Prefeitura de Umuarama rebate críticas e anuncia investimentos no atendimento a autistas
Prefeitura nega cortes e fala em nova metodologia; mães criticam mudanças
A Prefeitura de Umuarama promoveu na manhã desta quarta-feira (10), no Anfiteatro Haruyo Setogutte, uma coletiva de imprensa para esclarecer questionamentos sobre o atendimento no Instituto de Atendimento ao Indivíduo com Transtornos do Espectro Autista (IAI-TEA).
Participaram do encontro a procuradora-geral Rosane Stédile Pombo Meyer, a psicóloga e coordenadora do IAI-TEA Dayse André, o secretário de Comunicação Municipal Social Raimundo Aparecido do Nascimento e familiares de pacientes.
A conversa com os jornalistas girou em torno da alteração de metodologias terapêuticas, da judicialização de atendimentos e, principalmente, de reclamações de mães sobre as mudanças.
Críticas das famílias
Uma das vozes presentes foi a de Daiara Caroline Galvão, mãe de uma criança com TEA. Segundo ela, as terapias alimentares e nutricionais, que antes eram semanais, passaram a ser mensais, com cardápios de difícil acesso para famílias em situação de vulnerabilidade social.
“Muitas mães trabalhadoras não têm condições de aplicar essa nutrição em suas mesas”, disse. Outras mães relataram preocupação com a diferenciação entre autistas de nível 1 e nível 3, algo que não está previsto em lei.

Resposta do município
A prefeitura já havia informado em nota, nesta terça-feira (9), que não houve cortes em terapias, mas sim mudanças metodológicas. A administração destacou que “nenhum paciente ficou desassistido” e que ajustes decorrem de renúncias familiares, duplicidade de tratamentos, protocolos técnicos ou decisões judiciais.
Sobre as terapias alimentares, a coordenadora Dayse André explicou que a frequência passou a ser mensal porque o intervalo de 30 dias é considerado adequado para a adaptação dos pacientes. “A família precisa se inserir na rotina de alimentação do filho. Não basta apenas a terapia semanal. O acompanhamento mensal permite ajustar cardápio e rotina após consultas médicas”, afirmou.
Ela também destacou o uso do Projeto Terapêutico Singular (PTS), que busca personalizar o atendimento a cada criança. “Todos são atendidos conforme sua individualidade”, disse, rebatendo críticas de discriminação entre níveis de autismo.
Judicialização e limite legal
Outro ponto polêmico foi a judicialização dos atendimentos. Algumas famílias afirmaram que a prefeitura teria acionado a Justiça para não realizar terapias. A procuradora-geral negou. “O município não entrou com processo para impedir atendimento. Apenas responde às ações. Quanto ao pagamento de clínicas particulares, isso precisa seguir licitações e regras de responsabilidade fiscal”, declarou.
Fila de espera e falta de profissionais
A coordenadora reconheceu a existência de uma fila de espera, hoje com 392 crianças, e disse que esse é “o motivo de nossa angústia”.
Segundo ela, mesmo após a contratação de 20 aplicadores terapêuticos, o atendimento não pôde ser imediato porque os profissionais precisaram passar por treinamento. Atualmente, o instituto atende 92 pacientes e deve ampliar para 130 em breve. O serviço foi inaugurado em setembro de 2023 com apenas oito pacientes.
Investimentos e custos
De acordo com a prefeitura, os investimentos no setor devem ultrapassar R$ 3,1 milhões em 2025, sendo R$ 2 milhões destinados a clínicas particulares e R$ 1,2 milhão ao instituto.
O prefeito Fernando Scanavaca reforçou, em nota, que a prefeitura cumpre determinações judiciais e corrige duplicidades de atendimentos. Segundo ele, houve casos de pacientes submetidos a até 20 horas de terapias em um único dia devido à sobreposição de serviços.
Críticas à desinformação
A administração municipal também atribuiu parte das reclamações a “fake news” e “comentários sem embasamento técnico”. “Reafirmamos o compromisso da administração com a qualidade do atendimento, o respeito às famílias e pacientes e o reconhecimento da dedicação de profissionais capacitados”, destacou o prefeito Fernando Scanavaca.





