Stephanie Gertler Publisher do OBemdito

Confraternização em Umuarama reúne 55 ex-funcionários das antigas Lojas HM

A rede marcou a vida de muitos jovens que tiveram ali o primeiro emprego e também o início de relacionamentos que se transformaram em histórias de vida

Fotos: Arquivo Pessoal
Confraternização em Umuarama reúne 55 ex-funcionários das antigas Lojas HM
Stephanie Gertler - OBemdito
Publicado em 25 de novembro de 2025 às 15h39 - Modificado em 25 de novembro de 2025 às 16h07

Neste sábado (22), 55 ex-funcionários das antigas Lojas HM se reuniram para celebrar a trajetória compartilhada ao longo dos anos. A ideia começou em março, quando Cláudio Ferreira, ex-colaborador, criou um grupo de WhatsApp com o objetivo de reencontrar antigos colegas. Aos poucos, cada participante foi convidando outros nomes, até que o desejo de um encontro presencial ganhou força.

Entre os presentes estava o senhor Alankardek Luiz dos Santos, que atuou como gerente-geral em Umuarama e hoje vive em Maringá. Os ex-funcionários, espalhados atualmente por diversas cidades e Estados, também se conectam com colegas que moram em outros países, como Japão e Canadá.

A história da Hermes Macedo

Fundada em Curitiba na década de 1930 pelo Dr. Hermes Farias de Macedo, a Hermes Macedo, conhecida como Lojas HM, se notabilizou pelo lema “Do Rio Grande ao Grande Rio”. Entre as décadas de 1970 e 1980, alcançou 263 lojas em todo o país, oferecendo desde roupas e eletrodomésticos, até itens de náutica e brinquedos. As vitrines de Natal eram famosas por atrair visitantes e se tornarem ponto turístico em várias cidades.

A empresa, porém, enfrentou dificuldades em 1997, quando mudanças na economia abalaram o império varejista.

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A presença da HM em Umuarama

Em Umuarama, a HM chegou a ter duas lojas e um Auto Center, somando mais de 100 funcionários. No município foram inauguradas as filiais nº 163 e 164 em 1977. A Loja 1 funcionava como loja de departamentos, com grande diversidade de produtos. A Loja 2 focava em pneus e náutica, oferecendo embarcações e equipamentos aquáticos.

A rede marcou a vida de muitos jovens que tiveram ali o primeiro emprego e também o início de relacionamentos que se transformaram em histórias de vida.

Histórias que nasceram nos corredores da empresa

Foi nesse ambiente que Rosana Vasconcelos Vito, 54 anos, pedagoga e hoje professora universitária, conheceu o marido, Osni Vito, 59, servidor público estadual e auditor fiscal do Paraná. O encontro ocorreu no fim de outubro de 1986, quando Rosana participou de um teste para contratação.

“Conheci o Osni no final de outubro de 1986, quando ele aplicou a prova/teste para aprovação e contratação da empresa. Ele trabalhava no setor de RH junto com o sr. Assis”, contou Rosana.

Osni também recorda a ocasião: “Eu exercia as funções de auxiliar do departamento de pessoal e fiz a ficha de ingresso da Rosana, inclusive aplicando o teste de ingresso. Logo após aprovação da gerência, ela foi designada para a função de atendente de crédito”.

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De acordo com ele, os setores eram próximos, o que facilitava o contato diário. Rosana entrou como funcionária temporária para o movimento intenso de dezembro, mas acabou sendo efetivada no setor de crédito e cobrança. O relacionamento entre os dois começou discretamente em meados de 1987, já que a empresa não permitia namoro entre funcionários.

“Depois entre conversas e olhares, por fim acompanhava ela até a casa no final do expediente”, disse Osni.

Assumindo o namoro

A relação, inicialmente discreta, acabou sendo assumida meses depois. “Começamos a namorar escondido, pois não era ‘permitido’ namoro entre funcionários, mas na mesma época formaram-se mais 4 casais na empresa. Namoramos ‘escondido’ por alguns meses e no final do mesmo ano, durante uma viagem para Pato Branco, onde houve um ‘encontro de hermacianos’, evidenciamos o relacionamento assim como os outros casais”, relatou Rosana.

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Rosana e Osni em Pato Branco, onde houve o encontro de hermacianos.

O ambiente de trabalho ia além da rotina das lojas: havia eventos recreativos e encontros anuais que integravam equipes de várias filiais. Rosana e Osni guardam os momentos com nostalgia e leveza.

Vida após a HM

O casal se casou em julho de 1990. No ano seguinte, Rosana pediu demissão para se dedicar à primeira filha, Larissa, enquanto Osni permaneceu na empresa até o fechamento das unidades de Umuarama.

Atualmente, o casal soma 35 anos de casamento, três filhos — Larissa, Luigi e Lucas — uma neta, Cecília, nora Julia e genro Filipe.

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Memórias vivas mesmo após décadas

O reencontro, conforme Rosana, foi um retorno ao passado. “Ao encontrar meus colegas de trabalho, relembramos muitas histórias e momentos vividos juntos no ambiente profissional. As recordações nos fizeram rir ao compararmos nossa (i)maturidade com a experiência que adquirimos ao longo dos anos”, afirmou.

