Foto: Acervo de Italo Fábio Casciola

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As antigas fanfarras espalhavam emoção e alegria nos desfiles da Avenida Paraná

Elas eram o centro das atenções nas comemorações de 26 de Junho e 7 de Setembro

Foto: Acervo de Italo Fábio Casciola
As antigas fanfarras espalhavam emoção e alegria nos desfiles da Avenida Paraná
Ítalo Fábio Casciola
OBemdito
12 de novembro de 2023 13h01

Emociona lembrar a época em que as fanfarras do Colégio Estadual e do Colégio Campos Salles travavam verdadeiros duelos durante os desfiles do 26 de Junho e do 7 de Setembro. Era um espetáculo que retumbava aos olhos e ouvidos de todos que lotavam a Avenida Paraná de ponta a ponta.

Os primeiros desfiles aconteceram pouco depois que Umuarama foi fundada, quando ainda só existia uma escola – a Isa Mesquita.  Ainda não havia fanfarras, que só começaram a surgiu depois que foram criados os dois ginásios da cidade, no começo da década de 1960.

É bom deixar bem claro que a avenida principal da Capital da Amizade ainda não era asfaltada… E durante os desfiles era uma verdadeira ‘sofrência’ com a moçada marchando e levantando poeira por todos os lados. Mas os estudantes pareciam nem ligar e desciam (ou subiam) a avenida rindo, sorrindo e até brincando. Disse “desciam ou subiam” porque em alguns anos  percorriam toda a extensão da via de ida e volta…

Eis que de repente, mesmo sem combinar, os dois colégios criaram suas fanfarras. E, ao mesmo tempo, com elas, fizeram brotar uma rivalidade que durou anos. Os tambores e caixas rugiam, as baquetas batiam sem dó para chamar a atenção da multidão que lotava a via principal nessas datas festivas. A terra tremia e a galera delirava no ritmo das cornetas, bumbos e zabumbas.

Foto: Acervo de Italo Fábio Casciola

E para dar um brilho todo especial à marcha à frente das fanfarras desfilavam lindas porta-bandeiras, com trajes hiper coloridos, que sorrindo faziam todo mundo aplaudir calorosamente delirando de alegria. Os mais afoitos da plateia pulavam e gritavam o nome da escola.

Também causava frenesi quando a fanfarra dava alguns segundos de pausa para reiniciar o ritmo. A maioria dos instrumentos silenciava e só retornavam à ativa depois que as cornetas tocavam em alto volume! O povo endoidava! Além do som maravilhoso dos instrumentos, os músicos inventavam passos em ritmo de dança para animar ainda mais o cenário festivo.

Foto: Acervo de Italo Fábio Casciola

MESES DE ENSAIOS E PAIXÃO PELA MÚSICA

Tocar numa fanfarra não era fácil como muitos podem crer ao ler as linhas desta crônica. Os preparativos para um desfile começavam no mínimo três meses antes. O primeiro passo era escolher a música que seria ‘interpretada’ nesse ano. Depois as notas musicais tinham que ser seguidas à risca para a população que iria assistir os desfiles soubesse o que estava indo ‘ao ar’.

Depois disso é que começavam os intensos e cansativos ensaios no decorrer de semanas inteiras. E isso acontecia fora dos horários de aulas, portanto, dá para se imaginar a força de vontade para superar o cansaço. Quando a data do desfile estava mais próxima, os ensaios aconteciam até nos sábados e domingos.

Foto: Acervo de Italo Fábio Casciola

Mas, o vigor da juventude e a paixão em participar de uma fanfarra eram maiores e mais fortes e faziam com que os estudantes nem pensassem em desistir. Ao contrário, ficavam ainda mais entusiasmados pois queriam proporcionar um verdadeiro show no desfile pela Avenida Paraná.

Finalmente, depois de tanto esforço e dedicação absoluta, o prazo de ensaios se esgotava… Uns dias antes eram dedicados ao descanso, a preparar os uniformes e calçados. Tudo impecável para brilhar na avenida!

Era lei acordar nos primeiros minutos da data especial do desfile (26 de Junho ou 7 de Setembro), tomar um café da manhã robusto e sair correndo rumo à escola. Lá o maestro e os instrumentistas trocavam ideias sobre a missão que tinham pela frente. Quando as turmas de estudantes chegavam, os professores organizavam os grupos para seguir rumo ao local da partida do desfile.

Nervosismo total… Mas na Hora H começava a festa!!! E, como todos sonhavam, tinha início a descida da avenida. E as fanfarras animadíssimas detonavam as notas musicais! E os estudantes cheios de entusiasmo seguiam atrás marchando no ritmo fantástico e perfeito.

Foto: Acervo de Italo Fábio Casciola

Como era esperado, a população retribuía o espetáculo com muito carinho na forma de palmas, gritos e pulos acompanhando o compasso dos instrumentos. Era tanta euforia que tinha gente tão corajosa que subia nos telhados das casas comercias que ladeavam a avenida para lá de cima ter uma visão melhor do desfile.

Como tudo tem seu fim, a parada chegava ao final lá na baixada (ou no alto) da Avenida Paraná. Diante do sucesso retumbante, agora a festa era dos estudantes e dos músicos, que comemoravam com fortes abraços, pulos de alegria e euforia gritando o nome de sua escola! Missão cumprida!

Hoje, ao recordar esses eventos históricos a gente pensa feliz como as fanfarras eram importantes na vida da comunidade. Elas presenteavam com muita alegria, emoção e música as pessoas que acompanhavam atentas aqueles desfiles de outrora. E os estudantes da época, hoje já idosos, devem ainda comemorar o fato de brindar com felicidade aqueles dias especiais e tão importantes para a história da nossa Capital da Amizade. Graças à arte fotográfica agora podemos rever as imagens daquelas marchas memoráveis que, infelizmente, hoje não existem mais… (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

Foto: Acervo de Italo Fábio Casciola
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