Advogado de 45 anos morre intoxicado em surto de metanol que já matou três
Outros dez casos seguem em investigação
O governo de São Paulo confirmou nesta segunda-feira (29) a terceira morte por intoxicação causada por bebidas alcoólicas adulteradas com metanol na Grande São Paulo. Um quarto óbito segue sob investigação, sem causa confirmada.
Desde junho, seis casos de intoxicação por metanol foram confirmados no estado, todos com suspeita de ligação ao consumo de bebida adulterada. Atualmente, dez ocorrências seguem em análise, das quais três resultaram em mortes: um homem de 58 anos em São Bernardo do Campo, um de 54 anos na capital e outro de 45 anos, com residência ainda em investigação.
O quarto caso, de um homem com histórico de alcoolismo crônico, permanece em apuração para determinar a origem da contaminação. Um caso adicional foi descartado.
Na sexta-feira (26), o Ministério da Justiça informou que a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos recebeu, via Sistema de Alerta Rápido, notificação de nove intoxicações por metanol em São Paulo em apenas 25 dias. Segundo o ministério, os números destoam do padrão histórico de notificações pela rapidez e concentração no período.
Vítima na capital
Entre as mortes confirmadas está o advogado Marcelo Lombardi, 45, dono de uma imobiliária familiar na região do Sacomã, zona sul de São Paulo. Ele morreu após parada cardiorrespiratória e falência de múltiplos órgãos. O atestado de óbito aponta intoxicação por metanol como causa.
O corpo de Lombardi foi velado na noite de segunda-feira (29) em São Caetano do Sul e será sepultado nesta terça (30), às 10h, em Santo André.
Nota do Senad/MJSP)
“Nesta sexta-feira (26), a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad/MJSP) recebeu, por meio do Sistema de Alerta Rápido (SAR), notificação que reporta nove casos de intoxicação por metanol, no estado de São Paulo, num período de 25 dias, todos a partir da ingestão de bebida alcóolica adulterada.
O número de casos registrado, inicialmente, pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), de Campinas (SP), e encaminhado ao Comitê Técnico do SAR é considerado fora do padrão para o curto período de tempo e também por desviar dos casos até hoje notificados de intoxicação por metanol.
O Ciatox recebeu, nos últimos dois anos, casos de intoxicação por metanol a partir de consumo de combustíveis por ingestão deliberada em contextos de abuso de substâncias, frequentemente associada à população de rua. Contudo, de acordo com a notificação de hoje, a ingestão se deu em cenas sociais de consumo alcóolico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky, vodka, entre outros. São registros inéditos no referido centro toxicológico. É possível haver outros casos não notificados, uma vez que nem todos os casos de intoxicação chegam aos órgãos de vigilância e controle.
A ingestão acidental ou intencional de metanol leva a intoxicações graves e potencialmente fatais. O cenário de adulteração é particularmente relevante do ponto de vista de saúde pública, pois episódios dessa natureza frequentemente resultam em surtos epidêmicos com múltiplos casos graves e elevada taxa de letalidade, afetando grupos populacionais vulneráveis e exigindo resposta rápida das autoridades sanitárias. Nesse sentido, requer alerta à população, considerando, inclusive, o início do fim de semana, quando há maior frequência a bares e consumo de bebidas alcóolicas.
SAR – O Sistema de Alerta Rápido sobre drogas do Brasil (SAR) é um subsistema do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas – Sisnad, gerenciado pela Secretaria da Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), vinculado ao Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid)”.





