Fotos: Acervo Italo Fábio Casciola/Reprodução não permitida

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O valente desbravador das estradas que tornaram Umuarama muito rica!

Bohdan Baranhuk chegou muito antes da fundação da cidade com uma missão muito especial!

Fotos: Acervo Italo Fábio Casciola/Reprodução não permitida
O valente desbravador das estradas que tornaram Umuarama muito rica!
Ítalo Fábio Casciola
OBemdito
26 de agosto de 2023 17h52

Natural de São Mateus do Sul, Bohdan Baranhuk trocou o clima frio e úmido de sua terra natal pelas escaldantes temperaturas do tropicalíssimo Nortão paranaense quando tinha pouco mais de vinte anos, na flor de sua mocidade. Aguerrido e batalhador desde jovem, queria conquistar sua própria independência participando da grandiosa aventura que foi o desbravamento de Londrina, Maringá e arredores.

E realizou seu desejo integrando a equipe de topografia e agrimensura do Departamento de Estradas da antiga colonizadora inglesa, que plantou a maior cidade do interior do Sul brasileiro no fim da primeira década do século 20, a grandiosa capital do Café, que ainda hoje detenta a supremacia de capital do imenso celeiro agrícola e industrial do Paraná.

Cortou a imensidão de terras por todos os lados, vindo aportar nestas bandas em 1953, contratado agora pela brasileira Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. Missão primeira: abrir e deixar pronta a estrada ligando Maringá a Umuarama, interligando outros núcleos habitacionais menores que pontuavam esse trajeto.

Cumprida aquela notável tarefa, depois recebeu outro encargo igualmente penoso: abrir as estradas que formariam a malha viária de todo o território da Gleba Cruzeiro, da CMNP. A seguir, mais uma imensa frente de trabalho: desta feita, dirigir, com outros técnicos da colonizadora, a construção das primeiras ruas, avenidas e praças de Umuarama, executando o projeto de urbanismo idealizado pelo russo Wladimir Babkov.

Fotos: Acervo Italo Fábio Casciola/Reprodução não permitida

O primeiro traçado urbano demorou mais de três anos para ficar inteiramente concluído, e as vendas de lotes residenciais foram um sucesso, agrupados em Zonas a partir do circulo onde funcionou o primeiro ponto de ônibus (agora Praça Arthur Thomas) e seguindo em várias direções para ocupar toda a área que fora desmatada e reservada para a construção de Umuarama.

Como já relatei em perfil anterior, Bohdan era auto-didata em tudo o que se relacionava à abertura de caminhos, seja rurais, seja urbanos, especialmente topografia e agrimensura. Era fruto de anos de experiência na abertura de glebas anteriores em Londrina e Maringá.

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Nos dois primeiros anos de Umuarama, antes que a cidade fosse oficialmente fundada, Bohdan Baranhuk morou na lendária Pensão Mineira, de propriedade do pioneiro Durval Seifert. Logo depois casou-se e fixou residência própria no centro da cidade, na Avenida Paraná. Seu legado não foram “apenas” as estradas que abriu. Fez muito mais, desta vez na construção de Umuarama.

Um detalhe curioso que vale recordar: ele foi o primeiro dono do antigo Cine Guarani, que mais tarde seria vendido para uma distribuidora de filmes paulista. Também participou da construção e fundação do Umuarama Country Club e foi sócio do Harmonia Clube de Campo. No final da década de 1960, quando seu irmão Marciano Branhuk foi prefeito de Umuarama, Bohdan dirigiu a equipe que instalou as primeiras tubulações de águas pluviais e esgotos na Avenida Paraná.

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Em 1969, em sociedade com os irmãos Rafael, Marciano e o empresário Antonio Bácaro, Bohdan abriu uma empresa especializada em terraplenagens, que atendia serviços tanto na zona rural como no campo, inclusive contratos em cidades vizinhas. Foi um negócio bem sucedido, numa época em que tudo estava começando neste Noroeste, a nova fronteira agrícola brasileira.

Bohdan Baranhuk era filho do casal Ana e João Baranhuk, imigrantes que vieram da Ucrânia após a terrível Primeira Guerra Mundial, conflito que deixou a Europa completamente arrasada. Fixaram morada no sul paranaense.

Com sua esposa Helena teve seis filhos, todos nascidos em Umuarama: a contabilista Shirley, o médico Bohdan, a engenheira e arquiteta Nancy, a médica Ginger, o engenheiro Ney e a contabilista Jackeline. O Mestre das Estradas faleceu em Cuiabá aos 83 anos de idade, em 24 de setembro de 2009. Ele se mudou para a capital matrogrossense no início de 1980, onde atuou no ramo da construção de moradias.

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Esta é a história de um homem forte, que soube enfrentar os tempos difíceis de uma época primitiva em um novo mundo que estava surgindo. Dedicou a sua vida inteira à missão de medir os campos e abrir novas fronteiras, num período em que era fundamental interligar as regiões do Paraná com a abertura de caminhos e estradas, ligações determinantes para a sobrevivência e crescimento dos núcleos urbanos.

Em cada passo, em cada quilômetro desta Umuarama e do Norte do Paraná, ficaram as marcas de Bohdan Baranhuk, um bravo que escreveu sua História (com h maiúsculo!) através de obras e ações que alavancaram o progresso deste imenso território.

Em sua memória também homenageamos aquela legião intrépida e anônima que desbravou tudo o que aqui existe hoje, plantando o futuro num passado já muito distante, mas digno de ser lembrado a cada relato resgatando o legado que eles nos deixaram. Pioneirismo é isso! (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

Fotos: Acervo Italo Fábio Casciola/Reprodução não permitida
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