Talento que inspira: Jovem transforma paixão pelo bordado em profissão
Entre linhas e sonhos, Ketlen resgata a beleza das tradições e prova que o feito à mão continua mais vivo do que nunca
Herança das avós, o bordado renasce nas mãos de uma nova geração que valoriza essa arte. Mesmo em tempo de correria, que costuma afastar as pessoas de atividades manuais, há quem segue firme na missão de produzir peças bonitas e cheias de significado.
“Bordar me faz bem, é um momento de paz; cada ponto carrega um pedacinho de mim”, conta Ketlen Furlan, 33 anos, uma das bordadeiras mais requisitadas de Umuarama, idealizadora da marca Obordadim.
Formada em Administração, ela trocou o emprego CLT por linhas, agulhas e bastidores — e fez do bordado sua principal fonte de renda. De casa, onde também cuida do lar, administra pedidos que chegam de várias partes do Brasil.
“Já vendi para o Tocantins, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, mas a maioria da minha clientela é daqui, de Umuarama… Nunca me falta encomenda”, orgulha-se.
Em um cenário em que muitos consideram o bordado ‘coisa das antigas’, Ketlen mostra o contrário. “Tradição e juventude podem andar juntas e isso prova que a beleza do feito à mão nunca sai de moda”, defende a artista, acompanhada fielmente pela sua gata de estimação, a Bethânia.

Bordado à mão carrega beleza indiscutível
O público de Ketlen é fiel. São, em geral, mães em busca de peças personalizadas para decoração de quartos de crianças, enfeite para porta de maternidade ou lembrança de batizado, madrinhas procurando opção de presente e noivas querendo porta-alianças combinando com o tema da festa.
Entre outros produtos, tudo sai do ateliê da Ketlen com um toque de carinho e muita originalidade, que só o bordado à mão pode oferecer. “Cada produto é único e cheio de capricho… O bordado carrega um charme especial, é um trabalho que tem alma”, assegura.
Ela diz que adora bordar palavras, frases, sempre com a mente pautada na expressão da delicadeza e do afeto. A receita, segundo ela, é uma só: “É uma arte que exige paciência, competência e sensibilidade; é agulha nas mãos e ternura no olhar”.

De passatempo à profissão
Ketlen diz que, no começo, o bordado era apenas um hobby: “Aprendi sozinha, vendo revistas, testando pontos e descobrindo aos poucos o prazer de um trabalho que alcançava resultados sofisticados”.
Isso foi aos 13 anos. “Foi uma febre que passou logo”, diz, rindo. Retomou aos 24 anos, por recomendação da psicóloga. “Ela disse que seria bom para amenizar a ansiedade e deu certo, acabou sendo uma terapia… Eu me reencontrei”, lembra.
No entanto, o que era passatempo virou paixão — e depois, profissão. “Percebi que era algo que eu podia fazer por satisfação e ainda gerar renda; hoje vivo desse trabalho, e isso me enche de orgulho”, salienta.


Ketlen e a mascote: Bethânia observa tudo, atenta a cada fio que ganha vida nas mãos da tutora
Arte engajada: ensinar e liderar
As redes sociais se tornaram grandes aliadas. É por meio delas que Ketlen divulga suas criações, recebe encomendas e compartilha o processo de bordar, inspirando outras pessoas a redescobrir essa arte.
Mas vai além, também para o campo presencial. Ela dá aulas de bordado na Casa Raízes de Umuarama. “Ensinar tem sido uma experiência muito boa”, exclama, acrescentando que, no momento, investe seu tempo e conhecimento em outro objetivo valoroso.

Ketlen está à frente, em Umuarama, da formação de um coletivo do bordado, o ‘Ipê Amarelo’. “Muitas pessoas têm despertado para essa arte, acreditando em seu potencial econômico e eu quero ajudá-las”, garante a bordadeira.
É por isso que, para ela, o maior retorno vai além das vendas das peças que produz: “O bordado me ensinou a ir mais devagar, a viver com mais presença e a perceber que sou capaz e criativa… Por isso faço questão de compartilhar esse aprendizado”.
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Por que o bordado à mão encanta tanto?
O bordado manual carrega uma dose rara de tempo e afeto, segundo Ketlen. “Cada ponto é feito com atenção e cuidado, o que torna a peça única; em tempos de produção em massa, o feito à mão recupera o valor da paciência e do olhar sensível… Não há máquina capaz de fazê-lo”, garante.
Apontando para a sutileza dos pontos, Ketlen salienta que, além da estética elegante, o bordado transmite sentimento: “É como se cada linha contasse um segredo, bordada com calma, amor e propósito”.

Rememorando, ela chega ao tempo em que o bordado era herança de afeto. “Houve um tempo em que as tardes eram lentas e as avós sentavam-se à varanda, com agulha e bastidor, e transformavam tecidos simples em pequenos tesouros”.
Com o passar dos anos, a pressa tomou o lugar da serenidade e muitas dessas tradições se perderam: “Meu trabalho mostra que o bordado à mão e o fazer manual são gestos que resistem ao tempo, carregam histórias e trazem beleza para a vida”.
=== Encomendas podem ser feitas por whatsapp – 44 9 8448-5354
=== Siga a Ketlen no instagram.com/obordadim_/















