Foto: Assessoria UEM

Saúde

Alecrim-do-campo pode futuramente ajudar no combate à tuberculose

Foto: Assessoria UEM
Alecrim-do-campo pode futuramente ajudar no combate à tuberculose
Jaqueline Mocelin
OBemdito
10 de outubro de 2021 19h43

Pesquisadores das universidades estaduais de Maringá (UEM) e Ponta Grossa (UEPG) publicaram, recentemente, um artigo científico internacional no qual identificaram 49 compostos presentes no alecrim-do-campo, dos quais 23 são descritos pela primeira vez.

A mistura de dois deles, isolados das flores, apresentou uma atividade significativa contra a bactéria que causa a tuberculose. É o primeiro relato de atividade antimicobacteriana para esse tipo de substância.

De acordo com Debora Cristina Baldoqui, uma das autoras da pesquisa, coordenadora-adjunta da graduação em Química e professora do Departamento de Química (DQI) da UEM, a ação contra a bactéria da tuberculose foi verificada no alecrim-do-campo na classe de produtos naturais conhecida como lactonas sesquiterpênicas.

São “compostos que possuem uma variedade de atividades biológicas”, diz a docente. Como exemplo, existe a artemisinina, usada no tratamento da malária.

O grupo não chegou a desenvolver um composto que possa vir a ser usado no tratamento da tuberculose, mas a pesquisa é relevante por demonstrar potencial antimicobacteriano para a Mycobacterium tuberculosis e, consequentemente, abrir grande espaço para que futuros estudos complementares consigam chegar a um protótipo de medicamento para essa doença.

O artigo The chemistry of Vernonanthura nudiflora (Less.) H. Rob. flowers and its antimicrobial activities (A química das flores de Vernonanthura nudiflora e suas atividades antimicrobianas, em tradução livre) está publicado em inglês na revista Natural Product Research.

Região analisada

As plantas de alecrim-do-campo analisadas foram coletadas nos Campos Gerais, região que tem Ponta Grossa-PR como a maior cidade. “Além da importância de conhecer a química e o potencial biológico de espécies da família Asteraceae, o que nos motiva a estudar espécies encontradas nos Campos Gerais são as recentes propostas de redução destas áreas de preservação”, destaca Baldoqui.

De acordo com a pesquisadora, até 1990 a região era a área mais conservada do Paraná, junto à Serra do Mar, mas dados de 2007 mostram que os remanescentes campestres dos Campos Gerais eram de menos de 10% da distribuição original. “Essa crescente diminuição das áreas de preservação pode levar à extinção de uma grande extensão da biodiversidade, e junto pode-se perder grande parte das moléculas que poderiam ser utilizadas para o desenvolvimento de novos fármacos”.

(Assessoria UEM)

Participe do nosso grupo no WhatsApp e receba as notícias do OBemdito em primeira mão.