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CPI da Covid: testemunhas confirmam situação caótica no auge da pandemia em Umuarama

A CPI da Covid passa, a partir desta quinta-feira (21), a contar com a realização de duas reuniões semanais, que […]

Foto: Danilo Martins/OBemdito
Foto: Danilo Martins/OBemdito
CPI da Covid: testemunhas confirmam situação caótica no auge da pandemia em Umuarama
Jaqueline Mocelin - OBemdito
Publicado em 21 de outubro de 2021 às 18h59 - Modificado em 22 de outubro de 2021 às 09h18
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A CPI da Covid passa, a partir desta quinta-feira (21), a contar com a realização de duas reuniões semanais, que de agora até o final dos trabalhos ocorrerão nas terças e quintas. Nesta manhã eram aguardadas três testemunhas: Bruna Fátima Pinheiro Pereira, ex-diretora do Pronto Atendimento Municipal, Francisco Arnaldo Fernandes, ex-presidente do Conselho Municipal de Saúde e o médico Roberto Camilo Tadeu Prado, que atuava no atendimento às vítimas da Covid desde o início da pandemia até maio deste ano.

A primeira testemunha, que seria ouvida às 9h, não compareceu a reunião por ter positivado para Covid-19. Desta forma, às 9h40, começou a segunda oitiva, quando falou o ex-presidente do Conselho Municipal de Saúde, Francisco Arnaldo Fernandes.

Os questionamentos foram feitos pelos vereadores Ana Novais (presidente da CPI), Ednei do Esporte (vice-presidente), Mateus Barreto (relator), Cris das Frutas e Sorrisal (membros).

Fernandes destacou o trabalho e atribuições do Conselho Municipal de Saúde, que entre suas deliberações, deve acompanhar os investimentos públicos na Saúde Municipal, inclusive aprovação de contas da Secretaria Municipal de Saúde/Fundo Municipal de Saúde.   

Quanto ao período da pandemia, ele destacou que o Conselho acompanhou de perto as prestações de contas, porém, por conta do Decreto Federal de Calamidade Pública, as visitas de membros dos conselhos municipais de saúde estavam suspensas em hospitais e demais entidades de prestação de serviços médicos em todo o país.

No entanto, a testemunha informou que no decorrer de 2020 até 2021 foi possível constatar alguns problemas quanto à prestação de serviços no enfrentamento à pandemia, em especial das instituições filantrópicas que possuem convênio com o Município na prestação de serviços médico/hospitalares.

Fernandes também enfatizou que teve dificuldade em obter determinadas informações solicitadas à Secretaria Municipal de Saúde. Aparte, salientou que diversos requerimentos foram remetidos ao Município solicitando melhorias no atendimento aos pacientes acometidos pela Covid-19, sendo alguns deles atendidos e outros não.

O ex-presidente do CMS informou ainda que por inconsistências nos relatórios, os membros do Conselho optaram por não aprovar as contas do Instituto Nossa Senhora Aparecida, referentes ao ano de 2020.

Ao ser questionado se entende que houve falhas no atendimento prestado pelo Município no enfrentamento a Covid 19, Francisco Arnaldo Fernandes destacou não ter dúvidas, assim como acredita no levantamento realizado pelo Gaeco e pelo Ministério Público em se tratando da Operação Metástase.

Segunda testemunha

Na sequência foi ouvido o Dr. Roberto Camilo Tadeu Prado. Ele esteve à frente no atendimento de pacientes acometidos pela Covid desde os primeiros dias em que a pandemia foi declarada no país.

Em seu relato, destacou que no primeiro momento da doença não houve muitos problemas na prestação dos serviços, porém, com a proliferação dos casos, a situação foi piorando gradativamente, até chegar ao caos registrado nos meses de maio e junho deste ano. De acordo com o médico, em momentos críticos, a quantidade de pacientes era tão grande que não havia espaço no Pronto Atendimento ou na Tenda da Covid. “Pacientes tinham que permanecer em cadeiras, pois não havia mais camas”.

Para ele, a deficiência estrutural foi mais intensa ainda por conta da falta de equipamentos, alguns deles básicos, como máscaras de fluxo contínuo, além da falta de balões de oxigênio, sendo alguns destes equipamentos acoplados de forma paliativa, com o uso de esparadrapos para evitar a perda de oxigênio. Frascos de soro acabaram por ser fixados em janelas das salas de atendimento pela falta de espaço para a prestação de serviços.

O médico informou que a falta de diversos tipos medicamentos foi outro problema muito sério enfrentado pelos profissionais da Saúde. Em determinadas situações, chegou a faltar, inclusive, Dipirona, medicamento primordial para o atendimento de pacientes que apresentam quadro febril.

Outro agravante foi a falta de respiradores, conforme o profissional. Pacientes acabavam por ser intubados no Pronto Atendimento e ali permaneciam por dias. Em determinada ocasião, Roberto Prado disse ter procurado o Ministério Público para que fosse viabilizada alguma forma dos enfermos serem transferidos para hospitais, uma vez que o Pronto Atendimento não é espaço destinado a internamentos.

Somente após a denúncia, foi providenciada a transferência dos doentes para hospitais da cidade e da região.

Os parlamentares perguntaram ao médico se, em sua percepção, houve falha no gerenciamento do atendimento aos pacientes acometidos pela Covid em Umuarama. Ele foi categórico ao afirmar que sim e que, caso houvesse melhor estrutura, certamente seria possível ter oferecido melhores condições aos profissionais de saúde na prestação de serviços e, principalmente, no atendimento aos doentes.

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Foto: Danilo Martins/OBemdito

(Assessoria Câmara)

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