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Médica diz que houve repasses de dinheiro para ex-secretária e ex-diretora de Saúde

Na manhã desta terça-feira (31) aconteceu mais uma reunião da CPI da Covid na Câmara de Vereadores de Umuarama. Três […]

Foto: Danilo Martins/OBemdito
Foto: Danilo Martins/OBemdito
Médica diz que houve repasses de dinheiro para ex-secretária e ex-diretora de Saúde
Redação - OBemdito
Publicado em 31 de agosto de 2021 às 13h12 - Modificado em 31 de agosto de 2021 às 18h52
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Na manhã desta terça-feira (31) aconteceu mais uma reunião da CPI da Covid na Câmara de Vereadores de Umuarama. Três pessoas foram ouvidas pelos integrantes: o ex-diretor de assuntos institucionais da Prefeitura de Umuarama, José Cícero Laurentino da Silva, a médica Daniela de Azevedo Silva e o empresário Ediel de Moraes Pinheiro.

Em sua oitiva, Daniela confirmou que a empresa de sua propriedade fazia repasses mensais para a ex-secretária de Saúde, Cecília Cividini e a ex-diretora de Saúde Renata Campagnole – conforme já havia sido relatado pelo contador Guilherme Roberto Pereira na semana passada (relembre aqui).

A CPI da Covid é formada por cinco vereadores: Ana Novais (presidente), Ednei do Esporte (vice-presidente), Mateus Barreto (relator) e Cris das Frutas e Sorrisal são suplentes.

A primeira testemunha a ser ouvida nesta terça-feira foi o ex-diretor de assuntos institucionais da Prefeitura de Umuarama, José Cícero Laurentino da Silva. Cícero participou por videoconferência, tendo em vista que se encontra detido em Campo Mourão. Também por videoconferência participou seu advogado de defesa, Guilherme Gonçalves, que a todo momento aconselhou o cliente.

Cícero falou sobre o trabalho que desenvolveu junto a três gestões municipais (dos prefeitos Fernando Scanavaca, Luiz Renato Azevedo e Celso Pozzobom). Disse que trabalhou na área técnica de projetos nos três casos e afirmou que Pozzobom é um dos melhores prefeitos do Paraná.

Quando questionado pela vereadora Ana Novais, presidente da CPI, sobre intermediação de recursos, falou que seu trabalho não se dava neste âmbito e sim na elaboração de projetos, com encaminhamento de propostas para os ministérios. Que tais propostas são analisadas pelos técnicos dos ministérios e depois seguem para liberação de recursos para o município.

Cícero disse que não era responsável pela aplicação dos recursos (trabalho dos servidores da Prefeitura) nem da fiscalização (a cargo do Conselho Municipal de Saúde).

O ex-diretor não respondeu se já percebeu ou suspeitou de outros servidores estarem sendo favorecidos. No entanto, declarou que nunca recebeu vantagens, nem propina. “Nunca recebi vantagens, nunca recebi propina ou qualquer coisa parecida por fazer o que é da minha obrigação fazer. Minha função era clara, elaborar projetos para angariar dinheiro para transformar Umuarama”, afirmou.

Cícero fez questão de dizer que tem uma vida simples e modesta com a família. “Tenho casa que pago prestação por mês. Nunca na minha vida, com 26 anos de servidor público, nunca levei vantagem”, reforçou.

A vereadora Cris das Frutas leu um trecho da investigação do Gaeco, onde Cícero é citado como uma pessoa que teria autonomia para resolver questões em nome do prefeito Celso Pozzobom e seria “aquele que manda de fato em Umuarama”. O ex-diretor informou que trabalhava em um cargo de contato direto com o prefeito e conversava com vereadores, empresários e a comunidade para passar informações em geral ao prefeito.

SEGUNDA OITIVA

A médica Daniela de Azevedo Silva também foi ouvida na CPI, por videoconferência. Daniela está detida em Piraquara. Seu advogado estava presente no plenário da Câmara e ressaltou que a cliente seria ouvida na condição de informante da CPI.

Daniela informou que, como médica, trabalhava na tenda da Covid em 2020 e ocasionalmente neste ano (2021) fazia plantões no Pronto Atendimento por estar fazendo residência.

Ela disse que possui uma empresa em seu nome, a Clínica Médica Daniela de Azevedo Silva, e que realizou contrato com o município – através de convite de uma conhecida, que perguntou se ela tinha interesse em participar de licitação. Esta conhecida, conforme Daniela, é Lúcia Sampaio Dias – que seria funcionária da empresa da médica, junto com o contador Guilherme Roberto Pereira. Os dois não teriam contrato formal de emprego, apenas contrato verbal.

A todo momento Daniela disse não ter conhecimento de supostas ilegalidades. Afirmou que todos os pagamentos eram feitos por Guilherme e que ela desconhece o funcionamento desta parte técnica. A médica explicou que depois de ter vencido a licitação foi informada de que repassaria parte do seu lucro para Cecília Cividini e Renata Campagnole (entre R$ 3 e R$ 5 mil mensais). Daniela disse que nunca conversou com Cecília ou Renata para manipular a licitação.

Conforme os vereadores, os valores contratados entre a Prefeitura e a empresa de Daniela chegam a quase R$ 4,5 milhões, incluindo aditivos. Ela disse que abriu a empresa para receber plantões realizados e só posteriormente acabou entrando na licitação para prestar serviços.

A médica declarou também que iria fazer um pagamento para administração de um hospital, no valor aproximado de R$ 7 mil, mas não chegou a dar tempo, pois teve início a operação Metástase e todos os pagamentos foram paralisados.

Daniela afirmou ser “uma pessoa do bem, que trabalhei a vida toda”. Declarou que jamais faria algo se soubesse que chegaria onde chegou. E que foi pressionada para seguir com os pagamentos. “Fui informada que poderia não estar na próxima vez”, se referindo às licitações.

TERCEIRA OITIVA

A terceira pessoa a ser ouvida foi o empresário Ediel de Moraes Pinheiro, sócio-proprietário da empresa Cirúrgica Paraná, fornecedora e importadora de produtos médicos.

A empresa contratou com o município por dispensa de licitação no período da pandemia (que está sendo investigado). Ediel afirmou não ter conhecimento de como funcionava esta parte, pois quem tratava de licitações era o departamento próprio na empresa. Declarou que a empresa angariava licitações através de publicações e sites e que não houve superfaturamento na venda de produtos para a Prefeitura.

Os vereadores perguntaram algumas vezes sobre o relacionamento de Ediel com a ex-secretária Cecília. Ele informou que a conhece há mais de 10 anos, que eram do mesmo grupo religioso e familiar, porém, com a pandemia houve um distanciamento.

O empresário reforçou que desde 2008 contrata com município de Umuarama.

Próximas oitivas

Ao final da reunião desta terça-feira os integrantes deliberaram sobre as próximas oitivas. Devem ser convidados para depor no dia 8 de setembro o senhor Luiz Paulo de Carvalho Fávaro, contador do Hospital Norospar, e Emerson Correia, que seria apontado pela Operação Metástase como operador financeiro do esquema que está sendo investigado.

O espaço está aberto para eventuais manifestações de todas as pessoas citadas.

Confira o vídeo completo da reunião da CPI da Covid:

https://www.facebook.com/CamaraUmuarama/videos/830458094328994

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