Ítalo Fabio Casciola

O ipê amarelo que coloria o belo cartão postal da Igreja Matriz já não existe mais!!!

Nos últimos dias os internautas umuaramenses têm comentado por todos os cantos das redes sociais um fato que comoveu eles: o corte e a retirada do ipê amarelo da Igreja Matriz. A falta da bela árvore entristece especialmente os que fazem parte da comunidade católica e aqueles que têm espírito ecológico e confessam a sua paixão pela Mãe Natureza.

O belo e portentoso ipê amarelo existiu durante décadas a poucos metros das escadarias de entrada da Paróquia São Francisco de Assis, no coração da Capital da Amizade. O motivo é que a linda árvore secou.

No ano passado um raio detonou sua força sobre ele e arrebentou-o decretando o seu fim. Durante algumas semanas consecutivas ele permaneceu no local, com seus galhos e tronco cobertos de marrom escuro. Isso foi consequência da violenta carga elétrica que o envolveu.

Seu lindo amarelo desapareceu por completo e gerou uma cena melancólica e triste para quem passava por ali. Principalmente os religiosos que frequentam aquela igreja do Padroeiro de Umuarama, São Francisco de Assis.

Os ventos que vem se abatendo ultimamente, provocados por essa loucura climática que nos envolve nos últimos tempos, trouxeram mais uma consequência. Os galhos mais finos foram desaparecendo, voando por todos os cantos daquela área. As cascas do tronco foram rachando e se soltando.

Visto de frente, o “Amarelinho” encantava o cenário e ganhou a fama de “instagramável” por ser o preferido dos apaixonados pela arte fotográfica que adoram fotografar os lugares mais bonitos da cidade – Foto: Paróquia São Francisco de Assis

O corte do ipê amarelo: uma triste decisão…

Todos esses detalhes provocaram a triste decisão: o ipê amarelo, infelizmente, tinha que se urgentemente cortado e retirado para evitar que causasse algum acidente vitimando os frequentadores do lugar. E assim aconteceu na semana passada. Trabalhadores contratados pela paróquia fizeram o trabalho no mesmo dia e, posteriormente, os “restos mortais” da árvore foram retirados de caminhão…

Restou que aquela área que antes era brilhantemente colorida virou um ponto vazio, melancólico e que entristece os olhares de quem passa pelo local. Esse vazio gera saudade naqueles milhares de pedestres que amavam a árvore e hoje sentem falta dela. Essas pessoas foram todas para a internet declamar sua tristeza. Uma infinidade deles conta que admiravam o ipê desde que eram adolescentes e iam às missas com suas famílias, afinal ele viveu ali uns quarenta anos…

O famoso ipê visto de outro ângulo, tendo ao fundo a gigante Igreja Matriz São Francisco de Assis, o maior templo religioso de Umuarama. A imagem comprova o brilhantismo do Bignoniaceae (nome científico dessa espécie de árvore na idiomática floral) e o motivo de tamanha admiração – Foto: Paróquia São Francisco de Assis

Plantado nos anos 80 ele virou “celebridade” naquele cartão portal…

Transcorriam os anos 1980. Naquele cenário espaçoso já existiam várias árvores verdes, que rodeavam a Igreja Matriz e outras tantas na antiga praça que existiu ali em frente (hoje biblioteca e teatro da Unipar). Repito: mas todas eram carregadas de folhas verdes!

Até que um dia alguém teve a feliz ideia de plantar o ipê amarelo. De um dia para outro ali estava enraizada uma muda, de uns 3 metros e ainda não muito forte. Os meses foram passando e, assim, ele foi se encorpando.

Quem cuidava da limpeza daquela área em frente ao templo católico dedicava o carinho e a atenção de irrigar constantemente a arvorezinha. E ela começou a crescer e seu tronco engrossar. O momento mais atraente foi quando começou a se cobrir de amarelo. E passou a ser atração do lugar, pois de longe já se avistava aquele personagem colorido que sobressaía na cena da ampla frente da Igreja Matriz.

