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“Jiu-jítsu é, acima de tudo, ferramenta de transformação” diz campeão mundial Vander Carlini

Desde que pisou no tatame, o treinador e dono de escola de artes marciais, Carlini Vander só fez por merecer cada grau que subiu em sua trajetória bem-sucedida

Carlini Vander: visão empreendedora sela sucesso da carreira - Fotos: Danilo Martins/OBemdito
Carlini Vander: visão empreendedora sela sucesso da carreira - Fotos: Danilo Martins/OBemdito
“Jiu-jítsu é, acima de tudo, ferramenta de transformação” diz campeão mundial Vander Carlini
Graça Milanez - OBemdito
Publicado em 10 de junho de 2023 às 17h22 - Modificado em 11 de junho de 2023 às 08h38
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Imerso de corpo e alma! Nos treinos, nos ideais de empreendedor e nas condutas de professor ele garante que a luta, no sentido metafórico ou literal, compensa. Seja no dia a dia atribulado, para garantir uma vida melhor e concretizar seus desejos, ou no tatame, buscando uma formação sólida, Carlini Vander, 43 anos, construiu uma carreira marcada pelo respeito e admiração.

E assim tornou-se ‘o cara!’ no mundo do jiu-jítsu, para orgulho de Umuarama. Em meio aos mais de 300 títulos conquistados, o nosso ‘faixa preta dois graus’ tem quatro que reinam na sua lista. Todos vieram de competições promovidas pela International Brazilian Jiu-Jítsu, a mundialmente conceituada IBJJF, sediada no Rio de Janeiro.

São eles: o de campeão mundial em Las Vegas, em 2016; o de bicampeão europeu em Lisboa, em 2016/2017; o de campeão brasileiro em São Paulo, em 2013; e o de campeão sul-americano, em 2016. Reluzindo o dourado, as medalhas estão colocadas caprichosamente em quadros que decoram uma das paredes de sua escola de artes marciais, a Trevus, junto com tantas outras.

“Guardo algumas com carinho, mas medalha e troféu já não têm mais tanta importância para mim; eu me desapeguei de muitos: ‘dei embora’ sem nenhum pesar”, conta, com ar sereno, conotando humildade. “Valorizo mais o bem que esse esporte me fez e faz”, destaca o professor de jiu-jítsu, diplomado pela reputada confederação IBJJF.

Sobre o bem que o jiu-jítsu promove, dispara: “É bom pra tudo: combate depressão, ansiedade, obesidade; ajuda na recuperação de alcoólatras e usuários de drogas; melhora a autoconfiança… a lista de benefícios é grande!”.

Sua carreira pede uma descrição passo a passo: aluno, lutador, atleta, professor, dono de escola, dono de uma marca [que está se tornando franquia] e treinador de praticantes da graduação faixa preta. ”Nos entremeios disso tudo, tive que aprender a ver que me tornei profissional e que formo profissionais na modalidade, e ainda entender que tenho uma escola, que também é uma empresa… Pra mim é complexo!”, divaga o campeão, do alto dos seus 1,91m.

Fera do jiu-jítsu, Carlini ingressou no esporte nos Estados Unidos

Do começo aos 300

Filho de professores, Carlini é natural de Alto Piquiri, mas mora em Umuarama desde 2007. Porém, alguns anos antes já convivia por aqui: vinha para cursar a faculdade de Letras/Inglês, na Unipar.

Assim que se graduou foi para os Estados Unidos, num intercâmbio, com o objetivo de exercitar a língua inglesa. Lá, de 2004 a 2007, trabalhava num parque temático e… ingressava no mundo das artes marciais.

“Amigos me incentivaram”, lembra, dividindo com eles o mérito. “Eu me apaixonei pelo jiu-jítsu desde que vesti meu primeiro kimono”, declara. De volta ao Brasil, continuou como aluno da modalidade e competindo. “Nem sei dizer por quantas cidades passei nessa fase de torneios pelo país afora e no exterior… foram muitas!”.

Esse itinerário rendeu-lhe os cerca de 300 títulos. “Também não sei exatamente quantos foram… Calculo que se aproximem desse número”, alega, com total desprendimento, a fera que conquistou o grau faixa preta em 2017, aos 37 anos. Segundo ele, para isso é preciso pelo menos mil aulas no currículo.

Entre as preferidas: Carlini exibe as medalhas de campeão mundial

Montada estratégica

E eis que chega a fase de ensinar, compartilhar o que aprendeu. Carlini decidiu abrir, em 2021, uma escola de jiu-jítsu e muay thai, a Trevus Martial Arts, onde recebe 350 alunos, de 5 a 70 anos de idade.

Atuando com metodologia própria, desenvolvida por ele, a Trevus está presente também em Douradina, com 60 alunos, e em Iporã, com 80 alunos. Outras cidades do Paraná e de estados vizinhos estão nos planos de expansão da marca do ex-lutador.

