Rudson de Souza Publisher do OBemdito

Especialistas alertam para influência da falta de sol no humor e no sono

No Paraná, a variação climática entre regiões é ampla

Umuarama registrou 76 dias de chuva entre 1º de janeiro e 3 de setembro de 2025 (Foto Rudson de Souza/OBemdito)
Especialistas alertam para influência da falta de sol no humor e no sono
Rudson de Souza - OBemdito
Publicado em 13 de setembro de 2025 às 17h08 - Modificado em 13 de setembro de 2025 às 17h08

A falta de exposição à luz solar pode afetar a produção de neurotransmissores relacionados ao humor e ao sono, levando a alterações emocionais em muitas pessoas.

O fenômeno está ligado ao Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um tipo de depressão mais frequente no outono e no inverno, sobretudo em regiões distantes da linha do Equador, onde os dias são mais curtos.

No Paraná, a variação climática entre regiões é ampla. Segundo dados do Simepar, entre 1º de janeiro e 3 de setembro de 2025, Curitiba registrou 97 dias de chuva.

Em cidades do interior, como Telêmaco Borba (100), Pinhão (105), Cascavel (89) e Pato Branco (92), os números são semelhantes. No litoral, Antonina teve 131 dias chuvosos no período.

Já no noroeste, o cenário foi mais seco: Paranavaí e Umuarama somam 76 dias de chuva, sendo apenas 11 no inverno. Em Maringá, foram 74 (13 no inverno); Apucarana, 76 (13 no inverno); e Londrina, 77 (9 no inverno).

Clima e sensação térmica

De acordo com o coordenador de operações do Simepar, Marco Jusevicius, o impacto do clima na rotina é desigual.

“No norte do Estado é muito raro ter quatro dias seguidos com o tempo fechado e chuvoso. Já no litoral e na região metropolitana isso não é tão difícil, e no sul é possível ter períodos ainda maiores, com frio mais intenso”, disse.

Ainda segundo o Simepar, Curitiba teve 55 dias com temperaturas abaixo de 10°C neste ano, enquanto Guarapuava registrou 60 e Palmas, 81. Em Maringá, foram apenas 15 dias na mesma condição.

Jusevicius lembra que a sensação de frio ou calor varia conforme vento e umidade, mas, para fins de climatologia, é a temperatura medida pelo termômetro que serve de referência.

“A meteorologia fala pelos números, não pela percepção, que pode ser enganosa”, explicou.

Efeitos na saúde

A psicóloga Izabela Neves Freitas, especialista em luto e depressão, afirma que regiões frias e chuvosas registram maior incidência de TAS, devido ao desequilíbrio nos ritmos circadianos e à queda na produção de neurotransmissores.

“Percebo no atendimento clínico que, no período chuvoso, há aumento na procura por consultas online, e muitas pessoas relatam queda na qualidade emocional”, relatou. Para ela, a diferença entre a chamada “tristeza de inverno” e a depressão sazonal está na intensidade dos sintomas.

Izabela alerta ainda para a relação entre sono irregular, baixa exposição ao sol e deficiência de vitamina D, que pode levar a desânimo e até quadros mais graves de depressão.

Recomendações

Para reduzir os efeitos do TAS, a psicóloga recomenda manter regularidade no sono, evitar longos períodos em ambientes fechados e buscar exposição diária à luz natural.

“Precisamos ensinar o hábito ao cérebro. Quem trabalha à noite deve receber a luz do dia pela manhã, mesmo sem dormir antes, e garantir um ambiente escuro e adequado quando for descansar”, afirmou.

Outras medidas incluem a prática de exercícios físicos, ingestão de água e atividades que tragam prazer e sociabilidade.

“É fundamental manter ao menos as ações de rotina e ter um plano B para lidar com frustrações, já que fatores como a cor do céu ou a temperatura fogem do nosso controle”, completou.

(OBemdito com informações da Agência Estadual de Notícias)

Participe do nosso grupo no WhatsApp e receba as notícias do OBemdito em primeira mão.