Os admiradores do novo ipê amarelo surgiram…

As multidões que frequentavam as missas viraram suas admiradoras, especialmente as crianças e os jovens. Era divertido ver eles gritando: “Olha o Amarelinho!!!”. Isso mesmo – no final essa expressão virou o apelido do ipê amarelo. E virou hábito até dos demais umuaramenses que passavam pelo centro percorrendo as calçadas e a Avenida Maringá. Isso desde quando ainda não havia asfalto…

Os adolescentes que passavam por aquela via, vindos das escolas que existiam por ali naquela área do centro de Umuarama, também a admiravam.

Cena de grande impacto melancólico ocorrida há poucos dias e que vem repercutindo fortemente nas redes sociais: o ipê amarelo, que durante quarenta anos iluminou o centro de Umuarama com sua beleza, foi derrubado após ser vítima de um violento raio que caiu sobre ele no ano passado e colocou fim à sua longa existência… Ainda bem que plantarão outro ipê da mesma cor no mesmo local, para manter viva a memória do “Amarelinho” – Foto: João Paulo Topan Junqueira

Vejam só: virou um antigo “instagramável”…

Naquele passado recente já existiam os apaixonados por fotografia, que adoravam registrar os cenários mais encantadores da Capital da Amizade. E existiam também os filmes coloridos e eles davam a oportunidade de que os admiradores fizessem fotos para depois serem impressas em papel colorido.

Nesse tempo ninguém sonhava com o termo “instagramável” mas ele foi para muita gente, que até hoje guarda fotografias clicadas naquele tempo tendo o “Amarelinho” como personagem.

Virou hábito tirar fotos abraçando a árvore e até famílias que se reuniam e rodeavam-na para guardar uma recordação do “Amarelinho”. Hoje essas imagens são preciosidades, pois só os antigos dos anos 1980 e anos seguintes as possuem… Alguns, como relataram na internet, mandaram fazer quadros e eles estão nas salas de suas residências.

Imagem antiga da Igreja Matriz, quando ainda não existia o ipê amarelo nas proximidades: Foto: Acervo de Italo Fábio Casciola

O adeus ao admirado personagem!

Diante da repercussão das lamentações da população a respeito do desaparecimento do “Amarelinho”, a Paróquia São Francisco de Assis publicou em seu portal na internet uma mensagem. Marcela Baggio Violada assina o texto que trouxe algum consolo aos fãs do “Amarelinho” que manifestaram seu desgosto com o seu fim:

“Por muitos anos, quem chegava à Igreja Matriz São Francisco de Assis se sentia recebido pela beleza do nosso ipê amarelo, que se tornou cartão-postal, memória e afeto para toda a comunidade. Sob sua sombra, caminhamos apressados para a missa, fizemos fotos, vimos flores amarelas como pequenos raios de sol caindo sobre o pátio.

Cada árvore, assim como nós, vive seu tempo. Há cerca de um ano e meio, após cair fagulhas de um raio, nosso ipê começou a secar e, apesar do cuidado e acompanhamento, sua vida chegou ao fim. Hoje, há risco de queda dos galhos e, por zelo com todos que utilizam o estacionamento, recebemos autorização do IAT para realizar o corte.

Não o retiraremos da nossa história, pois ele permanece em nossas lembranças. Bem como, permanece em tantas manhãs douradas que já iluminou. Contudo, seu ciclo se completou junto a nós, com beleza e generosidade.

Entretanto, como a vida continua a florescer, outro ipê será replantado em seu lugar. A semente da esperança segue viva: novas flores virão, novas sombras acolherão nosso povo. E, por fim, a igreja continuará sendo espaço de vida, fé e renovação.

Que o replantio seja sinal de que Deus sempre nos dá recomeços. O ipê que chega é promessa de futuro e florirá tão bonito quanto aquele que marcou nossa caminhada até aqui”.

Esta é mais uma crônica que retrata a história da vida na adorável Capital da Amizade! (ITALO FÁBIO CASCIOLA, Especial para OBEMDITO)

Ítalo Fábio Casciola

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