A psicóloga Patrícia Trídico, de Umuarama | Foto: Acervo pessoal

Saúde

Saúde mental exige cuidados durante pandemia com aumento de casos de ansiedade e depressão

Como lidar de forma saudável com as incertezas do futuro e as transformações ocorridas no último ano? A psicóloga Patrícia Trídico, de Umuarama, fala sobre o assunto

A psicóloga Patrícia Trídico, de Umuarama | Foto: Acervo pessoal
Saúde mental exige cuidados durante pandemia com aumento de casos de ansiedade e depressão
Redação
OBemdito
14 de agosto de 2021 15h00

Distanciamento social, mudança nas rotinas de trabalho, medo da contaminação, carência afetiva, incertezas sobre o futuro…a pandemia do Coronavírus trouxe modificações nas estruturas das relações sociais, além de impactos econômicos. As transformações geradas ao longo desse mais de um ano afetaram a saúde mental de muitas pessoas.

Uma pesquisa desenvolvida pela universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aponta que 80% da população tornou-se mais ansiosa durante a pandemia. Um outro estudo feito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) indica que o número de casos de depressão aumentou 90% durante esse período. Com o crescimento do índice de problemas emocionais, os especialistas alertam: é tempo de cuidar da saúde mental.

De acordo com a psicóloga de Umuarama, Patrícia Fabí Trídico, as consequências da pandemia tornaram as pessoas mais vulneráveis ao início ou a um agravamento de um transtorno psicológico. Nesse sentido, a incidência de estresses agudos e quadros de ansiedade são perceptíveis.

“O agravamento é fato, ou seja, o que era apenas uma irritabilidade e o que era uma ansiedade que impulsionava (considerada uma ansiedade positiva), acabam se agravando. As pessoas se irritam com maior facilidade. O que era uma ansiedade positiva, torna-se pânico. Os sintomas depressivos geram depressão. O que era uma discussão dentro dos lares, que antes conseguia se ajustar, agora virou um grande conflito. Por que acontece? Porque entramos em uma situação e ainda não encontramos solução para ela”, explica Patrícia.

Para a profissional, as incertezas da realidade atual aumentam os níveis de ansiedade, já que muitas pessoas têm a tendência de querer conquistar objetivos o mais rápido possível e se deparam com um contexto externo repleto de limitações e inseguranças do futuro.

“Temos pressa de querer tudo no nosso tempo, mas temos muito o que aprender durante esse período de pandemia. O tempo pode ser curativo ou destruidor. Podemos dar passos na nossa maturidade, encontrando formas de lidar com as emoções que estamos vivendo. Por exemplo, se você percebe que a ansiedade está mais te impactando e paralisando do que impulsionando, é necessário buscar um acompanhamento profissional”, enfatiza Patrícia.

Como lidar com as emoções no dia a dia?

Conforme Patrícia, para lidar com as angústias diárias é necessário ter em mente que somos seres biopsicossociais e espirituais. Nesse sentido, para que sejamos saudáveis, é importante dar atenção a todas as áreas: às partes físicas, emocionais, sociais e espirituais. A psicóloga também ressalta a necessidade de se distanciar de pessoas consideradas como ‘tóxicas’ (geralmente as que vivem reclamando, buscam satisfazer suas necessidades pensando somente em si e atingindo o outro com atitudes egoístas, manipuladoras e controladoras).

“É preciso cuidar da alimentação; da organização de uma rotina, que diminui o nível de ansiedade; da espiritualidade, dentro do que cada um acredita. E, acima de tudo, é hora de cuidar das relações sociais, que já estão bem limitadas por conta do distanciamento social. Não estamos em um momento propício para ficar gastando tempo com relações tóxicas, que pioram o quadro de adoecimentos. É hora de purificar as relações. Quando estiver com alguém, que seja saudável, que edifique o dia, o pensamento”, explica a psicóloga.

Nesse período de pandemia, um outro comportamento que está acentuado por conta das novas rotinas é o uso das tecnologias. Com as pessoas ficando mais em casa, a utilização de celulares, computadores e eletrônicos tornou-se mais assídua. O alerta da psicóloga é para avaliar o tipo de relação que temos com esses a dispositivos, que podem trazer tanto efeitos positivos, quanto negativos, para a mente.

“O ponto positivo das tecnologias é a distração. Se os equipamentos são utilizados com esse fim e tiver conteúdos positivos, vão fazer bem. O lado negativo é se o uso virar um vício, principalmente com jogos”, declara.

Lidando com as angústias do isolamento

Outra situação comum atualmente que também ocasiona quadros problemas emocionais nas pessoas é o isolamento requerido aos pacientes com sintomas e/ou positivados pelo Coronavírus. Isso porque, geralmente, as pessoas que apresentam sinais da doença precisam ficar pelo menos dez dias em casa, reclusas, e distantes de outros; fato que muitas vezes leva a quadros ansiosos e de estresse. Para conseguir lidar de forma saudável emocionalmente com o momento, Patrícia recomenda as seguintes atitudes:

Deixar o ambiente confortável e neutro, diminuindo a quantidade de estímulos, como as cores e objetos. Quanto mais ‘clean’, mais o ambiente fica leve. “É uma dica simples, mas que faz sentido para a psique”, diz;

Prática da respiração lenta e profunda, que possibilita a melhora da oxigenação e diminui a ansiedade;

Escrever livremente os pensamentos que vêm à mente, tanto os positivos, quanto os negativos. “É uma forma terapêutica de externalizar as angústias”, completa a psicóloga.

Importância do acompanhamento profissional

Segundo a psicóloga, como já mencionado, quando os pensamentos ansiosos costumam ser paralisantes e perturbadores, é necessário um acompanhamento profissional. O estresse agudo e recorrente também pode ocasionar prejuízo de atenção e na memória do ser humano, assim como baixa libido sexual, e o acometimento de discórdias mais recorrentes. O desânimo frequente e a falta de vontade de praticar ações rotineiras, de forma constante, também é um sinal de alerta de que se deve buscar uma ajuda profissional.

“Na terapia, o paciente tem a oportunidade de externalizar os sentimentos, organizar os conflitos, ressignificar todo o momento em que a pessoa está vivendo. Assim como buscamos um médico quando o corpo está doente, também precisamos buscar o acompanhamento psicológico estando emocionalmente adoecido”, finaliza a psicóloga.

Serviço:

Psicóloga humanista, Patrícia Fabí Trídico – CRP 08/12600. Psicóloga clínica e organizacional.

Atende no Centro de Atendimento Psicológico, rua Generino Delfino Coelho, 3100, Umuarama (PR). Telefone: (44) 3622-5108.

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