(FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL)

Brasil

Pico de Ômicron pode ocorrer no início de fevereiro, com queda acentuada de casos em seguida

Pesquisadores trabalhavam com o comportamento do vírus em outros países

(FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL)
Pico de Ômicron pode ocorrer no início de fevereiro, com queda acentuada de casos em seguida
Redação
OBemdito
19 de janeiro de 2022 11h31

A variante ômicron tem se mostrado não uma nova onda da Covid, mas um verdadeiro tsunami, provocando uma explosão de casos. Da experiência desses lugares vem sendo possível prever o tempo de duração da crise: entre quatro e seis semanas de aumento vertiginoso no número de infecções até atingir o pico, seguido por, da mesma forma, queda acentuada.

Caso o Brasil siga esse padrão, estaríamos a duas ou três semanas do pico e, assim, entrando logo em queda.

A África do Sul, onde a variante foi identificada no final de novembro, é o primeiro exemplo. Após atingir o auge em 17 de dezembro, com 23 mil casos, atualmente tem número menor de casos do que nos primeiros dias daquele mês, com 4.636. 

O Reino Unido já consolidou a mesma curva, embora ainda mantenha um número bem alto de infecções já que a onda chegou depois. De maneira mais recente, Canadá, Austrália e cidades populosas dos Estados Unidos, como Nova York, também já observam o número de casos despencar.

Para o infectologista, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda, o padrão na curva dos outros países é claro: subida por cerca de cinco semanas e, depois, queda. No Brasil, isso deve se repetir. 

” Se considerarmos a semana entre Natal e Ano Novo como início da curva epidemiológica, teremos o pico no começo de fevereiro para depois começar a queda. Isso, claro, se a nossa curva epidêmica se comportar de forma semelhante.”

Taxa de transmissão quatro vezes maior

Segundo Croda, o platô observado em outras ondas não se repete porque a taxa de transmissão é quatro vezes maior do que o vírus original e não há medidas restritivas dessa vez. Depois, quando o vírus não encontra pessoas suscetíveis, ou porque estão muito bem protegidas pela vacinação ou porque já foram infectadas, ocorre a queda é acentuada. 

 “O problema no Brasil é o de sempre: não temos testes, e com o apagão de dados temos menos noção ainda do que está acontecendo. É difícil cravar com precisão acertada”, afirma a professora Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Outros fatores especificamente regionais podem interferir. Os médicos temem um repique no fim das férias e volta às aulas ou, ainda, provocado pelo Carnaval. Por isso, é importante que haja forte investimento na dose de reforço para toda a população e aceleração na vacinação das crianças.

Onda deve ser mais breve que as anteriores

Para o infectologista Filipe da Veiga, embora tudo indique que essa onda vai ser mais breve, não dá para relaxar. “Acho que alguns estados podem enfrentar colapso no sistema de saúde. As vacinas ditam como vão ser mortes e internações, mas é o comportamento humano que dita a transmissão.”

A OMS também evita comemorar antes da hora. O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou ontem que ainda há muito pela frente. 

“Esta pandemia está longe de terminar, e dado o incrível crescimento da Ômicron em todo o mundo, é provável que surjam novas variantes”, disse Adhanom em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça.

“Em alguns países, os casos de Covid parecem ter atingido o pico, dando esperança de que o pior desta última onda já passou, mas nenhum está fora de perigo ainda.”

O exemplo de outras nações traz além de esperança, informações úteis. Para Julio Croda, é fundamental usar o exemplo das curvas epidemiológicas para que o poder público brasileiro se organize. “A mensagem é que a gente tem que aprender com outros países e planejar melhor. Não é surpresa o que vai acontecer em poucas semanas, por isso precisamos investir em leitos de enfermaria e testes para a população.”

(Agência O Globo)

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