Arquidiocese de SP impõe restrições à atuação pública do padre Júlio Lancelotti

O cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, determinou que o padre Júlio Lancelotti suspenda imediatamente a transmissão de missas ao vivo, interrompa suas atividades nas redes sociais e se afaste temporariamente da exposição pública.

A decisão foi comunicada diretamente ao religioso e pode incluir sua retirada da paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, onde atua há mais de 40 anos.

A medida gerou forte repercussão interna na Igreja, especialmente entre padres e agentes pastorais, com debates intensos em grupos de mensagens instantâneas.

Durante uma celebração transmitida ao vivo no domingo (14), Lancelotti informou aos fiéis que aquela seria uma das últimas missas exibidas publicamente. As transmissões vinham sendo realizadas pela Rede TVT (TV dos Trabalhadores) e por plataformas como o YouTube.

Segundo o padre, a orientação partiu diretamente do cardeal. “Dom Odilo me pediu para dar um tempo. Ele acha que é uma forma de recolhimento e de proteção”, afirmou. Questionado sobre sua reação, foi sucinto: “Tenho apenas que obedecer”.

Reconhecido nacionalmente por seu trabalho com a população em situação de rua na capital paulista, Lancelotti tem sido alvo recorrente de ataques de parlamentares e lideranças políticas de direita.

Na ofensiva mais recente, o deputado federal Junio Amaral (PL-MG) divulgou um vídeo afirmando ter levado à Embaixada do Vaticano um abaixo-assinado com mais de mil assinaturas pedindo o afastamento do padre de suas funções religiosas.

Além da suspensão das transmissões e do uso das redes sociais, passou a circular a informação de que Lancelotti poderia ser retirado da paróquia da Mooca. O religioso, no entanto, negou que a decisão esteja tomada. “Isso ainda não aconteceu”, disse, em resposta às especulações.

O padre explicou que, pelas normas da Igreja, sacerdotes que completam 75 anos podem ser afastados de suas funções para aposentadoria. Lancelotti completará 77 anos no próximo dia 27, mas ressaltou que há exceções.

“Há padres que permanecem em suas funções por muito mais tempo, alguns depois de completar 80, 90 anos. Depende da necessidade da Igreja”, afirmou.

Até o momento, a Arquidiocese de São Paulo não oficializou uma decisão sobre o eventual afastamento definitivo de Júlio Lancelotti da paróquia, mantendo indefinido o futuro do religioso dentro da estrutura arquidiocesana.

(Com informações da FolhaPress)

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