Cris do Corsa, que se reinventou no pós-pandemia: satisfeita com a credibilidade que conquistou - Fotos: Graça Milanez
Provocada sobre aquela velha e preconceituosa máxima ‘mulher no volante, perigo constante’, a umuaramense Silvia Cristina Alves, 50 anos, manda na lata, a contestação: “Isso é uma mentira!” E para a questão, também incitante, sobre ‘quem dirige melhor, homem ou mulher?’, a resposta vem rápida como um tiro: “É a mulher!”.
E esclarece: “Mulher dirige melhor que o homem porque ela tem visão periférica melhor, porque consegue ver tudo o que está à sua volta com mais facilidade; isso é provado! Elas são responsáveis por menos acidentes, são mais cautelosas na direção, enfim, somos melhores”.
A intrépida entrevistada é a Cris do Corsa, que se define como ‘motorista particular feminino’, usando um tom nas palavras carregado de orgulho. Não tem bairro, não tem ruas de Umuarama que ela não conheça. O apelido surgiu por causa de seu Corsa 2008, um carro que, apesar da idade, parece bem conservado: por fora e por dentro mostra-se bem cuidado, quanto ao motor… “Faço revisão periodicamente; está sempre nos trinques”, garante.
Moradora do Parque Primeiro de Maio e mãe de quatro filhos, a ex-professora, formada em Pedagogia, precisou se afastar da sala de aula e se aposentar precocemente devido às sequelas deixadas pela Covid-19. A pandemia trouxe mudanças bruscas para Cris, que foi acometida pela doença. “Fiquei entubada por muitos dias; foi uma experiência horrível!”
À época, além da saúde fragilizada, ela enfrentou o fechamento da lanchonete que mantinha com o marido e, pouco tempo depois, a separação conjugal. “Eu dava aula de dia e fazia lanche à noite na lanchonete, que faliu e por isso fiquei também sem meu ganho extra; foram meses muito difíceis, mas a gente descobre forças onde nem sabia que tinha”, conta.
A decisão de se tornar motorista particular surgiu de forma inesperada, em 2022: “Estava sem rumo, pensando no que fazer, e a ideia veio como um estalo; minha aposentadoria me possibilitou comprar esse carro, que não é novo, mas foi o que consegui para começar a nova jornada”.
Também pelo fato de ser um carro com muitos anos de uso, ela conta que, de início, não conseguiu ser aceita por aplicativo de transporte de passageiros. “O jeito foi encarar ‘o particular’… Anunciei nas redes sociais e fui conseguindo clientes, que passaram a me indicar para os amigos; assim, logo já tinha uma lista grande”, orgulha-se.
A clientela fiel – atualmente, cerca de 800 pessoas – foi o fator decisivo para Cris do Corsa conseguir adesão ao aplicativo Moove Car, um ano depois. “Só me aceitaram por causa disso: porque tenho bastante clientes… Aderi ao aplicativo para reforçar meu ganho, mas a prioridade, ainda, são meus clientes particulares: sempre eles primeiro; só quando estou livre, ligo o aplicativo”, esclarece.
A maioria das pessoas que Cris do Corsa leva e traz é idosa e criança. Nos cerca de 30 chamados que atende por dia, ela diz que o diferencial do seu trabalho está na pontualidade e na conversa agradável. “Eu escuto, eu conto histórias… É como se cada corrida fosse uma visita a uma amiga”, brinca. “Tem cliente que diz que a viagem até parece uma terapia”, acrescenta.
Porém, não é tudo. A confiança é o principal nessa relação, segundo ela: “Tem cliente que me pede para eu ir ao banco e sacar dinheiro ou pagar conta; tem os que me pedem para eu ir ao mercado fazer compras; e têm as mães que me contratam para levar os filhos no futebol, na psicóloga, na aula de dança… Eu vou, levo, depois busco… A rotina é intensa, mas não posso reclamar”.
Ela fica à disposição para corridas, geralmente, das 6h30h às 22h, com exceção de sexta-feira e sábado, que o expediente vara as noites. Mas corridas agendadas podem ser para qualquer horário. Para todas, cobra preço de aplicativo [não de táxi].
Quanto ao cuidado especial que dedica ao Corsa, seu parceiro inseparável e que com ele já rodou milhares de quilômetros, também tem a resposta na ponta da língua: “Capricho no zelo porque ele acabou se tornando parte da minha identidade… É a minha marca! E é gratificante ver que as pessoas confiam em mim e no meu trabalho”.
Uma das clientes fixas da Cris do Corsa é a vendedora Liza Brito, 33 anos, moradora do Parque Itália; ela não possui automóvel. “Eu sempre chamo a Cris quando preciso ir ao mercado e também para levar minha filha à psicóloga e à fonoaudióloga; nem preciso ir junto, três vezes por semana a Cris pega, leva, traz… é um sossego!”, conta.
Liza explica que o que valoriza essa profissional é a simpatia e a educação: “A Cris é calma no volante… é atenciosa, não corre; se a gente precisa mudar o percurso da corrida, ela muda sem problema; e ‘tem conversa’ boa”.
Também destaca a confiança: “Ela é totalmente de confiança… Peço para sacar dinheiro com meu cartão e minha senha, ela saca, entre tantas outras coisas que faz; estou satisfeita com seu trabalho, pois facilita muito minha vida”.
== Para contratar a Cris do Corsa envie mensagem para o whatsapp 9 9741 1994 ou 9 8418 7192.
Evento gratuito marca o encerramento das atividades de 2025 e reúne cerca de 105 crianças…
O religioso, que atuava em Umuarama, assumiu oficialmente a missão de bispo diocesano
Chamado impulsionado por vídeos divide a categoria, que teme uso político do movimento
Cidade recebe atrações culturais, espetáculo teatral e passeio do Bom Velhinho pelo comércio
O projeto atendeu mais de 6.500 alunos e garantiu a entrega dos óculos para os…
PM apreendeu facas, machadinha, socos-ingleses e máscaras após denúncia
Este site utiliza cookies
Saiba mais