Ítalo Fabio Casciola

Cine Umuarama: Falta de público decretou o fim do moderno cinema, um dos maiores do Paraná

Logo depois das festas de fim de ano de 1995 e das férias escolares no início de 96, placas enormes foram postadas na fachada do gigante Cine Umuarama anunciando a venda do prédio. A novidade não surpreendeu ninguém, pois há longo tempo a coletividade acompanhava a decadência daquela moderna sala de cinema – um reflexo da mesma situação que imperava nas grandes cidades do Paraná e do Brasil!

Os cinemas, que no passado viviam lotados todos os dias e nos fins de semana, ficaram vazios… Na época os analistas de cinema e de economia diziam que isso acontecia por conta da crise econômica, das mudanças de costumes com o surgimento de novas gerações e, principalmente, porque a televisão invadiu o Brasil inteiro.

Aqui no interior, a comunidade testemunhou que os canais de TV instalaram modernas torres de transmissão das imagens (um ponto alto da geografia da cidade ganhou o apelido de “Morro das Antenas”…) E, para piorar, surgiu a moda dos DVDs de filmes vendidos por grande número de lojas espalhadas pela cidade.

Mudou o hábito: agora era moda assistir cinema em casa! E isso dava satisfação às famílias, que não precisavam gastar com ingressos e perder tempo saindo de suas moradias para assistir filmes. E ainda mais: recebiam os parentes que lotavam as salas das residências para assistir seus filmes preferidos promovendo uma feliz convivência entre todos, tanto adultos como crianças.

Na fase áurea, as calçadas e até a avenida ficavam lotadas de gente esperando para assistir as sessões exibindo grandes filmes

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

Essas mudanças de comportamento provocaram a falência do segmento de cinemas no País inteiro. No Cine Umuarama a nova fase bateu forte: Ele vivia vazio! Pouco tempo antes de fechar, era frequentado por no máximo vinte pessoas durante os dias da semana… Nos domingos se formava uma filinha de umas 50 pessoas na bilheteria. O faturamento não cobria nem as despesas com energia elétrica.

Comparando com os momentos de glória basta lembrar que no passado as filas lotavam as calçadas de quase meio quarteirão em frente ao cinema! E quando abriam a portaria para a entrada do público, era uma tremenda correria. Em poucos minutos o interior do Cine Umuarama ficava completamente lotado!

Faziam parte da decoração da entrada do Cine Umuarama figuras de grande porte de personagens dos filmes de sucesso que seriam exibidos na telona

O CINE UMUARAMA SUMIU DO MAPA…

Como era esperado a venda do prédio gigante do Cine Umuarama aconteceu rápido. No final do primeiro semestre estava concluída colocando um fim na longa história daquele lugar onde a comunidade viveu grandes alegrias durante quase trinta anos.

O principal motivo é que ele estava situado numa área nobre da avenida mais cara do coração da cidade. Portanto empreendimentos comerciais sempre fizeram sucesso naquele lugar.

A empresa dona do cinema rapidamente retirou todos os equipamentos e desmontou as mais de 1.500 poltronas, o palco, a tela e demais dependências. Poucas semanas depois o grande espaço de quase 2 mil metros quadrados estava ocupado por lojas…

Confirmando de outra forma o grau de desinteresse que era dedicado ao cinema naquela época, basta frisar que depois que o Cine Umuarama sumiu do mapa ninguém reclamou da falta dele, afinal a cidade havia crescido e ganhado mil e uma opções de lazer…

Durante quase trinta anos o Cine Umuarama foi o ponto de encontro dos umuaramenses tantos nas sessões noturnas como nas matinês

O CINE GUARANI TAMBÉM TEVE UM TRISTE FIM…

O Cine Guarani, também situado na Avenida Paraná, iniciou suas atividades em 1958 – logo depois da fundação de Umuarama. Ele era a jóia rara dos pioneiros mais antigões e da primeira geração de Umuarama quando a cidade era carente de atrações para se divertir. Era uma verdadeira paixão dos fãs da sétima arte. As matinês, então, eram grandes festas com filmes maravilhosos encantando as famílias que levavam filhos e netos para curtir os grandes artistas famosos do cinema infantil.

Mas essa história vou contar na próxima edição, principalmente detalhando os motivos que provocaram a falência do velho cinema de madeira que foi parte da infância de muuuita gente que hoje está curtindo a Terceira Idade. (ITALO FÁBIO CASCIOLA, Especial para OBEMDITO)

Alguns equipamentos de projeção de filmes que foram retirados das salas situadas na laje superior no alto do prédio do cinema
Depois de vendida, a área térrea do prédio onde estavam as galerias com imagens dos filmes, bombonière e bilheterias foi ocupada por lojas
Ítalo Fábio Casciola

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