Paranaense que perdeu braço para tigre acumula vitórias na natação e mira recorde mundial
Mais de dez anos após o incidente em cascavel, paranaense fala sobre sua disciplina e objetivo para as Paralimpíadas de 2028
Mais de uma década depois de perder o braço para um tigre durante uma visita ao zoológico de Cascavel, o paranaense Vrajamany Rocha, hoje com 23 anos, transformou a tragédia em uma trajetória marcada por disciplina e resultados expressivos no esporte paralímpico. Após o incidente, o jovem passou a mirar o topo do pódio mundial.
As últimas imagens registradas antes do ataque mostram o então menino próximo ao recinto dos felinos, tocando o tigre repetidas vezes. Minutos depois, já fora do alcance das câmeras, o ataque ocorreu. O pai e outros visitantes tentaram ajudar, mas o membro precisou ser amputado. O acidente aconteceu em uma área proibida, acessada após o garoto pular uma grade.
Distante quase mil quilômetros do local do episódio, Vrajamany encontrou em Uberlândia (MG) um novo caminho. Com rotina rigorosa, ele acorda antes do amanhecer para treinar natação. Antes de sair de casa, trabalha a coordenação motora e prepara o próprio café da manhã, adaptando sozinho grande parte das tarefas do dia a dia.
A alimentação segue um padrão controlado, com proteínas, vegetais, frutas e hidratação constante. Às 7h, ele já está a caminho do clube onde treina como atleta profissional desde janeiro de 2022. A natação entrou em sua vida por recomendação médica, ainda aos 12 anos, pouco depois do acidente.
Os primeiros treinos foram difíceis devido ao cansaço, à fome e à necessidade de adaptação. A virada ocorreu quando ingressou no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, onde conviveu com atletas da Seleção e medalhistas paralímpicos, experiência que despertou sua paixão definitiva pelo esporte.
Hoje, Vrajamany soma 40 medalhas nacionais, sendo 10 de ouro, e treina para alcançar os índices que o permitirão disputar as Paralimpíadas de Los Angeles, em 2028. De acordo com sua equipe técnica, ele está cada vez mais próximo do tempo necessário para classificação.
A trajetória do paranaense também inspirou outros atletas. Entre eles está Thiago, que perdeu os dois braços após um choque elétrico aos 14 anos. Os dois se conheceram nas piscinas do clube em Uberlândia e desenvolveram uma amizade próxima. Thiago afirma que, ao lado de Vrajamany, esquece das próprias limitações, enquanto o nadador diz que já admirava o colega antes de conhecê-lo.
Em 2022, Vrajamany voltou ao zoológico de Cascavel e viu novamente o tigre envolvido no ataque. Segundo o atleta, não há ressentimentos. Ele conta que sempre quis proteger o animal, hoje já idoso, e afirma ter sido “muito bom ver ele bem forte ainda”.
Focado nos próximos passos, o nadador lembra que em 2024 ficou a apenas 0,6 segundo do índice para o principal torneio mundial e reforça que pequenos ajustes podem determinar seu avanço. “Pra mim, a natação me salvou da ignorância. Me ensinou o valor do foco e da dedicação”, disse.
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(Com informações RIC Mais)





