Rudson de Souza Publisher do OBemdito

Conheça as ‘freiras maconheiras’ que incomodam comunidades religiosas tradicionais

As Sisters of the Valley vivem e trabalham em fazendas autossustentáveis na Califórnia (Foto Redes Sociais)
Conheça as ‘freiras maconheiras’ que incomodam comunidades religiosas tradicionais
Rudson de Souza - OBemdito
Publicado em 19 de outubro de 2025 às 15h38 - Modificado em 19 de outubro de 2025 às 15h42

Há dez anos, um grupo de mulheres decidiu unir espiritualidade, ativismo e o uso medicinal da cannabis em uma pequena comunidade agrícola do Vale de San Joaquin, na Califórnia (EUA). Assim nasceram as Sisters of the Valley, conhecidas internacionalmente como as “freiras da cannabis”.

Vestidas com hábitos semelhantes aos das freiras católicas, elas vivem em fazendas onde cultivam e processam maconha para fins terapêuticos. Apesar da aparência religiosa, não pertencem a nenhuma congregação oficial.

A fundadora, Christine Meeusen, que adotou o nome Sister Kate, explica que o traje tem valor simbólico e político. “As pessoas acham que nossa fé está ligada à planta, mas isso não é verdade”, afirma.

“A cannabis é apenas uma das ervas que usamos para sustentar nosso modo de vida e nossa missão espiritual.”

Apesar de não terem qualquer vínculo com a Igreja Católica, o comportamento das integrantes causa incômodo entre membros da Santa Sé e comunidades religiosas tradicionais.

O uso de roupas semelhantes às de freiras e a adoção de rituais inspirados em práticas católicas são vistos por parte do clero como uma apropriação indevida de símbolos sagrados.

As Sisters, por sua vez, afirmam que o hábito representa apenas pureza e disciplina espiritual, e não uma provocação.

Cigarros

A comunidade mantém atualmente duas propriedades rurais: uma no condado de Merced, na Califórnia, e outra em implantação na cidade mexicana de Puebla.

A produção é feita de acordo com os ciclos da lua, e o principal item comercializado é a pomada de canabidiol (CBD), substância usada para aliviar dores, inflamações e ansiedade.

Nos últimos anos, o grupo ampliou sua rede de atuação e firmou parcerias fora dos Estados Unidos. Uma delas é com a ONG brasileira Pangeia, formada por pessoas pretas, indígenas e periféricas, que vai distribuir pomadas e óleos medicinais produzidos pelas freiras.

Embora o coletivo seja pequeno, com 12 mulheres, três homens e cinco noviças, sua estrutura é rígida. Homens podem integrar a comunidade, mas não podem ser maioria nem possuir terras.

As noviças passam por um processo de imersão espiritual antes de serem aceitas definitivamente.

Mesmo em meio à crise do mercado legal de maconha nos EUA, as Sisters of the Valley se mantêm firmes como símbolo de independência feminina e espiritualidade alternativa, combinando fé, autossustento e defesa do uso terapêutico das plantas.

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