Umuarama

(Vídeo) ‘Cheguei a brigar para ele não vir nessa cobrança’, diz esposa de desaparecido em Icaraíma

Meiriane Graci de Souza, 40 anos, é esposa de Rafael Juliano Marascalchi, um dos quatro homens que desapareceram durante a cobrança de uma dívida no município de Icaraíma. Na tarde deste domingo, Meiriane conversou com OBemdito e falou sobre o drama que está vivendo. Ela veio de São José do Rio Preto, no interior paulista, para acompanhar o trabalho da polícia.

A mulher disse ter sido contra a vinda de Rafael para o Paraná. “Ele praticamente já não estava mais trabalhando com cobrança de dívidas. A gente já não precisava mais disso. Temos uma situação financeira boa na nossa cidade, uma vida estabilizada. Eu não queria que ele viesse. Por causa disso, a gente nem estava se falando muito.”

Meiriane afirmou que o último contato com o marido foi na terça-feira (5), quando ele viajava para Icaraíma, no noroeste paranaense. “Mandei bom dia, ele respondeu bom dia. Foi nossa última conversa. Eu nunca imaginei que passaria por isso. Minha vida, a vida da nossa família, está toda virada do avesso.”

Helicóptero utilizado pela Polícia Militar nas buscas na região de Icaraíma

A esposa disse que Rafael só veio ao Paraná por insistência de Diego Henrique Afonso. Segundo ela, foi Diego quem fechou o negócio de cobrança com Alencar Gonçalves de Souza, morador de Icaraíma.

“O Diego ligou para o meu marido e para o Robislhley (Hirnani de Oliveira) dizendo que não poderia viajar sozinho. Eu conheço o Robislhley, ele é próximo da minha família, mas nunca vi o Diego, que mora em Olímpia, cidade vizinha à nossa, São José do Rio Preto.”

Denise, 35 anos, esposa de Robislhley, também está em Icaraíma acompanhando de perto o trabalho de buscas.

Meiriane disse ter ouvido do marido que a dívida a ser cobrada era de R$ 1 milhão. Segundo ela, Rafael tem experiência em cobranças, atuando há mais de 13 anos. “Já viajou para lugares mais distantes, como o Acre, mas ultimamente nem fazia mais cobrança. Já não precisávamos mais disso. Ele veio ao Paraná por insistência do Diego.”

A esposa de Rafael disse não conhecer Alencar, que teria firmado o contrato de cobrança com Diego. “Não mantive contato com a família do Alencar. Não sei onde eles moram em Icaraíma.”

A entrevista aconteceu em dois momentos: primeiro, pessoalmente, às margens do rio Ivaí, no distrito de Vila Rica, e depois por telefone.

Assista a entrevista de Meiriane Graci de Souza abaixo.

“Eu ainda tenho esperança. Enquanto não acharem nada, pode haver vida. Confio nas autoridades e estou bastante confiante no trabalho do delegado doutor Gabriel. Acredito que teremos uma resposta”, finalizou Meiriane, que junto com Rafael aguarda a chegada da segunda neta.

Suspeitos, pai e filho estão foragidos

A Polícia Civil identificou Antônio Buscariollo e Paulo Ricardo Costa Buscariollo, pai e filho, como suspeitos do desaparecimento de Alencar Gonçalves de Souza, morador de Icaraíma, e dos paulistas Robishley Hirnani de OliveiraRafael Juliano Marascalchi e Diego Henrique Afonso.

Os quatro desaparecidos
Os dois suspeitos, pai e filho

O grupo foi visto pela última vez na terça-feira (5) em uma panificadora de Icaraíma e, em seguida, seguiu para uma propriedade rural em Vila Rica do Ivaí para cobrar uma dívida de R$ 1 milhão, proveniente da venda de um imóvel rural.

As investigações indicam que os suspeitos fazem parte de uma família ligada a um pesqueiro e restaurante desativado desde 2018 no mesmo distrito. O local foi vistoriado, mas estava vazio. Segundo o delegado Gabriel Menezes, há fortes indícios de que as vítimas tenham caído em uma emboscada.

No dia seguinte ao desaparecimento, Antônio e Paulo foram localizados e admitiram que havia um negócio envolvendo a venda de uma propriedade, mas negaram serem os devedores diretos. Após a primeira abordagem, fugiram. A Justiça decretou a prisão temporária de ambos, que continuam foragidos.

As buscas mobilizam helicóptero do BPMOA, equipes da Polícia Militar Ambiental, Corpo de Bombeiros de Umuarama, Cianorte e Londrina, cães farejadores e a Força Nacional, concentrando-se nas áreas rurais de Icaraíma, Ivaté e Douradina.

Leonardo Revesso

Graduado em Direito pela Unipar, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e especializando em Neurociência do Consumo pela ESPM. Tutor da Olívia, da Ludi e da Mila. Está no jornalismo há 27 anos (iniciou aos 15). No OBemdito escreve sobre política e consumo.

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