Política

Prefeito de Tapira, Claudio Lima, tem mandato cassado pela Justiça

Decisão em primeira instância também atinge o vice-prefeito e o presidente da Câmara

Prefeito de Tapira, Claudio Lima, tem mandato cassado pela Justiça
Redação
OBemdito
4 de abril de 2022 15h35

O prefeito de Tapira, Claudio Sidiney e Lima, teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral em decisão proferida na noite deste domingo (3) pelo juiz titular da 127a Zona Eleitoral de Cidade Gaúcha, Murilo Conehero Ghizzi.

A sentença ainda retira os direitos políticos de Claudio Lima por oito anos e também atinge o vice-prefeito Walter Donizete Egea, mais conhecido como Fí, e o vereador Claudemir Antonio de Abreu, o Claudemir do Rodeio, atual presidente da Câmara. Os três podem recorrer.

Eles são acusados de abuso de poder econômico, com a compra de votos no pleito de novembro de 2020. O prefeito, que na época disputava a reeleição, estaria distribuindo vales de cinco e 10 litros de combustíveis para eleitores.

Na sentença, construída de forma minuciosa, em 132 páginas, o juiz Murilo Ghizzi diz não haver dúvida de que os três réus abusaram do poder econômico, usando os vales em troca de votos.

Claudio Lima, popularmente conhecido como Claudio Graia, entra para a história de Tapira como o primeiro prefeito cassado por compra de votos. O juiz Murilo Ghizzi também aplicou ao político uma multa de 1.000 Ufirs, cerca de R$ 3.700.

Ação do Gaeco

A ação que pediu a cassação do mandato de Claudio Lima surgiu três dias antes das eleições, quando o Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado) acordou o político e cumpriu mandados de busca e apreensão em sua casa e no seu escritório político e de advocacia.

Foram encontrados cem vales-gasolina de 5 e 10 litros, dinheiro em espécie e inúmeros outros documentos. Na época, Claudio relatou que se tratava de vales para os candidatos da coligação encabeçada por ele, o que não é proibido.

O juiz citou trecho da denúncia, de que eleitores faziam fila no posto de combustíveis da cidade para abastecer.

Conforme a denúncia, feita pelo Ministério Público, sob a coordenação do promotor de Justiça Lucas Abaid, além do combustível, Claudio Lima adquiriu forro de PVC para “ajudar” um casal em troca de votos.

Claudio foi eleito com 2.200 votos (57,05%). O procurador da República aposentado, Luis Wanderley Gazoto ficou em segundo lugar, com 1.656 votos. A eleição teve 15,92% de abstenção, 1,22% de votos brancos e 2,74% de nulos.

2.600 litros de combustível

Relatório de auditoria do Nate (Núcleo de Apoio Técnico Especializado) da 18ª Unidade Regional do Ministério Público de Apucarana e Arapongas, informa que os 2,6 mil litros de gasolina supostamente distribuídos pelo prefeito seriam suficientes para percorrer 35.322 quilômetros, que para fins ilustrativos, é o equivalente a mais de 61 vezes a distância entre os municípios de Tapira e Curitiba.

Supondo que os 2,6 mil litros de gasolina fossem distribuídos entre dez pessoas, cada uma percorreria 3.532,23 quilômetros, ou seja, 3,5 mil quilômetros. É o equivalente atravessar o Paraguai, passar pelo Uruguai e ir até Buenos Aires, na Argentina, ida e volta.  Similarmente, é a distância entre Tapira e Brasília, ida e volta.

(Com informações do jornal Caderno Jurídico)

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