Valdir Miranda: Umuarama segue sem nomes fortes para as eleições de 2022
Muito provavelmente nas eleições do ano que vem tenhamos entre nós um verdadeiro embate eleitoral promovido pelos tais cabos eleitorais dos paraquedistas
PRIMEIRO PONTO
A cada dia aumenta a sensação de que Umuarama se tornou um deserto de lideranças políticas e vai ficar de novo sem representação parlamentar em Brasília e, pelo andar da carruagem, corre o risco de ficar também sem nenhum vínculo na Assembleia Legislativa do Paraná.
O deputado Delegado Fernando, único parlamentar com domicílio eleitoral em Umuarama, não mantém um relacionamento, como posso dizer, muito amistoso com o prefeito Celso Pozzobom e vai ter contra si o trabalho de inúmeros grupos representando interesses de candidatos paraquedistas nas eleições do ano que vem.
Dirigentes ou representantes de diferentes setores da sociedade é que fazem tal constatação. E nós já alertamos aqui nesse espaço que os paraquedistas vão descer sobre nossos quase 78 mil eleitores com bolsos e malas recheadas de dinheiro na disputa dos votos.
Compromissos efetivos com a região? Nenhum, pois esses candidatos não têm nenhuma afinidade com nossos problemas, muito menos conhecem as potencialidades locais e regionais. Candidato paraquedista só vem atrás do voto, mais nada – e como ele acha que compra, não se compromete a dar nada em troca.
Muito provavelmente nas eleições de 2022 vejamos entre nós um verdadeiro embate eleitoral promovido pelos tais cabos eleitorais dos paraquedistas. Não teremos um debate de ideias, nem acaloradas discussões sobre as melhores propostas para atender as necessidades municipais.
Candidatos de fora são avessos a esse tipo de campanha e seus cabos eleitorais, sustentados por polpudas “ajuda de custo”, desconhecem esse tipo de campanha que é feita com seriedade e compromisso. A que ponto chegamos, do ponto de vista político eleitoral, num município com quase 80 mil eleitores e com clara influência sobre o eleitorado regional.
SEGUNDO PONTO
“Político é ladrão” é o que mais se ouve quando alguém observa que fulano ou ciclano é candidato. A ácida crítica é feita por quem normalmente nem conhece o dito candidato. Ocorre que se o cidadão está disposto a disputar uma eleição, seja no nível que for, ele passa a ser “suspeito” de mutretagem.
E isso tem desestimulado o surgimento de nomes que poderiam muito bem representar a população municipal e regional. Ao menos isso é o que se conclui de conversas de algumas lideranças classistas ouvidas pela coluna. Milton Gaiari, presidente da Sociedade Rural de Umuarama, diz que não vê, nos meios ruralistas, nomes com potencial para decolar eleitoralmente.
No entender de Gaiari está havendo, inclusive, um afastamento das pessoas dos debates políticos. “Não vejo ninguém, tá complicado”, resume o dirigente rural. A mesma avaliação faz o presidente da Associação Comercial e Industrial de Umuarama (Aciu), Orlando dos Santos.
No seu entendimento, a associação que é feita entre político e pilantragem “assusta as pessoas” e que “ninguém quer sujar seu nome”. Tomando essas duas opiniões como regra, não temos produtor rural, comerciante ou empresário da indústria interessados na política partidária ou em disputa eleitoral.
OS PONTOS A MAIS
1- A coluna promete continuar com sua garimpagem em busca de possíveis novas lideranças políticas. Em que pese o fato da crise sanitária atual, que limita (corretamente) a movimentação, vamos procurar profissionais liberais, lideranças femininas, trabalhadores, líderes classistas dirigentes sociais e, inclusive, entre os comandos dos partidos, para detectar nomes dispostos a discutir o assunto. Ou concluir, ao fim, que Umuarama se transformou em terra arrasada quando se trata do tema: ingressar na política.
2- Li, recentemente, num comentário do jornalista Josias de Souza, colunista político do UOL, e citando a fonte, transcrevo: “Quando a morte deixa de ser uma tragédia para virar uma estatística, o ser humano precisa de pouca coisa: só um do outro. Nessa hora, quem defende a aglomeração não desmerece a ciência. Desrespeita o sentimento cristão mais sublime: o amor ao próximo”.
3 – Faço questão de destacar o trabalho das equipes da saúde pública de Umuarama encarregadas de aplicação da vacina contra o Covid-19. Excelente organização, funcionários e colaboradores em número suficiente para atender a todos, muita agilidade e, acima de tudo, muita educação e gentileza por parte dessas pessoas. Como a saúde pública costuma ser saco de pancada de usuários, o reconhecimento ao trabalho desenvolvido não custa nada. Que continue assim. Parabéns.
Até a próxima.
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VALDIR MIRANDA é colunista político do OBemdito.