A pedagoga Selma Gueris, que preside o Grupo União pela Vida: experiência de vida e conhecimentos compartilhados - Fotos: Graça Milanez/OBemdito
Fundado com o propósito de oferecer suporte a pessoas que vivem com o HIV, o Grupo União pela Vida, de Umuarama, conclui um ano inteiro de celebrações pelo jubileu de prata. Isso marca com entusiasmo os bem-sucedidos 25 anos de serviços prestados à comunidade.
Ao longo deste 2025, a entidade promoveu uma série de eventos de integração e conscientização. Assim, reforçou seu compromisso com a defesa dos direitos humanos e o apoio a mulheres em situação de desproteção social.
Entre outros temas, a programação focou enfrentamento da violência doméstica e sexual, combate ao feminicídio, promoção da saúde das mulheres e fortalecimento das políticas de cuidado, além da defesa da igualdade racial e de gênero.
“As ações ampliaram o diálogo com a sociedade e reafirmaram o papel da entidade como referência em acolhimento e orientação”, avalia a presidente Selma Gueris. “Atingimos todos os nossos objetivos”, confirma.
Selma, que mora em Cruzeiro do Oeste, é pedagoga e vive com HIV desde 2008. Ela segue no cargo empenhada, inclusive, em compartilhar suas experiências de militância nessa área. Ela é autora de dois livros: ‘Vida: um cacto com espinhos e flores’, biográfico, e ‘HIV: histórias de invasões vividas’, que reúne relatos de superação.
Desde que foi fundada por voluntários, em setembro de 2000, a ong União pela Vida desenvolve ações pontuais para esse grupo de pessoas que vivem ou convivem com o HIV [cerca de 100 mulheres].
Com o passar dos anos, foi ampliando o leque e passou a defender outras bandeiras, pois isso se tornou necessário diante das múltiplas dificuldades enfrentadas pelas assistidas.
“Muitas chegam até nós convivendo não apenas com o HIV, mas também com o preconceito, a solidão, a violência e a falta de informação”, lamenta a diretora.
Segundo ela, todas precisam de apoio para se cuidarem, se fortalecerem e não se sentirem sozinhas. “O Grupo União pela Vida existe para acolher, orientar e caminhar junto, porque nenhuma delas merece enfrentar tudo isso sozinha”.
Para manter as atividades, o Grupo União pela Vida conta com verba mensal da Prefeitura de Umuarama e do Governo do Estado. Somados, os valores ficam em torno de R$ 7,5 mil, mas não cobrem todas as despesas.
Por isso, os integrantes promovem campanhas permanentes para complementar o orçamento, além de manterem um bazar fixo de roupas usadas, cuja renda banca alguns pequenos serviços da entidade, que está instalada em uma casa alugada.
“O aluguel pesa muito no orçamento”, queixa-se a presidente. “Estamos engajadas para conquistar nosso espaço próprio e assim poderemos desenvolver um trabalho ainda melhor”, avisa.
A folha de pagamento também é cara para a ong; são cinco profissionais [com contratos]: coordenador, psicólogo, assistente social, professor de educação física, assistente administrativo e cuidadora da limpeza.
A casa onde está instalado o Grupo União pela Vida não é grande [tem pouco mais de 100m2], mas é acolhedora. A cozinha virou cenário de oficinas e estava bem agitada em nossa visita à entidade para esta reportagem, quando várias mulheres aprendiam a fazer bolo de milho. O entusiasmo era notável.
Outros espaços foram adaptados para reuniões, rodas de conversa e momentos de convivência. Bem como, de higiene pessoal [banho] e oferta de alimentação, com almoço e lanche para as atendidas. “O espaço simboliza acolhimento, escuta e fortalecimento de vínculos”, define a coordenadora Bruna Marcelly.
Ela lembra que este ano a ong também comemorou o selo de ‘Ponto de Cultura’, do Programa ‘Cultura Viva’, implementado pelo Ministério da Cultura. “Para nós isso significa a valorização, o reconhecimento da boa qualidade dos serviços que prestamos”.
Integrante do União pela Vida há 17 anos [dos quais, nove na presidência], Bruna destaca o impacto do voluntariado em sua própria vida. E também no sentido que o trabalho coletivo tem para a entidade. “Ser voluntária aqui me faz bem e me transforma como pessoa. Sou muito feliz com o trabalho que realizo e com as responsabilidades que assumi ao longo desses anos”.
Ela é, pode-se dizer, a porta-voz do Grupo União pela Vida. “Nossa ong tem por meta, acima de tudo, defender o cuidado, o respeito e o compromisso com quem muito precisa, já que a maioria atendida é mulher negra, vítima de violência e de preconceito”.
Mesmo diante dos desafios e do esforço constante exigido da diretoria e dos voluntários, o sentimento que marca os 25 anos do Grupo União pela Vida é o de realização. “Para quem constrói diariamente essa história, cada sacrifício vale a pena quando se percebe o impacto positivo gerado na vida de tantas pessoas acolhidas por nós”, comemora Bruna.
Um dos primeiros eventos que entraram na programação do Jubileu de Prata foi o projeto ‘Educação popular itinerante em saúde pública preventiva’, financiado pelo MS (Ministério da Saúde), OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) e OMS (Organização Mundial da Saúde).
Em curso, o projeto foca educação preventiva para tuberculose e coinfecção TB-HIV, diagnóstico precoce e promoção de adesão ao tratamento. Ações já foram executadas na cadeia pública de Ponta Grossa, no antigo terminal rodoviário de Umuarama e no Centro Pop de Umuarama.
O Grupo também participou ativamente dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher. A campanha global ocorre de 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) a 10 de dezembro (Dia dos Direitos Humanos) no Brasil.
Oficinas também entraram na pauta; a de argila, como forma terapêutica de expressão, e que teve por tema ‘Saúde mental e transform(ação): produzindo vida através da arte’, celebrou o Setembro Amarelo, mês de conscientização e prevenção ao suicídio.
Uma outra oficina – de bonecas negras Abayomi, feitas de pano, sem costura – também foi bastante valorizada. O objetivo foi promover a valorização da cultura afro-brasileira, que tem as Abayomi como símbolo de resistência, identidade e autoestima.
Seguindo nessa ‘boa vibe’, o Grupo União pela Vida promoveu uma vivência sobre estética negra no Outubro das Pretas, quando as participantes tiveram oportunidade de aprender técnicas de trançar os cabelos e debater o poder das tranças como ferramenta de combate ao racismo.
E aconteceu ainda o ‘Sankofa’, um jantar festivo que reuniu a equipe da ong, os fundadores e colaboradores. Como o nome diz, o evento teve um significado importante: ‘voltar para buscar o que ficou para trás, celebrar o presente e honrar o futuro’.
Clique aqui e siga o Instagram do Grupo União pela Vida ou faça contato com os responsáveis pela ONG.
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