Mais de 100 pacientes esperam por UTI e profissionais falam em tragédia anunciada

Três profissionais de saúde que ocupam cargos estratégicos na linha de frente da Covid-19 em Umuarama ouvidos pelo OBemdito demonstraram descrença no comportamento da população e temem mais tragédias nos próximos dias.

O maior problema, segundo os profissionais, não está no número de casos positivados para a doença e sim na premente necessidade de internamentos, que agora são mais longos e mais letais que na primeira onda da pandemia.   

A se continuar o “desleixo” pelas medidas de prevenção, maio pode fechar como um mês de morticínio ainda maior que abril e março na cidade e região.

Um médico (que preferiu não ter o nome publicado) disse ter presenciado situações de desrespeito com colegas e auxiliares, como se fossem os culpados pela falta de leitos especializados. 

A situação se complicou, de acordo com o médico, após a deflagração da Operação Metástase, que apura o desvio de recursos milionários do Fundo Municipal de Saúde em Umuarama. 

“Todo mundo foi colocado no mesmo bolo. Nós estamos fechados em enfermarias e UTIs tentando salvar vidas, e não o contrário. A operação não pode ser usada como motivo para chegarem no hospital e tentar conseguir leito no grito. Não é assim, gente. Vamos colocar a mão na consciência. A justiça certamente fará o seu papel e punirá os culpados”, desabafou.

Até o final da manhã desta quinta-feira (13) um total de 112 pacientes aguardava por um leito de UTI na macrorregião de Umuarama. Havia apenas 9 vagas disponíveis. 

Mais duas mortes foram comunicadas no boletim da Secretaria Municipal de Saúde nesta quinta-feira (13). Os óbitos são da quarta (12) e tratam-se de uma mulher de 55 anos e um homem de 61 anos. Ambos estavam internados na Uopeccan.

Também na quarta-feira houve a morte do eletricista Hailton Lira, 42 anos, que era mantido intubado no PA (Pronto Atendimento). O registro deve sair no boletim desta sexta-feira (14). 

Umuarama já contabiliza em 173 o total oficial de umuaramenses que perderam a vida para a Covid. A cidade tem hoje 741 pessoas positivadas em isolamento domiciliar e 58 hospitalizadas, 23 delas em unidades de terapia intensiva e 35 em enfermarias.

Com o registro de 63 novos casos nesta quinta-feira, subiu para 10.761 o total de moradores com diagnóstico positivo para coronavírus, dos quais 9.811 conseguiram se recuperar. 

Há ainda 756 pessoas com suspeita de infecção pelo vírus, aguardando resultados de exames ou o fim do isolamento. 

Conforme a última atualização da Central de Regulação de Leitos da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), todos os 38 leitos de UTI Covid disponibilizados em Umuarama estão ocupados, lotação também verificada nas cidades vizinhas com leitos de UTI.

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