Áudios revelam medo de Alencar e confiança de Diego na cobrança de dívida em Icaraíma; ouça
Mensagens de áudio trocas entre Diego e Alencar para a cobrança da dívida de terras em Icaraíma ajudam a reconstruir as últimas horas antes da execução de quatro homens na área rural do município. As gravações foram divulgadas no início da tarde desta quarta-feira (10) pelo delegado-chefe da Polícia Civil em Umuarama, Gabriel Menezes.
Segundo o delegado, esses registros (alguns enviados minutos antes do crime) foram determinantes para esclarecer a dinâmica dos fatos e afastar hipóteses inicialmente levantadas, como sequestro ou cativeiro prolongado.
A investigação aponta que Alencar Gonçalves de Souza Giron contratou Diego Henrique Affonso para intermediar a cobrança de uma dívida com a família Buscariollo. Conversas recuperadas nos celulares de ambos mostram a insistência de Diego em tranquilizar Alencar, que temia enfrentar os supostos devedores.
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Em parte dos áudios, Diego garante que não haveria retaliação e tenta minimizar o risco. Alencar, no entanto, repete seu receio e cita rumores sobre envolvimento dos Buscariollo com atividades ilícitas na região.
Em outro trecho, Diego informa que sua remuneração seria de 50% do valor recuperado. A dívida, porém, é motivo de contradições: enquanto Alencar fala em R$ 129 mil, os Buscariollo apresentaram notas promissórias que somam R$ 255 mil. Há ainda a menção, feita a terceiros, de que o grupo teria viajado à região para cobrar R$ 1 milhão.
Apesar da tensão crescente, Diego continua insistindo que a situação seria “resolvida sem problemas”.
No dia 5 de agosto, já em Icaraíma, a narrativa ganha contornos mais dramáticos. Às 7h, Diego manda um áudio para a esposa relatando que, no dia anterior, um dos Buscariollo estava armado. “O cara estava até com o revólver no bolso”. Mesmo assim, diz que voltaria ao local para tentar “fazer dar certo alguma coisa”.
Pouco antes do meio-dia, entre 11h e 11h47, Diego envia novos áudios para a esposa. Agora, afirma que os devedores estariam se escondendo, mas mantém a decisão de seguir com a cobrança. Ele volta a mencionar o suposto envolvimento dos Buscariollo com atividades criminosas.
Minutos depois desse diálogo, as vítimas deixam o centro de Icaraíma rumo ao distrito de Vila Rica, às 12h04, último registro em câmeras de segurança. Cerca de meia hora depois, segundo a Polícia Civil, já estavam mortas, atingidas por disparos de pelo menos cinco armas diferentes assim que chegaram à propriedade rural relacionada à dívida.
Para a polícia, os áudios mostram que as vítimas seguiram voluntariamente até o local, descartando a hipótese de que tenham sido sequestradas ou mantidas em cativeiro. Além disso, laudos periciais confirmam que as mortes foram instantâneas, em uma emboscada que atingiu regiões vitais.
A autoria do crime ainda é apurada sob sigilo. A Polícia Civil afirma que divulgará novas informações apenas após a conclusão do inquérito. Os suspeitos Antonio e Paulo Ricardo Buscariollo, pai e filho, seguem foragidos.





