Foto: Arquivo OBemdito

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O Obelisco da Amizade, símbolo do encontro de amigos que construíram uma próspera cidade!

Monumento projetado por um arquiteto famoso, destaca-se no centro da maior praça da cidade!

Foto: Arquivo OBemdito
O Obelisco da Amizade, símbolo do encontro de amigos que construíram uma próspera cidade!
Ítalo Fábio Casciola
OBemdito
6 de agosto de 2023 16h37

Um gigante que atrai as atenções dos turistas que passam por Umuarama. Para os umuaramenses, além de admirado orgulhosamente como cartão é um querido sentinela que cuida do centro da Capital da Amizade e está há décadas observando o intenso movimento nas vias públicas e nas atividades do comércio, a maior fonte de renda e de empregos da Capital da Amizade do Brasil!

Não existe na cidade nenhum outro monumento desse porte. Até mesmo a bela escultura do índio xeta na entrada do nosso belo bosque tem a sua altura e nem aparece mais do que o obelisco, pois está cercado de uma bonita floresta…

ELE NÃO É APENAS UM COLOSSO ARQUITETÔNICO…

As linhas arquitetônicas desse colosso de ferro e cimento possuem um significado todo especial: simbolizam o esforço e o trabalho dos desbravadores e fundadores desta cidade que unidos lutaram na abertura das florestas, na construção da urbe e pela grandeza econômica de Umuarama. Resumindo: é o símbolo da Capital da Amizade do Brasil!

Muitos desconhecem os significados dos detalhes dessa escultura, principalmente as novas gerações. Pois bem, o Obelisco da Amizade é constituído por quatro colunas, nas medidas de 29, 21, 23 e 25 metros de altura, representando o desenvolvimento irradiado em todas as direções que faz da cidade subir para o alto e despontar como uma dos mais importantes polos regionais do Paraná.

Fotos: Acervo Italo Fábio Casciola

Todas foram construídas em concreto aparente e sua parte côncava antes era revestida em placas de alumínio… Essas peças que brilhavam ao sol simplesmente sumiram com o passar dos anos e até agora ninguém explica o motivo! Também despareceu a grande piscina que havia, onde estava plantada a base do obelisco, denominada de “Espelho d’Água”. Será que foi atendendo um pedido do pernilongo da dengue?

O projeto foi elaborado em outubro de 1970 e executado ao final da construção da Praça Santos Dumont, que ocupa 12 mil metros quadrados. A solenidade de inauguração do espaçoso redondo no ‘coração’ de Umuarama aconteceu justamente ao redor dele, numa grande festa em janeiro de 1972, que lotou a praça pela multidão feliz e orgulhosa que essa obra literalmente monumental!!!

Fotos: Acervo Italo Fábio Casciola

UM ARQUITETO GENIAL ADMIRADO PELO BRASIL INTEIRO!

Mas quem é o engenheiro, arquiteto e urbanista Ícaro de Castro Mello, o criador dessa maravilha (a praça e o obelisco) que orgulha Umuarama há mais de 50 anos, ou + de meio século?!

Ícaro, diz a mitologia grega, criou asas voando para fugir do labirinto em que fora aprisionado pelo rei de Creta. Se fez acompanhar por Dédalo, seu pai, que, exilado na Sicília, transformou-se no principal arquiteto do rei, construindo inúmeros templos.

Um outro Ícaro também criou asas antes de criar edifícios. Atleta de fama internacional, recordista de salto com vara, representou o Brasil nas Olimpíadas de Berlim, em 1936. Foi também, por meio século, grande construtor de templos – incontáveis templos para o esporte! Seu nome: Ícaro de Castro Mello.

O engenheiro, arquiteto e urbanista Ícaro de Castro Mello, o criador dessas maravilhas (a praça e o obelisco) que orgulham Umuarama há mais de 50 anos – Fotos: Acervo Italo Fábio Casciola

ÍCARO MERECE SER LEMBRADO SEMPRE!

Pois é, achei interessante procurar saber sobre a biografia desse ‘ilustre desconhecido’ para os umuaramenses, afinal ele criou não apenas uma praça, mas um monumental espaço que faz parte do cotidiano e da história da Capital da Amizade e de sua gente.

E num passado já meio distante ela foi ponto de encontro dos amigos e das famílias, especialmente naqueles tempos em que ir ao cinema aos domingos era uma tradição. E, depois de assistir aqueles filmes fantásticos, a Santos Dumont era parada obrigatória antes da volta ao lar… Hoje acontecem importantes eventos, afinal ela é admirável – recentemente passou por uma completa e admirável revitalização.

Fotos: Acervo Italo Fábio Casciola

Pois bem, na história da arquitetura brasileira, raros são os registros de arquitetos com produção centrada numa temática específica. Ícaro de Castro Mello é um deles. Nascido em 1913 em São Vicente (SP), muito cedo comprometeu-se com a concepção de prédios esportivos e, até sua morte, ocorrida em 1986, nunca interrompeu as incursões neste território, sendo seguramente o arquiteto brasileiro que criou o maior número de edifícios desta natureza – grandes e famosos estádios.

Fotos: Acervo Italo Fábio Casciola

Apenas para abrilhantar esta reportagem, basta citar que Ícaro é o autor de inúmeros projetos arquitetônicos de envergadura e famosos no Brasil inteiro, como o Estádio do Ibirapuera, Ginásio de Sorocaba, Ginásio do Jockey Clube de Uberaba e o Estádio Nacional Mané Garrincha de Brasília – elogiadíssimo pelo criador da capital brasileira, o renomado Oscar Niemayer!

A familiaridade de Ícaro de Castro Mello com estádios e ginásios não se estabeleceu ao longo de sua carreira, nem o interesse surgiu na vida acadêmica, mas pelo viés da prática esportiva, bem antes de ingressar, em 1931, na Escola de Engenharia Mackenzie, que trocou dois anos depois pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. E, depois, foi professor titular dessa mesma famosa USP.

Fotos: Acervo Italo Fábio Casciola

Ao diplomar-se em 1935 como engenheiro-arquiteto-urbanista, Castro Mello já era atleta nacionalmente consagrado, campeão paulista, brasileiro e sul-americano de salto em altura, salto com vara e decatlo, detentor de recordes nestas modalidades, tendo se dedicado também à natação, tênis e vôlei.

Em 1936, ao participar das Olimpíadas de Berlim integrando a equipe brasileira de atletismo, aproveitou a oportunidade para estagiar por uma semana no escritório do arquiteto Werner March, autor do projeto do Estádio Olímpico da capital alemã. (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

Fotos: Acervo Italo Fábio Casciola
Fotos: Acervo Italo Fábio Casciola

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