O empresário umuaramense Lauro Bianchin, alvo da polícia por denúncias de golpes, feitas por agricultores (Foto Reprodução/Redes Sociais)
Lauro Bianchin, 45 anos, viu sua vida mudar radicalmente em menos de uma década. Filho de família simples e sem grandes recursos financeiros, saiu do anonimato para se tornar um empresário conhecido em Umuarama e em outras regiões do Paraná.
Carros de luxo, roupas de grife e presença constante nas redes sociais se tornaram símbolos de seu novo estilo de vida. Para muitos, representava o exemplo do empreendedor ousado, capaz de transformar ambição em conquistas. Para outros, sua trajetória se converteu em sinônimo de frustrações e prejuízos milionários.
Nos primeiros anos de atividade, Bianchin concentrou esforços em um setor em ascensão: a energia solar. Fundou a YAW Energia Sustentável, que oferecia a produtores rurais a chance de investir em usinas fotovoltaicas. O modelo prometia retorno fixo mensal sem a necessidade de hipotecar terras, o que atraiu agricultores de diferentes perfis, muitos deles pequenos produtores em busca de renda extra.
Enquanto os negócios cresciam, Lauro Bianchin ampliava sua rede de contatos. Carismático, passou a circular em ambientes de prestígio. Em novembro de 2023, ingressou no Rav Sany Networking Prime Club, iniciativa do rabino e apresentador de TV Rav Sany que reúne empresários e personalidades brasileiras.
Entre os membros estavam nomes como José Carlos Semenzato, investidor do Shark Tank, o chef Erick Jacquin e a empresária Carol Paiffer. A condecoração no clube foi tratada como um marco na carreira de Lauro.
Ambicioso, e também decidiu apostar em outro setor: a alimentação saudável. Investiu em um pó adoçante natural feito de algas marinhas, apresentado como substituto ao açúcar. O produto, aprovado por órgãos regulatórios como a Anvisa e até pelo FDA, nos Estados Unidos, destaca-se por não conter glicose, frutose ou sacarose e foi recebido como uma aposta visionária.
Mas os sinais de turbulência logo surgiram. Clientes insatisfeitos, disputas judiciais e contratos não cumpridos começaram a manchar sua reputação. De repente, Bianchin desapareceu das redes sociais, até então vitrine de sua vida pessoal e profissional.
Pessoas próximas insistem que ele não iniciou a trajetória com intenção de prejudicar ninguém. “Há quem monte negócios já pensando em enganar. O histórico do Lauro não mostra isso. Ele acreditava estar fazendo o certo”, afirma um ex-colaborador.
O desfecho mais grave ocorreu nesta terça-feira, 9 de setembro, quando a Polícia Civil do Paraná deflagrou operação em sua residência e na sede da YAW, em Umuarama. Mandados de busca e apreensão resultaram na coleta de documentos, celulares e armas. Lauro Bianchin foi autuado em flagrante por posse irregular de munições, pagou fiança e foi liberado.
Os crimes investigados são de estelionato e lavagem de dinheiro.
As investigações revelam acusações de golpes que, até o momento, segundo a Polícia Civil, ultrapassam R$ 12 milhões. Produtores eram convencidos a assinar contratos de financiamento de alto valor, com a promessa de que as parcelas seriam pagas pela empresa e de que os lucros com a energia gerada garantiriam renda mensal.
Na prática, as usinas não eram instaladas, e os agricultores descobriam ter assumido dívidas bancárias vultosas.
O caso que desencadeou a investigação foi registrado em maio de 2025. Um agricultor de Maria Helena, de 62 anos, denunciou ter assinado contrato para a compra de duas usinas, acreditando que teria rendimento de R$ 8 mil mensais durante oito anos.
Dias depois, foi surpreendido com um financiamento de R$ 1,2 milhão em seu nome, junto à Caixa Econômica Federal de Paranavaí (todos os financiamentos denunciados foram feitos nesta unidade, o que soa estranho para a polícia). Sem usinas entregues nem parcelas quitadas pela empresa, acabou negativado e correndo risco de perder seu patrimônio.
Outros boletins de ocorrência, registrados em municípios como Paranavaí, Assis Chateaubriand, Marechal Cândido Rondon e Palotina, relatam prejuízos semelhantes. Informações da Polícia Federal indicam que cerca de 80 produtores rurais podem ter sido afetados.
Para quem acompanhou o início da carreira de Lauro Bianchin, o cenário atual não é difícil de compreender. Amigos lembram do entusiasmo do empresário, que falava em “democratizar a energia solar” e “gerar riqueza compartilhada”.
O que transformou promessas em processos é tema das investigações. Alguns apontam falhas de gestão e falta de controle financeiro. Outros, excesso de ousadia e compromissos maiores do que a empresa poderia cumprir.
Hoje, o empresário que sonhava em revolucionar a energia limpa e a alimentação saudável vê seu nome associado a investigações criminais. Sua história se tornou um caso emblemático de como ambição e visibilidade podem se transformar em um pesadelo.
OBemdito não conseguiu manter contato com Lauro Bianchin e com sua defesa. O espaço está aberto para a manifestação do empresário ou do seu advogado.
Nesta quinta-feira (11/9), OBemdito recebeu a seguinte nota da defesa do empresário Lauro Bianchin, publicada na íntegra:
“ABATTOCHIO e LAURO BIANCHIN vem a público para esclarecer e desmentir veementemente as informações divulgadas em matérias jornalísticas na data de ontem, as quais procuram atribuir-lhe envolvimento em supostos atos ilícitos.
O Sr. LAURO esclarece que as reportagens contêm inúmeras lacunas, inverdades e distorções a respeito dos fatos, sobre os quais sequer foi ouvido, impedida, assim, a elucidação do que realmente ocorrera. Crive-se apenas, e neste momento, que a situação em questão não passa de singela divergência de natureza estritamente comercial, que está sendo devidamente tratada nas esferas apropriadas. Não houve, em nenhum momento, a prática de qualquer ato ilícito ou crime, de qualquer natureza.
Reforçamos que o Sr. LAURO é inocente e, desde o primeiro instante, se colocou à disposição para colaborar com as autoridades competentes para que a verdade seja restabelecida, na medida em que nada, absolutamente nada, tem a omitir. Confia plenamente nos órgãos da Polícia e da Justiça, os quais certamente terão a sensibilidade técnica de, a seu tempo, reconhecer sua inocência e provar que as suspeitas são despidas de fundamentação.
Qualquer outra informação adicional sobre o caso será divulgada oportunamente por sua assessoria jurídica”.
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