Sobre a criação da marca, bom destacar, ele diz que exigiu horas, dias de concentração, e que se inspirou em elementos semânticos bíblicos para formatá-la.

“O trevo de três folhas significa o Pai, o Filho e o Espírito Santo; adotei o de quatro folhas, que acrescenta ‘nós’ [as pessoas] na simbologia; no centro desenhei uma cruz vazia, que remete à ressurreição de Cristo”, explica.

Quanto ao nome, não por acaso trocou o ‘o’ pelo ‘u’: “Trevus termina com ‘us’, assim como Jesus e Deus”. E o slogan resume o propósito: ‘Formando campeões dentro e fora do tatame’.

O ‘faixa preta’ agora grau dois, com a filha Rebeca: paixão pelo esporte compartilhada 

Deus no coração

Carlini faz questão de frisar que a Trevus é uma escola cristã, porque embasa seus métodos em valores morais e religiosos: “Nosso objetivo é ensinar a lutar e, também, transformar nosso aluno numa pessoa melhor… não é unicamente formar campeões, é também formar pessoas fortes, sem medos, sem traumas”.

Membro da Igreja Batista Shalon, o empresário esclarece que essa ligação forte com a religiosidade se dá por ter se ‘convertido’: “Essa mudança melhorou minha vida, por isso me empenho para partilhar meus conhecimentos sempre no sentido humanitário”.

Duas alianças chamam a atenção nas mãos: “Uma representa minha devoção, minha união com Deus; a outra é o símbolo do meu amor pela minha esposa Karoline”.

O campeão diante das medalhas enquadradas: capricho, orgulho e dedicação extrema

Homem de família

Com Karoline, Carlini tem dois filhos: Rebeca, de 5 anos [que, diga-se de passagem, já está no jiu-jítsu] e Carlos Manoel, 1 ano. “Um dos motivos que me fizeram parar de competir foi minha família… Procuro ficar com ela todo meu tempo livre”, menciona o pai atencioso, com os olhos brilhando.

Provando que a perspicácia que se aprende no tatame se leva para todos os momentos da vida, também tem agenda fixa para namorar Karoline. “Toda sexta à noite, religiosamente, saímos para jantar; deixamos os filhos com os avós e nos damos essa chance de ficar a sós para conversar, trocar carinho”, revela Carlini.

Karoline também faz parte do quadro administrativo da Trevus. Ela é responsável pelos setores de recursos humanos, marketing e atendimento ao cliente, entre outros.

Carlini e a esposa Karolini, que também pratica o esporte

Cidadania na veia

A paixão de Carlini pelo esporte extrapola as paredes da Trevus. Entendendo que seu dever de cidadão tem que se empenhar também na busca de uma sociedade mais esperançosa [ele acredita que o esporte é um bom caminho para isso], decidiu aplicar suas experiências na promoção de campeonatos e, assim, ampliar a voz do jiu-jítsu em Umuarama.

Convencido da importância desse engajamento social, o empresário Carlini criou a Copa Amizade de Jiu-jítsu, que neste ano, a 10ª edição, realizada em abril, reuniu cerca de 800 atletas, de cidades de todas as regiões do Paraná e dos municípios [São Paulo e Mato Grosso do Sul] e países vizinhos [Paraguai e Argentina].

“Em número de participantes e em relação ao alto nível técnico conseguimos fazer, desse, o evento mais importante do Paraná”, assegura, salientando, em tom agradecido, o apoio de dez empresas e da prefeitura. “Essa união foi decisiva para o sucesso”, reitera.

O cidadão Carlini também atua na liderança da organização da Copa Fronteira de Jiu-jítsu, realizada pela Polícia Militar/BPFron em parceria com a Trevus. A edição deste ano acontece em agosto, com previsão de 600 inscritos. Ano passado [1ª edição] recebeu 400 competidores.

Família unida: Carlini, Karolini, Rebeca e Carlos Manoel

Curiosidades

De origem asiática, o jiu-jítsu ou ju-jítsu chegou ao Brasil no início do século passado. É considerado uma luta de arte suave. A palavra tem um sentido interessante: flexibilidade e suavidade; ‘ju’ significa técnica ou arte.

Foram os japoneses que trouxeram a modalidade para o Brasil, mas nós moldamos a luta na forma como está hoje, fato que provocou mudanças nas regras internacionais. Ou seja, era uma arte marcial japonesa, que começou a ser considerada brasileira.

O novo formato [abrasileirado] começou a ser exportado para o mundo todo, inclusive para o Japão. É o primeiro esporte da história que mudou de nacionalidade. E único que usa comandos verbais em português, independente do país onde é sediado os eventos da confederação. Pontos pra nós!

O sistema de graduação vai da faixa branca à preta, passando pela amarela, laranja, verde, azul, roxa e marrom. Tem ainda a coral, de mestres, e a vermelha, de grandes mestres.

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