Carta das famílias expressa dor, revolta e apelo por Justiça pelos mortos (Foto Polícia Civil)
As famílias dos paulistas mortos em Icaraíma divulgaram uma carta aberta em que pedem Justiça e denunciam o sentimento de impunidade que, segundo elas, marca o caso que completou dois meses no último domingo (5).
A mensagem, assinada por parentes de Rafael Marascalchi, Diego Afonso e Robishley Hirnani, reforça o sofrimento de quem espera por respostas.
“Quatro vidas foram arrancadas de suas famílias, quatro histórias interrompidas sem escolha, sem chance, sem voz”, diz um trecho da carta.
Em outro ponto, os familiares pedem a responsabilização dos autores: “Queremos que quem cometeu essa crueldade pague pelos seus erros, seja quem for. Não aceitamos omissão, nem impunidade. Justiça não é vingança.”
Os dois principais suspeitos, Antônio Buscariollo, de 62 anos, e o filho Paulo Ricardo Buscariollo, de 22 anos, seguem foragidos desde 8 de agosto, quando a Justiça decretou prisão preventiva para ambos.
As investigações apontam que o episódio teve origem em um conflito comercial envolvendo um sítio de cinco alqueires, avaliado em R$ 750 mil, no distrito de Vila Rica do Ivaí, em Icaraíma.
Diferente de algumas versões iniciais, Alencar Gonçalves de Souza (morador de Icaraíma responsável por contratar os paulistas morto com eles) não vendeu, mas comprou a propriedade de Antônio Buscariollo. Ele pagou R$ 255 mil à vista e financiaria o restante por meio de empréstimo bancário.
O negócio foi fechado entre setembro e outubro de 2023, poucos meses após a morte da mãe de Alencar, que foi uma perda que abalou a família, segundo relatos de pessoas próximas.
O financiamento foi negado, e o agricultor conhecido na cidade como homem trabalhador e honesto devolveu a propriedade.
As partes passaram então a discutir o distrato. O acordo previa que Antônio devolveria os R$ 255 mil em dez parcelas de R$ 25 mil. Como compensação, Alencar abriria mão das benfeitorias feitas no sítio, como cercas, pastagens e porteiras.
As parcelas foram formalizadas em notas promissórias emitidas em nome de Carlos Eduardo Cândido Buscariollo, filho de Antônio, que mora em São Paulo.
Com o atraso nos pagamentos, Alencar contratou o paulista Diego Henrique Afonso, de 39 anos, conhecido por atuar em cobranças. Eles acordaram um percentual de 10% a 15% sobre o valor recuperado.
Diego, por sua vez, chamou Rafael Juliano Marascalchi, de 43 anos, e Robishley Hirnani de Oliveira, de 53 anos, ambos de São José do Rio Preto (SP), para acompanhá-lo na viagem ao Paraná.
Rafael, segundo familiares, viajou a contragosto da esposa, que o alertava sobre os riscos. Ele aguardava a chegada da segunda neta e já vivia de maneira estável financeiramente.
De acordo com a investigação, Antônio Buscariollo chegou a propor a entrega de uma casa em Icaraíma como forma de quitar a dívida, mas o negócio não foi aceito.
Pouco depois, marcou uma nova reunião com Alencar e os paulistas em 5 de agosto, em outra propriedade rural. O encontro terminou em violência.
No local, a polícia encontrou cápsulas de cinco calibres diferentes, incluindo fuzil e pistola .45, além de marcas de tiros em árvores.
A principal linha de investigação é que os quatro homens foram mortos no próprio sítio, entre 11h30 e 13h15, em plena luz do dia.
Depois de quase 45 dias de buscas, as forças de segurança localizaram os corpos entre a noite de quinta-feira (18) e a madrugada de sexta-feira (19) de setembro.
A mobilização começou por volta das 6h da manhã, quando novas informações surgiram no âmbito das investigações.
Durante todo o dia, equipes percorreram áreas rurais de Icaraíma, com o apoio de máquinas pesadas da Prefeitura.
Por volta das 23h, os trabalhos se concentraram em uma área específica, onde a escavação revelou os primeiros indícios da presença dos corpos.
A Polícia Científica foi acionada e realizou a perícia e o recolhimento das vítimas, em uma operação que só foi concluída às 5h da manhã de sexta-feira (19).
A carta divulgada pelas famílias evidencia o cansaço e a indignação com a falta de respostas. “Não é só a ausência, é ver filhos que vão crescer sem o abraço do pai, ver mães, esposas e irmãos carregando um vazio que nada preenche”, diz outro trecho.
As famílias afirmam que a dor foi agravada por “mentiras, julgamentos e falsas versões” que circularam desde o início do caso.
“Isso fere a família novamente. Eles eram pais, filhos, irmãos e amigos. Mereciam viver. Suas histórias merecem ser ouvidas. Suas famílias merecem respeito, verdade e justiça”, finaliza o texto.
O episódio, que começou com um negócio rural frustrado, tornou-se um dos casos criminais mais complexos e violentos já registrados no Noroeste do Paraná, com repercussão nacional.
Dois meses após o crime, nenhum dos acusados foi localizado. A Polícia Civil, o Ministério Público e equipes de busca terrestre e aérea seguem em diligência.
Enquanto isso, as famílias continuam mobilizadas. “Nossa voz é por eles, por memória, por justiça, por humanidade”, conclui a carta, que expõe urgência por respostas.
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