Umuarama

Família Rugo produz tomate sem veneno em propriedade situada na Apa do Rio Piava

“Tomate agroecológico; produzido sem veneno”. É assim que a produtora rural Rosana Rugo anuncia, em banner no Instagram, seu mais novo produto, cultivado no sítio Nossa Senhora Aparecida, localizado na APA (Área de Preservação Ambiental) do Rio Piava e vendido nas feiras de hortifruti das quartas e domingos. O sítio, de 9,6 hectares, faz fronteira com o córrego, que abastece de água a cidade de Umuarama, por isso, como se sabe, lá há restrições de uso de agrotóxicos e de outras más práticas de produção agrícola. 

O tomate não só faz parte da diversificação agrícola adotada pela família [que já cultiva no local hortaliças, mamão, limão, abacaxi, manga, abacate e poncã e logo terá também maracujá e banana maçã], mas também é considerado uma nova experiência pelas técnicas de adubação empregadas à base de bioinsumos [com zero uso de adubo derivado do petróleo]. Trata-se de um projeto piloto, fruto de uma parceria que inclui vários órgãos.

Um deles é o IDR-PR – Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, que orientou a produtora desde que surgiu seu interesse em investir na opção. Tudo começou com a preparação da terra – uma área de 400m2 – e a instalação de uma estufa, onde foram plantados 900 pés de tomate do tipo saladete. A previsão é a de que cada pé produza cinco quilos. “É uma quantidade excelente; estou bem satisfeita”, diz Rosana, orgulhosa do resultado.

O engenheiro agrônomo do IDR-PR, Antônio de Pádua, que presta assistência técnica

Ela diz que foi preciso “muito querer” para concretizar o projeto: “Muita gente me desestimulou, dizendo que não daria lucro, que eu iria me arrepender… Mesmo assim, não desanimei. Pelo contrário, encarei o desafio e estou bem feliz, vendo como está bonita a lavoura, com plantas e frutos sadios!” E elogia: “Isso significa que em Umuarama tem gente boa, focada na profissão de agricultor, produzindo alimentos de qualidade”.

Entre os pés de tomates, chamam a atenção a quantidade de plantas aromáticas, todas verdinhas, viçosas! O cultivo delas, nesse caso, é recomendado como uma estratégia para repelir pragas, devido ao odor que exalam. Assim, Rosana também colhe, sem veneno, cebolinha, salsinha, arruda, coentro, hortelã e alecrim, que podem se tornar renda extra.

Rosana e Pádua: parcerias são a base do projeto

“Trata-se de um modelo agroecológico que está em processo de conversão para produção de tomate orgânico… Ainda não podemos dizer que esse tomate é orgânico, porém foi produzido sem veneno e com outras boas práticas”, esclarece o agrônomo do IDR, Antônio de Pádua, que presta assistência técnica à agricultora.

Segundo ele, o conjunto das boas práticas adotadas na propriedade está todo voltado ao conceito de produzir com sustentabilidade. “Para o ano que vem, já temos proposta para a Rosana produzir tomate em junho, julho e agosto; com ela, estamos desenvolvendo um trabalho de referência, preocupado também em conscientizar as pessoas sobre a importância dos alimentos produzidos sem agrotóxico, para a nossa saúde e para o meio ambiente”, explica Pádua. 

Lavoura é toda irrigada: instalação sistema foi feita por técnico do IDR-P

Parcerias

Além do IDR-Pr – Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, o projeto na propriedade da família Rugo [que há 60 anos mora no local – “Desde o tempo do meu avô”, informa Rosana] conta com o apoio do Programa Municipal de Apoio à Agricultura Familiar da Prefeitura, que cedeu calcário, compostagem de esterco, cavaco (farpas de madeira feitas a partir da poda de árvores da cidade, para cobertura dos canteiros), cinza e palha de arroz.

Por se tratar de uma lavoura na APA do Rio Piava, obteve também apoio do Fundo Municipal do Meio Ambiente de Umuarama, que financiou a estufa. O órgão fez isso considerando a importância que o projeto carrega nos objetivos de proporcionar segurança alimentar e responsabilidade ambiental e social.

No projeto também estão envolvidos o programa do Governo do Estado Paraná Mais Orgânico (PMO), Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e Universidade Estadual de Maringá (UEM), repassando tecnologias e garantindo o trabalho de certificação de produção orgânica [engenheiros agrônomos da UEM estão encarregados dessa função].

Tomate sadio: previsão colheita é de cinco quilos por pé

O PMO incentiva a produção de alimentos orgânicos, considerando sua meta de expandir esse tipo de atividade em todo o território estadual, já que, por lei, todas as escolas municipais e estaduais terão que oferecer, a partir de 2030, merendas feitas somente com alimentos orgânicos.

A Cooperativa dos Produtores Rurais de Umuarama (Cooperu) e o programa Banco de Alimentos Municipal [responsável pela compra de produtos hortícolas para distribuição de ‘cestas verdes’ a famílias carentes] também fazem parte do rol de órgãos que apoiam o projeto; ambos são compradores de parte dos tomates produzidos pela Rosana.

Imbuído em todas essas ações também está o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, do Governo Federal; o Planapo visa a fortalecer a produção de alimentos saudáveis e a conservação ambiental, além de promover a inclusão social e o desenvolvimento econômico das comunidades rurais.

Cultivadas entre os pés de tomate, plantas aromáticas ajudam a espantar pragas
Rosana em frente à estufa: incentivo do Fundo Municipal do Meio Ambiente de Umuarama
Para agregar valor ao produto, Rosana embala todo tomate que colhe
Venda garantida: embalado, tomate é vendido na feira e em programas do município
Rosana com os pais e a irmã: Família Rugo, que é proprietária do sítio Nossa Senhora Aparecida e mora nele há 60 anos
Graça Milanez

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