Foto: Danilo Martins/OBemdito

Umuarama

Referência regional, lavoura de mamão em Santa Elisa produz 2 mil quilos por semana

Plantio ocupa uma área de um hectare, antes com pastagem; proprietários estão comemorando bons resultados

Foto: Danilo Martins/OBemdito
Referência regional, lavoura de mamão em Santa Elisa produz 2 mil quilos por semana
Graça Milanez
OBemdito
28 de abril de 2024 16h24

Há pelo menos quatro décadas lideranças políticas e técnicas batem na tecla da diversificação agrícola, colocando a fruticultura como uma boa aposta econômica para substituir, principalmente, pastagens degradadas. Aos poucos, o discurso vai virando realidade: a região está produzindo, em escala comercial, laranja, limão, acerola, maracujá e mamão, tudo com boa produtividade, exatamente como anunciavam [e anunciam] os líderes.

Considerando que a região tem clima e solo favoráveis, o empenho em fomentar continua. Em relação ao mamão, o município de Umuarama investiu e agora conta com uma lavoura referência, localizada no Sítio São José, do distrito de Santa Elisa. São mil pés, cultivados em um hectare, produzindo oito mil quilos por mês, da variedade ‘Bela Nova’ [grupo formosa].

O proprietário, José Carlos Salesse, 62 anos, está bastante satisfeito com os primeiros resultados, assim como o genro, Anderson Quinaia, 44 anos, engenheiro agrônomo, que administra a lavoura. “Para nós está muito bom! Estamos conseguindo vender tudo o que colhemos, com bom preço”, diz Salesse, encarregado de fazer as entregas em três supermercados de Umuarama.

“Foi rápido: plantamos e em nove meses já estamos colhendo! Agora, o replantio dos mamoeiros só faremos daqui dois anos”, acrescenta Quinaia. “A prova de que estamos satisfeitos é a de que já temos mais 2,4 mil pés plantados, que devem render em torno de vinte mil quilos por mês”.

A lavoura é toda irrigada por um sistema automatizado. Um poço artesiano e o um reservatório, com capacidade para 50 mil litros d’água, fazem parte do conjunto de investimentos que garante boa produtividade e boa qualidade do mamão. “Produzimos um mamão de sabor suave, doce, com excelente índice de frutose; isso está assegurando nossas vendas em alta”, orgulha-se Quinaia.

“Além da irrigação, essa alta qualidade do fruto tem a ver também com a fertilização do solo. A nutrição tem que ser correta, tanto que fazemos análise de solo todo mês para adubação e correção, ou seja, procuramos seguir todas as recomendações técnicas”, esclarece o agrônomo, que deixou o emprego [de carteira assinada] para se dedicar exclusivamente ao negócio.

Em relação a pragas, ele conta que faz um trabalho preventivo; com produtos à base de enxofre e cobre, muito utilizados na agricultura orgânica, consegue um bom controle de ácaros, bactérias e fungos. No entanto, os cuidados com a resistência das plantas começam na produção de mudas, feitas ali mesmo na propriedade, em uma estufa.

Mais um capricho da família: dar ‘marca’ para o produto. Todo mamão carrega um selo, que informa ao consumidor sua procedência [no caso, o Sítio São José], com endereço e telefone. “Acima de tudo, esse selo certifica o orgulho que temos pelo nosso produto”, diz Anderson.

Anderson, que é engenheiro agrônomo, coordena os trabalhos

Em família

No sítio São José a família Salesse trabalha unida. Assim como Anderson, sua esposa Beatriz Maria Salesse também abandonou o emprego [ela é professora] e passou a se dedicar à lavoura de mamão; encarregada do controle financeiro, também dirige o trator nos dias da colheita. “Vimos que o negócio é promissor e resolvemos arriscar”, diz Anderson, ratificando sua confiança.

Focado em conhecimentos técnicos, ele conta que estão só começando na fruticultura: logo o sítio estará produzindo também abacate e goiaba. “Já plantamos 250 abacateiros e 180 goiabeiras… Queremos fazer das frutas o carro-chefe da propriedade”, arremata.

E em consórcio com as frutas, a família dá sequência à produção de leite, com vacas da raça Gersolanda.

Um dos escolhidos

Há três anos, o IDR- Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural), em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura, iniciou um projeto-piloto para a produção de mamão junto a pequenos produtores rurais. A Prefeitura adquiriu sementes de alto padrão e cultivou cerca de cinco mil mudas, que foram distribuídas para sete agricultores familiares de diferentes regiões do município.

Um deles foi o José Carlos Salesse, que se comprometeu a cultivar, de acordo com a orientação que recebeu dos técnicos da Prefeitura. O resultado surpreendeu: “Eles [os Salesse] seguiram à risca e aí está o sucesso previsto”, elogia o técnico agrícola Bruno Paschoal, do IDR-Paraná.

Ele informa que Umuarama conta com mais duas lavouras importantes de mamão [nos distritos de Lovat e Serra dos Dourados]; e os municípios vizinhos de Douradina, Ivaté e Nova Olímpia também aderiram ao cultivo em escala comercial.

O Paraná cultiva cerca de 80 hectares de mamão, com produção média de treze toneladas por hectare. A produtividade é boa, mas não atende a demanda. Por isso ‘importa’ a maior parte do que consome dos polos produtores: Espírito Santo e Bahia, que são os estados responsáveis por 70% da produção de mamão no país.

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