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Quem perde com a instabilidade política, como a vivida em Umuarama, é o povo

Quem perde com a instabilidade política, como a vivida em Umuarama, é o povo
Valdir Miranda
OBemdito
22 de maio de 2021 19h22

Primeiro ponto

Bem, a coluna está de volta, num ritmo mais adequado ao momento que vivemos e que sugere cautela a todos. Aliás, cautela que claramente não tiveram alguns agentes políticos e servidores públicos de Umuarama. 

O desvio de recursos públicos para benefícios pessoais, inclusive envolvendo verbas destinadas a investimentos em saúde da população, mais uma vez colocou a cidade no cenário nacional já que o assunto foi repercutido pelos grandes veículos de imprensa, sem contar o estardalhaço nas redes sociais, sabidamente sem fronteiras. 

Foi desolador para qualquer umuaramense, no dia da espetaculosa ação do Ministério Público e da polícia, ver a Prefeitura cercada por viaturas policiais. Uma imagem triste. Desde a sua inauguração, no dia 27 de abril de 1982, o Paço da Amizade jamais havia sido palco de espetáculo tão deprimente. 

O prefeito é o verdadeiro culpado pelos desvios? Isso quem tem que provar é a investigação e, havendo culpa, que a justiça tome o seu caminho. Politicamente o nome de Celso Luiz Pozzobom derreteu e o ocorrido comprometeu seriamente seu trabalho à frente da administração.

Muita coisa ainda está por vir à tona, pois o processo é volumoso, com um “catatau” de páginas. São muitas escutas telefônicas, muitos dados a serem avaliados, cruzados e alinhados.

Segundo ponto

Outra parte de toda essa história começaria a ser contada a partir da próxima segunda-feira (24/05), quando o plenário da Câmara Municipal colocaria em votação o afastamento do prefeito. Seria o julgamento político. 

Seria porque o juiz Marcelo Bertasso, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Umuarama, concedeu liminar ao mandado de segurança impetrado por Pozzobom, concordando que  “os vereadores não têm competência para determinar o afastamento cautelar do prefeito, uma vez que não há previsão legal nesse sentido na Lei Orgânica do município”.  

Interessante saber se a Câmara vai recorrer da decisão judicial. Pelo que afirmou o diretor jurídico do Legislativo, Diemerson Castilho,  na segunda-feira haverá reunião envolvendo assessores da Casa para avaliar a questão. 

“Rebu” igual a esse, aqui em Umuarama, só acompanhei um: o do prefeito Hênio Romagnolli, cassado pela Câmara de Vereadores, em sessão iniciada no dia 13 de janeiro de 1975 e concluída no dia seguinte, já com a posse do vice-prefeito Durval Seifert. 

O caso de João Cioni Neto, também em seu segundo mandato, foi diferente: sob forte pressão popular e política e ameaçado de inescapável cassação pelo Legislativo, acabou renunciando antes que tal se efetivasse. 

O vice-prefeito Tuguio Setogutte, na época deputado estadual, só assumiu oito dias depois, pois relutava em deixar sua cadeira na Assembleia Legislativa e acabou convencido a permanecer na Assembleia pelo próprio governador Ney Braga. Tudo isso no ano de 1979.

Volto ao ponto: Como as notícias relacionadas aos desvios de dinheiro da Prefeitura de Umuarama ganham novos ingredientes a cada dia – vejam, por exemplo, o caso da nova secretária de saúde que mantinha empresa que prestava serviço ao município até quase a véspera de assumir o cargo.

E vai aparecer mais coisa, com certeza. É acompanhar o caminhar da carruagem para comprovar o que escrevo. O assunto ganhou as ruas da cidade e é discutido amplamente por pessoas de todos os níveis. 

E nenhuma conversa tem sido favorável a Celso Pozzobom. Daí a afirmação de que ele está com a gestão comprometida. Ele repetir insistentemente, em todas as aparições públicas, que é o prefeito e que continua trabalhando não modifica nada sua situação, infelizmente. Período de turbulência política causa instabilidade administrativa e quem perde, mais uma vez, é o povo.

Os pontos a mais

Os próximos passos desse imbróglio todo servirão para mostrar a fidelidade da base mantida pelo prefeito no Legislativo. Ele sempre contou com uma maioria robusta para aprovar seus projetos. Como se trata de um julgamento político, vamos ver o comportamento dos vereadores.

…O presidente da Câmara, Fernando Galmassi, que está com essa batata quente nas mãos, é um dos integrantes da base do prefeito. Ele disse, contudo, que foi pego de surpresa pelos fatos apontados pelo Ministério Público, e preferiu não antecipar um julgamento pessoal sobre o caso.

…O prefeito Celso Pozzobom está claramente mal assessorado no trato dessa questão da operação Metástase. Nessa última live, o prefeito surge no vídeo visivelmente abatido, sem encarar a câmera de frente. Ele olha para baixo e sua fala não demonstra ânimo. 

Com essa postura, era melhor ter ficado calado. Aí nem Deus ajuda.  

Até a próxima.

  • VALDIR MIRANDA é colunista do OBemdito.
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