Umuarama
Centro de Eventos de Umuarama é vergonha cravada na testa do contribuinte
Obra, de inegável importância para a cidade, foi iniciada há quase 12 anos e contabiliza mais de R$ 11 milhões já investidos
Leonardo Revesso
OBemdito
3 de dezembro de 2021 20h09
Quase 12 anos após ter suas obras iniciadas em meio a uma regimental comemoração, o Centro de Eventos de Umuarama ainda não foi inaugurado e a cada dia que passa se torna uma vergonha cravada bem na testa do contribuinte. O valor investido até o momento? R$ 11 milhões. Quanto precisa para terminar? Fique comigo nos próximos parágrafos deste texto.
Com o passar dos anos, parte da estrutura adquirida para mobiliar e equipar os salões acabou se deteriorando. Sem falar na ação de ladrões que aproveitaram a brecha na segurança para levar fiações, equipamentos de refrigeração e aparelhos eletrônicos de alto valor. Uma festa.
O local é de uma importância inquestionável. Trata-se de uma área apropriada para o desenvolvimento do turismo de negócios, apto a abrigar grandes eventos, shows e exposições diversas, com potencial para atrair a atenção de outras regiões e Estados para Umuarama.
Mais R$ 2 milhões
O prefeito interino Hermes Pimentel visitou a estrutura nesta semana. Ele disse que pediu um levantamento de quanto ainda precisa ser investido para concluir as obras.
“Sei que não é pouco dinheiro. Fala-se em R$ 2 milhões, aproximadamente, mas não podemos esperar mais, nem perder a grande soma que já foi investida. Umuarama precisa desse espaço, que será de grande utilidade e deve trazer eventos e atrações de grande porte para nossa cidade”, disse.
Hermes Pimentel
O Centro de Eventos tem 6.125m² de área coberta, 8 mil m² de estacionamento e 1.500 m² de jardins. A obra foi iniciada pela Prefeitura em janeiro de 2010, ainda na primeira gestão de Moacir Silva.
A previsão inicial de investimento do Ministério do Turismo era de R$ 10,5 milhões, resultado de emendas parlamentares. A escolha do local, ao lado do Parque de Exposições Dario Pimenta da Nóbrega, levou em conta o acesso facilitado, espaço para carga e descarga de grandes estruturas e área para estacionamento de mais de 220 veículos.
Capacidade para 10.500 pessoas
Conforme projeto do arquiteto José Carlos Spagnuolo, que incluía até um heliponto, o local poderá receber até 10.500 pessoas em pé.
Concluída a primeira etapa, em março de 2012 foi licitada a fase seguinte, com mais R$ 1,1 milhão investidos em obras estruturais (drenagem pluvial, pavimentação, rede elétrica e de iluminação, rampa de acesso, pavimentos especiais e fechamentos).
Havia estimativa de que seriam necessários mais R$ 5 milhões para a conclusão e, em 2013, foi iniciada a construção do foyer, licitada em R$ 1.596.349,71, com grandes estruturas metálicas e paredes envidraçadas.
Na época, a previsão de conclusão foi esticada para 2014.No final daquele ano, técnicos do Ministério do Turismo realizaram vistoria na construção e foram informados sobre os atrasos nos repasses de recursos federais, que atrasavam os serviços. Já havia sido iniciada a construção do anfiteatro, com mais R$ 2,5 milhões aplicados em obras.
Fechamento do hall de entrada
A última etapa seria o fechamento do foyer (hall de entrada), com a colocação dos vidros, piso e forração, além dos equipamentos – como sistema de ar-condicionado e mobília, além dos equipamentos de áudio e vídeo para o anfiteatro.
Em 2015, foram adquiridos equipamentos de escritório, móveis, câmeras e sistema de monitoramento, iluminação e sonorização, fogões e demais equipamentos de cozinha e os investimentos atingiram R$ 9 milhões 941 mil, desde o início da obra.
A conclusão, como sabemos, não aconteceu naquela gestão, apesar dos esforços concentrados neste sentido. Em 2016 chegou-se a pensar na entrada, mas o atraso superou a intenção enquanto a obra já ultrapassava os R$ 10 milhões investidos.
Em 2018 obra entrou na etapa final
Em 2018, o hoje afastado prefeito Celso Pozzobom contratou uma empresa para execução da quarta etapa, que prevê as obras finais, pelo valor aproximado de R$ 1 milhão. No dia 30 de outubro daquele ano, chegou a ser estimado um prazo de 90 a 120 dias para a esperada conclusão.
O atraso no repasse, dificuldades com empreiteiras e readequações de projeto se somaram a mais um problema, o falecimento do dono da última empresa contratada, que causou novo atraso e, por fim, o rompimento do contrato, inclusive com a aplicação de pesada multa de mais de R$ 200 mil.
Essa etapa final previa finalização do foyer com piso, forro, climatização, iluminação especial e balcão para recepção, além de um depósito de materiais e equipamentos.
Rol de processos administrativos
Em 2020 o Centro de Eventos ganhou revestimento de todo o calçamento externo em pedra luminária, dentro da última etapa. A soma de dinheiro utilizado chegou aos R$ 11 milhões e foi necessária a atualização do sistema de prevenção de incêndios devido a mudanças recentes na legislação.
A obra está em um rol de processos administrativos abertos pelo município para apurar irregularidades na execução dos contratos de obras e também pode ser avaliada pelos Tribunais de Contas do Estado (TCE-PR) e da União (TCU), em ação que visa destravar obras que receberam recursos federais e encontram-se paralisadas ou com grande atraso.
(Com informações da Secom/Prefeitura de Umuarama)