Cotidiano

Delegado detalha investigação e diz que ‘serial killer’ de Iporã confessou 4 homicídios

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) segue com a investigação para tentar montar o quebra-cabeça das mortes que assustaram Iporã nos últimos meses. OBemdito esteve na cidade nesta sexta-feira (14), conversou com o delegado Luã Mota e com a família de uma das vítimas. A princípio, o suspeito de um dos assassinatos se autointitulou como sendo um ‘serial killer’ e confessou ter praticado outros três homicídios.

Um jovem de 23 anos confessou quatro homicídios cometidos no município neste ano. Ele foi detido em 5 de novembro, durante as investigações da morte de Danilo Roger Bido Ferreira, de 31 anos, assassinado com 18 facadas em uma estrada rural em 31 de agosto.

Segundo o delegado de Iporã, Luã Mota, responsável pela investigação do caso, a confissão começou de forma inesperada. O investigado chegou à delegacia, e, logo depois, admitiu não só o assassinato de Danilo, mas também outros três crimes. “Ele se autoidentificou como serial killer e disse que mata por matar”, afirmou Mota ao OBemdito.

O policial descreve o comportamento do jovem como “frio, calculista e sem qualquer demonstração de arrependimento”. Parte da fala, contudo, pode estar associada ao histórico psiquiátrico do suspeito. Ele é acompanhado por médicos, faz uso contínuo de medicamentos e possui diagnóstico de esquizofrenia paranoide e traços de psicopatia. Não havia antecedentes criminais.

Como a investigação da polícia de Iporã chegou ao suspeito

A primeira conexão surgiu no próprio local do crime. Peritos encontraram impressões digitais no veículo de Danilo, abandonado a 100 metros do corpo. O delegado determinou a análise das mensagens no Instagram da vítima, que morava em Toledo, e descobriu que ela havia conversado, dias antes, com o jovem preso em novembro.

Nas conversas, os dois combinavam um encontro em Iporã no mesmo fim de semana em que Danilo foi morto. Com essa informação, a PCPR solicitou o confronto papiloscópico entre as digitais do carro e as do investigado. O resultado foi positivo. Houve ainda quebra de dados telemáticos, que indicou que os dois estavam no mesmo local e horário do crime.

Em relação ao Danilo, não há dúvidas. Os elementos já colhidos, somados à confissão, comprovam a autoria”, afirmou Mota.

A investigação da equipe policial de Iporã ainda apura se o jovem agiu sozinho ou se houve participação de terceiros. O telefone de Danilo não foi encontrado; segundo o suspeito, ele teria jogado o aparelho em uma área de mata.

A investigação relacionada a morte de Danilo Bido levou a Polícia Civil de Iporã até o suspeito – Foto: Reprodução/Redes sociais

Os outros três crimes confessados

Durante o interrogatório, o jovem afirmou ter cometido três outros homicídios, com modus operandi semelhante: ataques com faca, geralmente durante a noite e em pontos pouco movimentados. Ele também disse preferir agir quando as vítimas estavam dormindo.

As mortes citadas por ele são:

  1. José Antônio Rodrigues Gaia, 61 anos — 19 de março
    Morador de rua, encontrado com ferimentos de faca no Bosque da Cidade.
  2. Luiz Delfino, 54 anos — 17 de abril
    Morto dentro de casa. À época, o corpo estava em decomposição e o caso foi registrado como morte natural, já que não havia sinais externos evidentes de violência. Após a confissão, a Polícia Civil pediu exumação do corpo.
  3. Gilberto de Lucca, 45 anos — 4 de setembro
    Atacado em frente a um bar no centro de Iporã. Havia outra linha de investigação e um segundo suspeito chegou a ser preso temporariamente.

Sobre o assassinato de Luiz Delfino, também morador em iporã, Mota explica que a investigação do caso será totalmente reaberto. “Já representamos pela exumação. Precisamos verificar se há sinais de violência compatíveis com o que ele relatou”, disse o delegado.

A cidade de Iporã, com 16.102 habitantes, está envolta em um mistério relacionado aos quatro homicídios – Foto: Danilo Martins/OBemdito

Cautela com a confissão

Apesar da riqueza de detalhes, a Polícia Civil não trata automaticamente a fala do suspeito como prova. A defesa apresentou laudo médico confirmando o diagnóstico psiquiátrico de esquizofrenia paranoide, o que exige confrontar cada relato com evidências externas.

Temos que ter muito cuidado. A confissão só terá valor se vier acompanhada de outros elementos. No caso do Danilo, esses elementos existem. Nos demais, ainda precisamos levantar provas técnicas”, explica Mota.

O delegado também afirma que o jovem parecia buscar notoriedade:
Ele demonstra querer ganhar status com o que fez. Mas isso não significa que tudo que contou seja verdade.

Próximos passos da investigação da PCPR de iporã

A PCPR vai:

– Concluir o inquérito do caso Danilo e definir as qualificadoras aplicáveis;

– Investigar se o suspeito agiu sozinho;

– Verificar material genético em uma faca encontrada no quarto dele;

– Tentar localizar as armas usadas nos outros três crimes, supostamente jogadas em um bueiro;

– Analisar se há coerência entre as confissões e as provas;

– Avançar com a exumação do corpo de Luiz Delfino, após autorização judicial.

A polícia também reforça que a população pode colaborar. Pessoas que tiverem informações sobre movimentações suspeitas próximas aos locais dos crimes podem encaminhar anonimamente à Delegacia de Iporã.

A equipe da Delegacia de Polícia Civil de Iporã retoma a investigação de casos que ocorreram há alguns meses – Foto: Danilo Martins/OBemdito

Rudson de Souza

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