Umuarama tem um dos dentistas de cavalos mais requisitados do Paraná
Atendendo fazendas e haras, João Borghese roda cerca de quatro mil quilômetros por mês para cuidar dos sorrisos equinos
Quantos dentistas de cavalos o Paraná tem? Não se sabe, no entanto, essa especialidade da Medicina Veterinária – a odontologia equina – é promissora e vem crescendo em todo o Brasil, impulsionada pelo mercado bilionário de equinos.
Foi com olhar atento e espírito empreendedor que o médico veterinário de Umuarama, João Marcelo Borghese, 38 anos, encontrou seu caminho nessa área. Percebeu que essa especialidade seria um diferencial e investiu.
E não perdeu tempo: logo que se formou, buscou capacitação específica [fez cursos na conceituada BittarVet, de Rio Claro/SP] e, graças à competência e ao cuidado com que atua, tornou-se um dos profissionais mais requisitados do Paraná.
“Atender grandes haras, cavalos importantes dá prazer, sim, mas o prazer maior está em poder resolver problemas, devolver vitalidade ao cavalo… E mais, ter a confiança dos clientes… Disso me orgulho muito, também”, exclama, enquanto examina a boca do premiado quarto de milha Texas Bill.

Exame completo: dentista de cavalos avalia do bafo à oclusão
O Texas Bill é um cavalo de competição, portanto valioso. OBemdito acompanhou a consulta, no haras FC Ranch, de Umuarama. “A saúde bucal dos equinos influencia diretamente seu desempenho”, alerta.
João conta que o primeiro passo numa consulta é avaliar, visualmente, a simetria de face do cavalo – “A musculatura deve estar em harmonia”, observa.
Depois, ele precisa examinar cheiros: da boca – “Cavalo não tem bafo; se tiver, tem algum problema”, salienta – e das narinas – “Se estiver desagradável, pode ser sinal de sinusite”, explica.

Sedado, mas de pé
Numa segunda fase do tratamento, quando há necessidade de intervenção – e “geralmente há”, atenta João – o cavalo já estará sedado, mas de pé. “É assim que ele fica para receber o tratamento.”
Durante a execução dos procedimentos, impressiona o esforço dispensado pelo dentista. Percebemos que o trabalho exige além de precisão, força.
E o tamanho das ferramentas também chama a atenção: são três vezes maiores do que as usadas na odontologia humana. Brocas, canetas, fórceps [boticão], espelhos, sondas, fonte de luz [usado na testa], entre tantas outras, fazem parte do conjunto.
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Trabalho do dentista de cavalos é técnica e sensibilidade
Para João, cuidar da saúde bucal dos cavalos é uma arte que exige técnica e sensibilidade. “Eu faço tudo o que um dentista de humanos faz — e mais um pouco”, conta, com bom humor.
Ele realiza restauração, extração, tratamento de canal e ajustes oclusais, entre outros procedimentos essenciais para o bem-estar geral do animal.
Assim como os humanos, os cavalos precisam de cuidados regulares. “Distúrbios na oclusão, comum em animais que se alimentam com ração e feno, podem causar feridas na boca, dificuldade para mastigar e perda de peso”, avisa.

Ele vai longe para atender
A rotina de João é marcada por estradas, poeira e, lógico, muitos cavalos. Ele percorre cerca de quatro mil quilômetros por mês para atender animais em propriedades rurais de várias regiões do Paraná e dos estados vizinhos, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Onde há cavalo precisando de cuidado dentário, há grandes chances de João estar a caminho, com seu kit de instrumentos e sua experiência acumulada. “Faz 13 anos que me dedico a esta especialidade”, diz,
Além do trabalho de campo, tem o de sala de aula. Desde 2021, o dentista de cavalo de Umuarama leciona na BittarVet, empresa em que se capacitou em odontologia equina, que é referência no Brasil.
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Dedicado e apaixonado
A dedicação de João vai além da prática. Ele diz que imprime muito carinho no que faz por amar os animais. “Foi isso, acima de tudo, que me levou à medicina veterinária.”
Graduado pela Universidade Estadual de Maringá, onde também fez a pós-graduação – mestrado em ‘condicionamento físico de cavalo atleta’ –, com frequência faz cursos para manter-se atualizado.
“A gente aprende o tempo todo, mas sempre precisa aprender mais, porque cada cavalo é diferente, cada caso é um desafio”, justifica.

Apesar da rotina intensa, João garante que não trocaria essa vida por outra. Segundo ele, o reconhecimento dos clientes compensa as longas viagens e as madrugadas na boleia da caminhonete.
“É cansativo, mas muito gratificante! Ver um cavalo comer melhor, melhorar de rendimento e até mudar de comportamento depois do tratamento é a melhor recompensa”, ratifica.
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