Política

Ciro Nogueira e Tarcísio negam envolvimento com tentativa de golpe de 8 de janeiro

Os ex-ministros Ciro Nogueira, que comandou a Casa Civil, e Tarcísio de Freitas, ex-titular da Infraestrutura e hoje governador de São Paulo, afirmaram nesta sexta-feira (30) não ter conhecimento de qualquer tentativa de golpe de Estado ou ruptura institucional envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ambos prestaram depoimento por videoconferência como testemunhas de defesa de Bolsonaro na ação penal que investiga um suposto plano para mantê-lo no poder mesmo após a derrota nas eleições de 2022. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), conduziu a audiência.

Tarcísio nega qualquer conversa sobre golpe

Apontado como possível nome do bolsonarismo na próxima disputa presidencial, Tarcísio foi taxativo: “Jamais tratei nem ouvi o presidente tratar de qualquer assunto relacionado a golpe, antes ou depois da eleição. Isso nunca aconteceu enquanto fui ministro”, afirmou.

O governador contou que, após a eleição, visitou Bolsonaro ao menos duas vezes no Palácio da Alvorada, por amizade, e que os encontros ocorreram de forma cordial. “Nessas visitas, na reta final do governo, conversamos sobre diversos temas, mas jamais esse assunto foi sequer mencionado. Nunca se falou em ruptura.”

Ciro Nogueira confirma normalidade na transição

O advogado Celso Vilardi, que representa Bolsonaro, questionou o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que deu uma resposta semelhante. “Em hipótese alguma. Nunca houve esse tipo de conversa”, garantiu Nogueira, que também preside o PP. “Todas as orientações que recebi do presidente foram no sentido de colaborar com a transição da melhor forma possível.”

Segundo ele, Bolsonaro demonstrava abatimento após a derrota eleitoral, com sinais de desânimo em relação aos rumos do país. Ainda assim, afirmou que o processo de transição ocorreu normalmente. “O presidente, em momento nenhum, tentou criar obstáculos”, completou.

Leia também: Ex-AGU confirma que Bolsonaro buscou reverter resultado das urnas em reunião pós-eleição

Depoimentos cancelados

Estavam previstos outros depoimentos nesta sexta, mas alguns acabaram sendo cancelados. Entre os dispensados está Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro. A própria defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e também réu na ação penal, dispensou o depoimento dele como testemunha.

Valdemar chegou a ser indiciado pela Polícia Federal por suposto envolvimento na trama, mas acabou excluído da denúncia formal apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Outras testemunhas não prestaram depoimento nesta sexta-feira porque as defesas decidiram dispensá-las. Entre elas estão os ex-ministros Gilson Machado (Turismo) e Eduardo Pazuello (Saúde), que Bolsonaro arrolou como testemunhas. Do mesmo modo, as defesas também dispensaram o advogado Amaury Feres Saad, citado no inquérito como um dos autores intelectuais de uma minuta de decreto com teor golpista, mas que a PGR não incluiu na denúncia.

Defesa de Anderson Torres

Ainda nesta sexta, a audiência contou com o depoimento do deputado distrital Hermeto (MDB), chamado como testemunha de defesa de Anderson Torres. Ele foi relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) para investigar os atos de 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Ao ser questionado sobre o motivo de não ter responsabilizado Torres, Hermeto justificou: “Não o indiquei porque não vi nele responsabilidade direta. Na ocasião, quem estava à frente da Segurança Pública era o secretário-executivo, Fernando Souza de Oliveira. Ele é quem comandava as forças de segurança naquele momento”.

Reunião sobre acampamento

Na sequência, a secretária de Desenvolvimento Social do DF, Ana Paula Soares Marra, também foi ouvida como testemunha de defesa de Torres. Ela confirmou ter participado de uma reunião em 6 de janeiro, dois dias antes dos ataques em Brasília, ao lado do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, então chefe do Comando Militar do Planalto, e de Anderson Torres.

Segundo Ana Paula, a pauta do encontro foi a desmobilização do acampamento instalado em frente ao Quartel-General do Exército, onde bolsonaristas pediam intervenção militar. “No dia 5, uma quinta-feira, recebi uma mensagem às 20h30. Era o chefe de gabinete do secretário de Segurança Pública me convocando com urgência para essa reunião”, contou.

Durante o encontro, os participantes apresentaram imagens que indicavam uma redução no número de acampados. Em seguida, definiram um plano para retirar as pessoas na semana seguinte, com o apoio de equipes de abordagem social, considerando que havia muitas pessoas em situação de rua no local.

Contexto da ação penal

Durante o encontro, os participantes apresentaram imagens que indicavam uma redução no número. A Primeira Turma do STF abriu a ação penal 2668 após aceitar, em março, parte da denúncia que a PGR apresentou. A acusação se concentra no que a PGR chamou de núcleo “crucial” da tentativa de golpe, supostamente liderado por Bolsonaro.

Além do ex-presidente, da mesma forma respondem à ação o ex-ministro Anderson Torres e outros sete ex-integrantes do governo e assessores próximos. Entretanto, a PGR sustenta que Bolsonaro era o principal articulador e beneficiário da trama.

As audiências começaram no dia 19 de maio e seguem até 2 de junho. O ministro Alexandre de Moraes conduz os depoimentos por videoconferência. Por determinação dele, gravações das falas estão proibidas. Jornalistas podem acompanhar os depoimentos da sala da Primeira Turma, no STF.

Na tarde desta sexta, estão previstos ainda os depoimentos de mais quatro testemunhas indicadas pela defesa de Bolsonaro.

(OBemdito com informações Agência Brasil)

Stephanie Gertler

Fotógrafa há mais de 16 anos, graduada em Jornalismo pela Universidade Tuiuti do Paraná, em Curitiba. Atualmente, atua como jornalista no OBemdito.

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