O vice-prefeito de Umuarama, Hermes Pimentel FOTO: DANILO MARTINS/OBEMDITO

Umuarama

Vice diz que Pozzobom falha ao não se defender e que mudaria 90% da equipe

HERMES PIMENTEL: “Ele (prefeito) deveria ter batido na mesa e dizer ‘meu povo, eu não tenho culpa, eu não participei disso’. Ainda há tempo”

O vice-prefeito de Umuarama, Hermes Pimentel FOTO: DANILO MARTINS/OBEMDITO
Vice diz que Pozzobom falha ao não se defender e que mudaria 90% da equipe
Leonardo Revesso
OBemdito
2 de junho de 2021 20h53

O vice-prefeito de Umuarama, Hermes Pimentel, disse que mudaria 90% da equipe de Celso Pozzobom na eventualidade de assumir a administração do município. 

Pimentel afirma que Pozzobom falhou na formação do governo e que deveria ter dado maior espaço para profissionais concursados, que já estavam dentro da Prefeitura e que, por isso, conhecem mais a fundo as necessidades do município.

“Mudaria 90% da equipe atual. E não é porque eu gosto ou deixo de gostar de alguém. Tem gente boa lá, mas é a equipe de confiança do prefeito e eu preferiria trabalhar com a minha equipe, escolhida com base no mérito e também na simplicidade de lidar com as pessoas, com mais proximidade. Muitas pessoas que estão ali dentro não pensam assim, não colocam os dois ouvidos para ouvir”.

Após várias tentativas, o vice aceitou dar entrevista a OBemdito e afirmou que tem evitado falar publicamente nos últimos dias, para não passar a ideia de que conspira contra o prefeito.

Hermes Pimentel disse acreditar na inocência de Pozzobom, mas que o prefeito falhou ao não fazer sua defesa de forma mais enfática, assim que a operação Metástase foi deflagrada, pelo Ministério Público, no último dia 5 de maio.

Os promotores de justiça investigam supostos desvios milionários do Fundo Municipal de Saúde. Sete pessoas foram presas, entre eles um membro do gabinete do prefeito e a então número 2 da Secretaria de Saúde. Ambos foram exonerados posteriormente.

De leiteiro a empresário

Hermes Pimentel tem 49 anos, é casado e tem uma única filha, de 22 anos. Mora no Parque Industrial, região da cidade que reforçou a ampla votação para a vaga na Câmara de Vereadores, de 2008-2012.  

Ele é dono de três supermercados, um no Industrial e dois no Sonho Meu, e da loteadora G5 Pimentel. As empresas geram cerca de 70 empregos diretos, conforme Pimentel.

Quando jovem, era leiteiro. O gosto pela política, conta, iniciou junto com sua atuação nos projetos sociais, voltados às famílias carentes. 

Era o nome certo para compor a chapa com Celso Pozzobom e disputar a Prefeitura, em 2016. Mesmo também tendo sido vereador, Pozzobom na época era visto como um nome da elite, por ser fazendeiro e empresário no ramo de madeiras. 

Até comporem a coligação, os dois não tinham um contato estreito, conforme o atual vice. 

A justiça vai dizer

“Do fundo do meu coração, eu não acredito que o Celso tenha se beneficiado desse esquema criminoso. Eu conheço o Celso Pozzbom há sete anos e estive por três anos com ele dentro da Prefeitura, e eu vi ele falar não para a corrupção. Eu acredito que ele seja inocente. Se a justiça provar o contrário, vai ser uma decepção para mim e para a população de Umuarama”.

Atuação no primeiro mandato

Hermes Pimentel relatou que teve participação ativa nos três primeiros anos do primeiro mandato e que levava várias demandas das lideranças comunitárias para o prefeito, sendo atendido na maioria das vezes. 

Durante a campanha para a reeleição, no final de 2020, já no curso da pandemia, Pimentel se tornou um personagem abilolado ao ter mensagens suas vazadas pelos adversários. 

O vice falava em um suposto esquema de propina para que vereadores aprovassem projetos do Executivo, o que está sendo investigado em segredo de justiça.

Dias depois, Pimentel veio a público e disse que tinha mentido, em uma discussão enérgica, mas a imagem da administração sofreu um desgaste e o vice deixou de frequentar a Prefeitura. 

Prefeito falha ao não se defender

Para Hermes Pimentel, o prefeito Celso Pozzobom perdeu a oportunidade de se defender logo que surgiram as denúncias do Ministério Público no âmbito da operação Metástase, mas que ainda há tempo para conversar com a população.

“Ele deveria ter chamado a imprensa e ter batido na mesa, dizer ‘meu povo, eu não tenho culpa, eu não participei disso. Tenho culpa, sim, por ter indicado essas pessoas que estavam do meu lado e cometeram os crimes. Ainda há tempo. O prefeito ainda pode esclarecer os fatos e se explicar, dar nome aos bois”.

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