Umuarama era completamente deserta no dia da fundação, pois todo o território havia sido desmatado para construir a nova cidade... Num cenário assim as ventanias e as tempestades eram verdadeiramente terríveis naquele inverno de 1955, quando a cidade foi fundada – Fotos: Acervo de Italo Fábio Casciola
Como já contei anteriormente aqui em OBEMDITO, foi Raimundo Durães quem participou da fundação e batizou Umuarama, hoje conhecida além-fronteiras como a Capital da Amizade! Afinal, foi ele um dos fundadores e, quando se trata de Umuarama, a afinidade de Raimundo Durães é ainda mais forte, mais fraterna e muito maior. Paterna, diria… pois foi ele quem batizou a cidade.
Felizmente, em minha vida jornalística, tive a honra de entrevistar o célebre pioneiro! Conversei com Raimundo Durães uma única vez. Foi na quinta-feira, 26 de junho de 1975, naquele clima festivo celebrando os 20 anos de fundação de “sua cria”. Ele veio especialmente para receber o Título de Cidadão Honorário e, é óbvio, foi o centro das atenções. Com direito a pompa e circunstância a que sua biografia faz jus.
Depois de muitos anos, o desbravador voltava aqui, bem mais idoso do que naqueles tempos em que ele percorria as trilhas nas matas virgens desta região como “picareta”. Conhecendo as terras e enfrentando onças e índios, verdadeiros donos do habitat ainda intocado pela mão humana…
Meu encontro com Raimundo Durães aconteceu durante a festa oferecida pela Prefeitura, um almoço repleto de personalidades de status da época. “Raimundinho”, como era saudado pelos altos executivos da colonizadora Companhia Melhoramentos que naquele dia vieram em caravana para saudar também a Hermann Moraes de Barros, então todo-poderoso presidente daquele grupo colonizador e velho amigo de Durães, que recebeu a mesma comenda na ocasião.
Naquela memorável entrevista exclusiva que ele me concedeu em 1975, Raimundo Durães me confidenciou incontáveis detalhes da fundação de Umuarama. Muitas dessas histórias que ele me contou já narrei para os leitores e leitoras de OBEMDITO. Mas vale repetir um trecho daquela nossa conversa, onde recorda como foi aquele inesquecível dia 26 de junho de 1955 – 70 anos atrás!
No momento em que perguntei a ele como foi aquele memorável dia, o fundador levantou os braços e se expressou de viva voz. E revelou o sofrimento em resistir àquele inverno congelante no 26 de junho de 1955. “Foi um dia frio de lascar com ameaça de geadas!!! E eu vim aqui para participar da instalação de Umuarama. Fui à solenidade no escritório da Companhia, na missa campal, na inauguração do aeroporto. E, claro, comemoramos juntos na festa que teve ao lado do aeroporto durante o dia inteiro!”.
Neste momento em que celebramos 70 anos da fundação da Capital da Amizade, estamos sendo envolvidos por uma onda como a que aconteceu naquele passado já distante…
Mas vale frisar que os invernos de antigamente eram muito mais violentos do que os atuais, com temperaturas abaixo de zero… Tanto é que naquela época o Paraná agonizou com a Geada Negra que destruiu milhões de cafeeiros e levou o Estado – incluindo Umuarama! – à falência. Não sobrou um pé de café e ‘quebrou’ a economia. Isso causou o terrível êxodo rural que levou milhares de trabalhadores a abandonar as fazendas e sair à procura da sobrevivência em outros estados brasileiros…
Pois é, e no dia da fundação de Umuarama o frio era congelante. Afinal, é importante frisar, não existiam os meios que existem hoje para se proteger desses ataques climáticos violentos que estão em voga nos últimos tempos.
Aqui era um imenso território completamente vazio, pois havia sido quase que completamente desmatado. Os fortes ventos e tempestades castigavam violentamente os precursores e pioneiros que haviam chegado para iniciar a construção da futura Capital da Amizade… “As ventanias assobiavam e as tempestades causavam verdadeiros estrondos assustando todo mundo…”, recordou Raimundinho.
E as poucas casas já construídas eram de madeira, que quase não protegiam em nada seus moradores. Não exibiam nenhuma resistência aos horrores do frio, causando terrível sofrimento aos habitantes que nelas estavam vivendo…
A salvação era manter nas cozinhas os fogões a lenha dia e noite acesos para aquecer permanentemente o interior das residências. E as bebidas favoritas que remediavam era o café e o chimarrão. Elas esquentavam o corpo e aliviavam a melancolia da mente que o inverno provocava ao viver naqueles espaços isolados das áreas ainda pouco habitadas.
Mas depois das festas do 26 de junho de 1955, graças à alegria das festas celebrando a fundação da nova cidade, Umuarama, a vida continuou. Todo mundo aprendeu a superar os obstáculos antigos e seguiu em frente normalmente… Quem viveu aquele passado jamais esquece as cicatrizes que ele deixou na alma daquela brava gente honesta e trabalhadora.
Em tempo: Outras histórias interessantes dessa aventura da fundação da Capital da Amizade estão em várias reportagens publicadas aqui em OBEMDITO! Procurem e leiam-nas. Vão se encantar e irão amar ainda mais esta terra maravilhosa batizada de Umuarama pelo inesquecível Raimundo Durães!!! (ITALO FÁBIO CASCIOLA, Especial para OBEMDITO)
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