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‘A situação é muito pior do que pensávamos’, dizem estudantes de medicina que voltaram do RS

O grupo havia viajado para o estado gaúcho no último dia 9 para atuar como voluntário

Foto: Colaboração/Liga de Urgência e Emergência/OBemdito
Foto: Colaboração/Liga de Urgência e Emergência/OBemdito
‘A situação é muito pior do que pensávamos’, dizem estudantes de medicina que voltaram do RS
Rodrigo Mello - OBemdito
Publicado em 15 de maio de 2024 às 17h50 - Modificado em 16 de maio de 2024 às 07h34
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“Tem gente que perdeu tudo, ficou só com a roupa do corpo. É difícil ver as pessoas nesta situação, não só com as perdas materiais, mas também com as perdas psicológicas; as pessoas têm sofrido muito. É impressionante ver que, mesmo assim, estão muito gratas pelo que estão recebendo”.

O depoimento acima é da estudante do 4º ano de medicina da Unipar (Universidade Paranaense), Flávia Teston Furlan. Ela fez parte do grupo de 30 alunos do curso que ficaram uma semana em ação voluntária no Rio Grande do Sul, que teve parte considerável do seu território devastada pelas fortes chuvas. Os estudantes retornaram para Umuarama nesta terça-feira (14).

Os alunos foram divididos em três grupos de atuação. O primeiro auxiliou no atendimento a pessoas feridas no ambulatório instalado na universidade de uma cidade localizada na Região Metropolitana de Porto Alegre. O segundo permaneceu no ambulatório montado no local preparado para receber os desabrigados. Já o terceiro grupo atuou no barracão onde eram recebidas as doações de roupas e alimentos, para a montagem de cestas básicas.

“Eles tinham um abrigo em ambulatório com alojamento para crianças e animais. O meu grupo ficou separando as doações em cada setor. Montamos cestas básicas, fizemos kits de higiene e organizamos as roupas que iam para doação nos pontos de distribuição. As doações chegavam a todo momento. Noventa por cento das pessoas que estavam lá ajudando eram voluntários”, afirmou a futura médica.

Flávia não esconde a emoção diante de tudo o viu e sentiu. “Foi bem impressionante estar lá nesse momento com essas pessoas. Muita gente perdeu tudo e estava em choque. Apesar disso, eles estão prontos para reconstruir a vida, até porque não é a primeira vez que essa tragédia ocorre. Mas agora foi muito pior”, explicou.

Inspiração

A estudante contou que em vários momentos precisou respirar fundo e lembrar seu papel como futura profissional da saúde. Acompanhar médicos experientes na linha de frente, segundo ela, contribuiu para o seu aprendizado.

“O Dr. Gabriel Orti, intervencionista do Samu deu o máximo dele, não parou um minuto. Não deixou ninguém para trás. O fato de ele estar tão disposto a ajudar as pessoas lá foi uma inspiração para todos nós”, revelou.

Depoimentos

Durante os cinco dias em que estiveram no Rio Grande do Sul, os alunos registraram em vídeo suas impressões sobre a tragédia. “Mesmo em meio à dor, as pessoas nos receberam de uma forma que não temos como agradecer. É uma gratidão que eu nunca vi na minha vida. Crianças te abraçando, então foi muito gratificante. Tem bastante voluntários, mas vemos que eles estão um pouco cansados”, afirmou Eduarda Oliveira Perin.

Para Larissa Cano Laverde, também do 4º ano do curso, a situação vivida pelas famílias é bastante séria. Ela disse que já esperava que a situação fosse difícil, mas ficou ainda mais chocada com a realidade vivida no estado gaúcho.

“Eu já esperava que fosse uma experiência bem difícil por toda a realidade que a gente vem acompanhando, mas, quando a gente chega aqui, se depara com um cenário que é mais difícil do que pensávamos. Nós ainda tivemos um tempo para lidar com isso porque nosso primeiro impacto não foi com as famílias, mas, a partir do momento que fomos para a tenda onde eles estavam alojados, vimos que a situação é bem difícil”, relatou.

Necessidade de voluntários

Entre as centenas de registros feitos pelos alunos, alguns chamaram muita atenção, como foi o caso do vídeo feito pela própria Flávia Teston Furlan, em que ela conversa com um dos voluntários que estava lá também para ajudar.

Durante a conversa, ele fala sobre a dificuldade das pessoas neste momento e destaca a importância do trabalho voluntário, principalmente de quem é da área de medicina e psicologia. “Muitas pessoas ficam dentro de casa em choque, não querem sair, então está faltando um acompanhamento psicológico mais focado nessa área. Muitas vezes, a pessoa que é daqui já conhece a outra e faz um pré-julgamento, e sabemos que não é bem assim”, argumentou.

Homenagens às mães

Além do atendimento às crianças de famílias atingidas pelas enchentes, o grupo de estudantes também participou de uma homenagem no Dia das Mães feita para as mães que estavam no abrigo para os desalojados. Apesar de simples, a ação foi importante para dar um pouco de alento para o sofrimento de dezenas de mulheres que deixaram suas casas e não sabem quando vão voltar.

Nova Viagem

Após o retorno do primeiro grupo de estudantes, outro grupo com mais 30 deve partir no próximo sábado para outra cidade afetada pelas enchentes. Ainda não há mais detalhes sobre o horário da saída, nem quantos dias os estudantes irão ficar, no entanto, sem dúvida será uma ajuda de extrema importância neste momento em que a tragédia começa a ficar mais visível, já que os rios começaram a baixar e os estragos começam a ser mais perceptíveis.

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