Ciclista de 71 anos, campeão de ultramaratona, inspira a terceira idade
Pedalando rumo a novos desafios, José Dirceu Giansante celebra a paixão pelo esporte, que lhe proporciona alegria e bem-estar
Aos 71 anos, o ciclista José Dirceu Giansante é a prova viva de que nunca é tarde para se reinventar — e nem para cruzar uma linha de chegada com medalha no peito. Ele é um dos líderes do Ranking Noroeste de Mountain Bike.
Recentemente, conquistou título cobiçado na 9ª Ultra 250K – Pata de Onça, em Nova Andradina-MS, uma das provas mais desafiadoras do ciclismo de resistência, e venceu na categoria acima de 65 anos, liderando de ponta a ponta nas duas etapas da competição.
“Eu fui ‘primeiro lugar’ com muito orgulho”, exclama, lembrando o quão difícil foi encarar a disputa no vizinho estado. “É uma das competições mais difíceis do Brasil e saí dela vitorioso!”, acrescenta o bancário aposentado.
Ciclismo é hobby, é paixão!
A trajetória de José Dirceu nesse esporte começou em 2000, de forma tímida, apenas como um hobby. “Eu morava em Douradina… Pedalava pela cidade, pelas redondezas, até que um dia resolvi considerar o percurso até Umuarama e foi aí que alcancei a primeira marca de 110km, a qual comemorei muito!”, lembra.
Naquele tempo, pedalar ‘por turismo’ era praticamente uma norma. “Passei a participar de grupos de amigos fãs de bike; fazíamos passeios pela região, pelas estradas rurais, asfaltadas ou não… Visitávamos cachoeiras, igrejinhas… E tinham as paradas em postos de combustível para comer paçoquinha; isso era praxe”, descreve, rindo.
Mas a cada pedalada a paixão foi crescendo — e junto com ela, a quilometragem, o número de competições e os investimentos em bicicleta e acessórios.
“Sempre gostei de praticar esporte, sempre fui meio metido a ser atleta”, brinca. Ele conta que jogava futebol até os 40 anos, mas foi o ciclismo que o fisgou de vez: “Quando dei as primeiras pedaladas, não parei mais; entrei de corpo e alma nesse esporte”.

Preparação é tudo
Com bom humor e disposição de sobra, e treino três vezes na semana [perfazendo um trajeto de 200km], José Dirceu garante que o segredo para o bom desempenho é manter o corpo ativo e bem preparado.
“A idade vai chegando, os janeiros começam a pesar! Aí você tem que optar por um esporte menos agressivo, né?! Ciclismo pra mim hoje é o esporte certo, que abracei com carinho, porque futebol já não dá mais”, afirma, rindo.
Musculação e corrida em esteira, na academia, também fazem parte da sua rotina. “É preciso cuidar do condicionamento; a idade, sim, pede atenção redobrada, mas não é desculpa para ficar parado.”
Para ele, o ciclismo pode ser assumido como um estilo de vida e uma ferramenta de motivação para outras pessoas na terceira idade, porque faz bem para o corpo e para a cabeça.

Libertar o estresse, ganhar amigos
“Ciclismo é tudo de bom! A gente começa por pequenas distâncias e vai ganhando gosto, aos poucos vai melhorando a resistência, a respiração, a circulação sanguínea, se libertando do estresse do dia a dia… Enfim, a gente sai do sofá para uma vida nova”, garante José Dirceu.
Entre uma piada e outra, dispara: “Andar de bike é como coçar, não para mais se começar”. Falando sério, destaca as oportunidades de fazer amigos: “É muito fácil: a convivência fortalece os laços de amizade, permite troca de experiências e o apoio mútuo… É só alegria”.
E aconselha: “É uma ótima opção para quem quer se sentir vivo, com energia e rodeado de amigos”.
Entre jargões e vacas bravas
É isso mesmo: os ciclistas têm suas próprias expressões para descrever diferentes situações, risíveis ou não. José Dirceu comenta o ‘pedal cilada’.
“É quando a gente sai com um roteiro menor e no meio do caminho tomamos outros rumos, aumentando a quilometragem, indo por estradas com subidas, areia, matos…”
E quando um leva um tombo? “Aí a gente diz que ele comprou um lote”, responde, rindo.
Porém, o pior pode estar por vir: “Às vezes encontramos vacas e bois bravos no caminho… Daí para tudo…. dá medo do bicho!”.
Isso algumas vezes resultou em prejuízo. “Já houve casos de boi bravo avançar em ciclista e até machucar… E também de boi pisar em cima de bicicleta e quebrar; é difícil, mas, no fundo, muito divertido!”

Disposição para ir cada vez mais longe
Com disposição de sobra, o ciclista José Dirceu coleciona conquistas que o deixa muito envaidecido. São dezenas de medalhas e troféus guardadas com todo zelo na estante.

Seu histórico de sucesso conta com títulos importantes, além do conquistado na ultramaratona Pata de Onça.
No Ranking Noroeste, no ano passado, participou de quatro provas de 45km [em Mandaguaçu, Alvorada do Sul, Japurá e Umuarama]. “Peguei pódio em todas e o troféu de vice-campeão”, informa.

Neste, repetiu a façanha nas provas ocorridas nas mesmas cidades, menos Umuarama, que foi substituída por Barbosa Ferraz, e foi campeão. Atualmente, no Ranking, na categoria Sport Veterano +65, está em primeiro, com 200 pontos.
Ele avisa que até 2024 fazia parte do Grupo Fusão; agora, corre pelo Bike Team. E observa que o Ranking Noroeste começou com 180 atletas; hoje, reúne mais de 500.
E com as recentes vitórias, reforça que determinação não tem prazo de validade: “Com disciplina e paixão, é possível pedalar cada vez mais longe, em qualquer dia, a qualquer hora!”.


Os benefícios do ciclismo para a terceira idade
São muitos os benefícios, segundo especialistas, no entanto é preciso tomar certos cuidados antes de acionar o ‘start’. Se a saúde vem em primeiro lugar, há passos essenciais para começar com segurança.
Por ser uma prática de baixo impacto, o ciclismo preserva as articulações e reduz o risco de lesões comuns em esportes de contato ou de maior impacto [como corrida em asfalto].
Sendo assim, torna-se uma das atividades físicas mais indicadas especialmente para quem já passou dos 60 anos.
Pedalar regularmente melhora a circulação sanguínea, fortalece o sistema cardiovascular e ajuda no controle da pressão arterial, contribuindo para a prevenção de doenças crônicas.

Também promove bem-estar emocional e social. Estar ao ar livre, em contato com a natureza, alivia o estresse, melhora o humor e favorece a convivência com outras pessoas.
E mais: a prática ajuda a manter a autonomia e a independência, já que fortalece músculos importantes para o equilíbrio e a mobilidade.
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