Mesmo após tanto tempo, ela conta que reconhecer os amigos foi surpreendentemente fácil. “O mais incrível foi que, mesmo com a cuidadosa organização da Sônia Martinez, que disponibilizou crachás identificando cada ex-funcionário pelo nome e função, não foi difícil reconhecer a todos. Os traços mudaram pouco; a linha do tempo não apagou a essência e o semblante que muitas vezes reconhecíamos a cada situação de alegria ou frustração vivida no trabalho”, recordou.

Para Osni foi um momento raro de muita alegria, rever colegas e amigos após 31 anos. “Foi extremamente emocionante e feliz. Digo que foi um momento de pura nostalgia e felicidade. Também foi um momento de reconhecimento para com nossos eternos gerentes Sr. Alankardek Luiz dos Santos, Hélio Komikawa e Roberto Meda, exímios profissionais, humanos e amigos, pela oportunidade que me deram para aprender os serviços dos diversos setores do escritório e poder crescer profissionalmente na organização, que mais tarde me proporcionou entrar para auditoria fiscal do Estado do Paraná, através de concurso, onde atualmente estou exercendo ofício”, relatou Osni.

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Conexões que resistem ao tempo

Ao fim da confraternização, o grupo acertou um novo reencontro para o próximo ano. De acordo com Rosana, essas amizades representam algo cada vez mais raro. Ela observa mudanças nas relações estabelecidas pelas gerações mais novas.

“Como professora, percebo que os jovens muitas vezes não conseguem cultivar a mesma conexão sincera e verdadeira. É lamentável, pois nós, os cinquentões, já temos mais passado do que futuro, enquanto nossos jovens, que possuem um futuro promissor, parecem ter dificuldade em construir laços permanentes que fazem a diferença ao longo da vida”, explicou.

Rosana encerrou com um desejo de inspiração: “Que possamos inspirar as novas gerações a valorizar essas conexões, lembrando que, no final das contas, são as amizades que tornam nossa jornada mais rica e significativa. Que venha o próximo reencontro, cheio de risadas, histórias e acima de tudo, laços renovados”.

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O império das Lojas HM

Com 65 anos de história, o Grupo HM consolidou-se como uma força do varejo nacional. De acordo com as informações da Fecomércio PR, a rede chegou a contabilizar 263 lojas nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Tornou-se líder em vendas em utilidades domésticas, autopeças, pneus e lojas de departamentos.

Em 1981, a Lojas HM ocupava a 107ª posição entre as maiores empresas do país, a 59ª em faturamento, assim como a 41ª em lucratividade. No ano seguinte, recebeu pela segunda vez consecutiva o título de empresa de melhor desempenho no comércio varejista pela Revista Exame e era o maior recolhedor de ICM no Paraná e em Santa Catarina. Seu patrimônio era estimado em US$ 500 milhões e a carteira de clientes somava dois milhões de nomes.

Nas décadas de 1940 e 1950, o crescimento foi acelerado, com mais de 20 obras simultâneas e lojas que variavam de 200 m² a 10.000 m². Como resultado, somando as unidades próprias, o grupo atingiu 650.000 m² de área construída e, com os espaços alugados, quase 1 milhão de m².

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Maior revendedora nacional de marcas

O grupo chegou a adquirir dois aviões, sendo que um deles era usado quase exclusivamente pela equipe de arquitetura para vistoriar obras. Ao longo dos anos, as Lojas HM recebeu diversos títulos de maior revendedora nacional de marcas como Cofap, Arno e Walita, General Electric, Goodyear, Vigarelli, Philips, Semp, Caloi, Monark, Lambretta, Giannini, Honda e Consul.

“O Grupo HM foi o maior vendedor mundial das bicicletas Caloi, o maior importador e distribuidor mundial de pneus de várias fábricas. Era o maior revendedor de pneus Goodyear e Pirelli no mundo. O incentivo ao transporte rodoviário em detrimento ao ferroviário propiciou o incremento da indústria e do comércio de peças e de pneus e a empresa expandiu-se neste ramo”, lembrou Eduardo Pereira Guimarães, arquiteto e ex-diretor da Divisão Técnica. Ele ressaltou que o mix diversificado da empresa chegou a 150 mil itens.

O conglomerado era formado por 19 empresas, atuando nos setores de participações, materiais de construção, financiadora, distribuição de títulos, seguros, consórcios, prestação de serviços, cartões de crédito, administração patrimonial, propaganda, banco, assim como, investimentos.

“O Grupo Hermes Macedo foi muito progressista em todos os sentidos e, para mim, foi uma experiência gratificante. O doutor Hermes Macedo era uma escola fantástica, em termos de organização e de crescimento pessoal e profissional”, avaliou Martins.

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A queda

A crise que levou à falência da empresa em 1997 resultou de uma combinação de fatores: os planos econômicos das décadas de 1980 e 1990 — Bresser, Verão, Collor I e Collor II —, que congelaram preços, alteraram moedas, confiscaram poupanças e elevaram juros; a sucessão familiar de 1983; a cisão nos anos 1990; a diversificação excessiva do mix e sucessivas trocas de diretoria. Hermes Macedo faleceu em 1993, aos 79 anos.

Por fim, em 2012, o presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, Darci Piana, e Eduardo Pereira Guimarães oficializaram a doação de materiais do Grupo HM ao Sistema Fecomércio. O acervo integrará o futuro Museu do Comércio, que será instalado na nova sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná.

(Com informações Fecomércio)

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