta terça-feira (10) ou amanhã.

OBemdito ainda não conseguiu contato com o diretor da Prefeitura, Valdecir Pascoal Mulato, o Pai Heroi. O espaço está aberto para sua manifestação, assim como de qualquer outra pessoa citada na matéria.

Em 2017, vereador renunciou após prisão em flagrante

A bomba que acaba de explodir na Câmara de Umuarama relembra a prisão em flagrante, no final de 2016, de Hemerson Yokota. O então vereador foi detido em frente a um clube da cidade no momento em que recebia R$ 25 mil para facilitar a aprovação de um terreno a um empresário. Semanas depois, sob forte pressão, Yokota renunciou ao cargo.

O escândalo só não foi maior do que o desvio de quase R$ 1 milhão no Legislativo municipal, anos antes. Apenas funcionários foram condenados.

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