Projeto Bebê Feliz monta e doa enxoval para gestantes de baixa renda
Fraldas, toalha de banho, sabonete, manta e uma bolsa fazem parte do kit que as mamães recebem antes de irem para a maternidade
Apoiar, encorajar, acolher. Esta é a principal missão do projeto ‘Bebê Feliz’, criado em 2014 pelo Centro Espírita Irmãos de Luz, de Umuarama, com o objetivo de doar enxoval para gestantes que não têm condições financeiras de comprar. Nesses dez anos, pelo menos 500 foram beneficiadas.
Os kits, que reúnem roupinhas, fraldas descartáveis, lenços umedecidos, toalha de banho, manta e produtos de higiene [sabonete e xampu], entre outros itens, são montados pelas voluntárias do projeto, lideradas pela empresária Elza Nakano, 62 anos. Ela conversou com OBemdito e contou que a maioria das peças são arrecadadas na comunidade e, depois, repassadas para as futuras mamães. “Muita gente doa”, afirma, em tom de agradecimento.
Mas nem tudo vem pronto. Elza relata que passa domingos e feriados costurando, fazendo barras, bordando… “Mas faço com uma alegria imensa”, exclama, demonstrando o entusiasmo que cultiva pelo projeto, idealizado por ela. “Uma manta de casal transformo em quatro, pequenas; tecido felpudo, que compramos por metro, vira toalhas de banho; mostruário de tecido de forrar sofás, doado pela loja Móveis Modernos, se transforma em bolsa de maternidade e assim vai… Fizemos de tudo um pouco”.
O mais caro, no kit, são as fraldas, mas isso não é problema, porque todas são doadas pela Lê Baby [marca umuaramense que produz fraldas descartáveis infantis e vende em todo o Brasil]. As linhas, para as costuras, uma fábrica de jeans fornece; todo mês, há cinco anos, uma senhora doa cinco xampus e dez sabonetes; e assim vai.
O objetivo de todo esse esforço envolvido é garantir o básico para pelo menos os primeiros meses de vida do bebê. “Tem mãe que não consegue comprar nada! É uma situação triste demais!”, lamenta Elza, que diz ter total apoio dos filhos e do marido, o cirurgião-dentista Amilton Nakano.
“Meu marido está sempre pronto não só para me ajudar, mas também para financiar algumas aquisições necessárias; foi ele que bancou a compra das máquinas de costura e de bordado que eu uso para fazer algumas peças do kit”, conta.
O capricho é tanto que muitas peças levam a marca do projeto, bordada. “Criamos uma identidade, pois levamos muito a sério essa ação que beneficia futuras mamães se preparando para um novo capítulo de suas vidas… Se o momento é especial, tudo tem que ser especial”, acentua.
O Centro Espírita Irmãos de Luz, fundado em 2012, também tem um bazar de roupas usadas; o dinheiro das vendas, muitas vezes, socorre o Bebê Feliz. Junto com Elza atuam na ação Edenir Maia, 62 anos, professora aposentada; Judite de Oliveira, 64, comerciante aposentada; Helena Resta, 76 anos, comerciante aposentada; e Lucila Vigner, 67, comerciante, entre tantas outras.
“Vivenciar o Evangelho”
Uma adolescente de 13 anos foi a primeira contemplada do projeto Bebê Feliz. Elza ficou sabendo da situação de vulnerabilidade porque passava a mocinha do Parque Industrial e foi conhecê-la.
“Cheguei na casa dela e encontrei uma ‘menina’ magriiinha, com um barrigão! Prestes a ganhar o bebê, tinha umas duas roupinhas e duas meinhas… Fiquei comovida, até porque também ela não tinha o que comer”, lembra a empresária.
Depois, os encontros entre as duas foram bem frequentes: “Comecei a cuidar dela… Eu a levei para a maternidade, depois de volta para a casa dela, fui com ela para o teste do pezinho, para a primeira vacina… Acompanho a família até hoje”.
Ela se chama Alana Moraes, hoje com 23 anos, que, à época, deu à luz a Lorayni, hoje com 8 anos. “Depois foram vindo mais, uma indicando para outra, e assim o projeto se consolidou e conquistou reconhecimento como importante suporte para gestantes”, orgulha-se Elza.
Tanto que lhe rendeu um prêmio estadual: pela ação, Elza foi homenageada pela Assembleia Legislativa do Paraná, com ‘Menção Honrosa’, “pelos relevantes serviços prestados à comunidade paranaense” [entregue no último 7 de março, durante a abertura da Expo Umuarama]. “Fiquei lisonjeada, mas o que mais valorizo nesse meu trabalho voluntário é a chance de poder vivenciar o Evangelho”.
“Tão nova e sem rumo”
Alana Moraes e a filha Lorayni também participaram da entrevista com o OBemdito. “A Elza é uma bênção: ela me ajudou muito”, exclama Alana logo no início da conversa. “Eu lembro que realmente não tinha nada; era tão nova!… E sem rumo!”.
As recordações provocaram lágrimas e os elogios continuaram: “Elza é uma pessoa de coração bom! Só ela sabe o que eu passei!” [chora] “Nunca vou esquecer de tudo o que ela fez por mim” [chora].
Depois de Lorayni, Alana se casou e teve mais dois filhos. “A Lorayni também é uma bênção na minha vida! Ela me ajuda a cuidar dos pequenos… Só tenho que me orgulhar dela!” [chora]. Lorayni diz que, quando crescer, quer ser médica.