Foto: Kamran Aydinov/Freepik

Paraná

Denúncias de violência contra a mulher lideram estatísticas policiais em Umuarama

Só de janeiro a junho deste ano já são 1.400 atendimentos, 792 procedimentos e 360 inquéritos instaurados

Foto: Kamran Aydinov/Freepik
Denúncias de violência contra a mulher lideram estatísticas policiais em Umuarama
Stephanie Gertler
OBemdito
29 de julho de 2023 15h25

A Delegacia da Mulher vem registrando um crescimento exponencial no número de ocorrências em Umuarama. Só de janeiro a junho deste ano já são 1.400 atendimentos, 792 procedimentos e 360 inquéritos instaurados. Além disso, 271 medidas protetivas solicitadas e emitidas pela justiça. O primeiro semestre do ano também ficou marcado por 2 feminicídios e 108 pessoas presas em flagrante por agressões contra mulheres.

Este foi o caso de Aline Ribeiro, de 22 anos, que foi agredida em setembro de 2022 pelo ex-companheiro, em Tapejara. “Eu fiquei irreconhecível, o meu rosto ficou todo desconfigurado. Foram momentos de terror que eu passei naquela noite. Eu preciso agradecer aos vizinhos que não se esquivaram e acionaram a polícia, só assim, ele parou de me espancar. Ele queria me matar. Eu nasci de novo, setembro é o mês do meu renascimento”, afirmou a jovem.

As marcas pelo rosto desapareceram semanas após as agressões, mas na memória elas estão vivas para sempre. Meses após o crime ele foi preso em Cianorte.

A delegada Fernanda Bertoco observou que as campanhas de conscientização em todo o país, têm encorajado mais mulheres a denunciarem a violência contra elas. Esse aumento no número de denúncias é resultado do maior conhecimento dos direitos das mulheres e da busca por ajuda junto às autoridades competentes.

Em todo o ano passado, a Delegacia da Mulher de Umuarama registrou dois feminicídios, 2.368 atendimentos, 792 procedimentos, 529 inquéritos, 436 medidas protetivas e 132 prisões em flagrante. Caso o segundo semestre de 2023 mantenha a tendência do primeiro, este ano poderá atingir um recorde histórico de crimes contra a mulher na cidade. Bebida alcoólica está frequentemente relacionada às ocorrências, principalmente nos casos de flagrantes, que costumam ocorrer nos finais de semana e nas madrugadas.

As agressões físicas que resultam em ferimentos, como vias de fato e lesões corporais, ainda são as principais ocorrências atendidas na Delegacia da Mulher. No entanto, os números de violência psicológica têm crescido de forma significativa.

A delegada Fernanda Bertoco (Foto: Danilo Martins/OBemdito)

Em Umuarama, além da Delegacia da Mulher, existe o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (Cram), que presta acolhimento e suporte psicológico, social, orientação e encaminhamentos jurídicos às vítimas de agressões, entre outros órgãos, que estão preparados para receber as mulheres e oferecerem todo o suporte.

A delegada também passou algumas orientações e lembrou que muitas pessoas acreditam que a violência é só agressão física, mas a violência psicológica, ofensas, humilhação, etc. também são crimes e a orientação é procurar a delegacia desde o início.

Bertoco também pede para qualquer pessoa que ouvir brigas, mulher sofrendo ameaças, sendo agredida, ligar para a Polícia Militar (PM) ou para a Guarda Municipal e fornecer as informações para que possam realizar os procedimentos necessários.

Para denúncias, o número 180 está disponível, e as informações chegam até a delegacia, que tomará as providências necessárias, incluindo o apoio às vítimas que temem buscar ajuda sozinhas.

A Delegacia da Mulher em Umuarama fica na Rua Japurá, 3358, Zona I. Contato pelo telefone (44) 3639-6557. O Cram está localizado na Rua Anhumai, 3334 – Jardim Tropical, com atendimento pelo telefone (44) 2020-6151 ou pelo WhatsApp (44) 98457-1135.

No Paraná

A Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa lançou, na segunda-feira (10), em uma audiência na Assembleia Legislativa, a campanha estadual Paraná Unido no Combate ao Feminicídio. Ela prevê mobilização nas ruas, caminhadas, fóruns de debates e uma campanha publicitária de conscientização contra qualquer forma de violência contra as mulheres.

No Paraná, segundo dados do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), em 2022 foram registrados 44.493 novos casos de violência doméstica, 274 casos de feminicídio ou tentativa de feminicídio e mais de 30 mil mulheres receberam medidas protetivas de urgência aplicadas. Um aumento de 30% em comparação a 2021.

Segundo dados do Governo Estadual, de 2019 a 2022, tivemos 314 casos de feminicídios e 911 homicídios dolosos contra mulheres foram registrados

Entre 2019 e abril de 2023, 136 municípios tiveram registros de feminicídio, uma média de 78 casos de feminicídio por ano, nesse mesmo período em 221 municípios foram identificados com registro de Homicídio Doloso contra mulher, 83% das vítimas têm entre 20 e 49 anos, das quais 61% eram brancas.

Participe do nosso grupo no WhatsApp e receba as notícias do OBemdito em primeira mão.