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Ítalo Fábio Casciola Publisher do OBemdito

A Expo-Umuarama já teve uma atração ‘internacional’: Gengis Khan

O grupo vocal de disk-music brasileiro famoso no mundo

Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação
A Expo-Umuarama já teve uma atração ‘internacional’: Gengis Khan
Ítalo Fábio Casciola - OBemdito
Publicado em 20 de março de 2023 às 20h00 - Modificado em 20 de março de 2023 às 20h04
Gastro Umuarama

Desde o começo da Expo-Umuarama, na metade do século passado, era costume trazer a atração musical mais importante para abrilhantar a noite do segundo domingo da mostra agropecuária.

Isso virou tradição, tanto é que Roberto Carlos e Chacrinha vieram nesse dia da semana. Era o que se costumou chamar de ‘fechar a agenda com chave de ouro’. E foram tantos shows, uma lista bem looonga.

O ano era 1981 e quem dominava absoluto as paradas de sucesso e que mais aparecia em programas de TV era o quarteto Brazilian Genghis Khan. A imprensa da cultura e das celebridades só falava deles, eram notícia em todo canto e rodava o Brasil de norte a sul com seus shows dançantes e coloridos encantando multidões. Seus discos – na época eram de vinil – vendiam aos montes e eram tocados em todas as festas e bailes da geração daqueles tempos…

Então, contratá-los era sucesso garantido por antecipação. E assim foi feito. Eles foram a atração principal da Exapiu 1981.

MAS QUEM ERA O BRAZILIAN GENGHIS KHAN?

Faço um parêntese na narrativa para contar para a geração de agora o perfil desse quarteto fantástico, que há muito tempo desapareceu da cena artística nacional.

O grupo Brazilian Genghis Khan começou em 1979, criado pela gravadora RGE para ser cover de uma banda alemã homônima, uma praxe para divulgação de seu cast internacional em programas da tv. O quarteto era comandado por Jorge Danel (o Thor), um bailarino argentino, e também contava com Omar Leon (o Genghis), Tânia Brasil e Heloisa Nascimento (a Tully).

O sucesso foi tão forte que a própria RGE resolveu lançá-los cantando em português, causando o maior impacto entre os jovens como um grupo vocal de Disck-Music, ritmo da então discothèque. O sucesso desse cover nas emissoras de rádio e TVs foi devido às mixagens, coreografias e originalidade nas canções.

Italo Fábio Casciola, ao centro, com os integrantes do grupo – Foto: acervo Italo Fábio Casciola

A MULTIDÃO DANÇOU JUNTO COM ELES!

Já havia anoitecido e eles chegaram ao Parque de Exposições apressados, debaixo de uma tempestade de aplausos e gritos histéricos da imensa galera de fãs que esperava seus ídolos. Rapidamente entraram no palco e o play-back começou a tocar seu repertório em volume altíssimo. Todo mundo enlouqueceu!!! Eles dançavam no palco de madeira, muito pequeno para quatro dançarinos querendo mostrar todo o seu talento com sua coreografia espetacular…

A multidão, lá embaixo, bem organizada formou filas e grupos e dançou junto com o Brazilian Genghis Khan. A arena do Parque de Exposições tremia, uma tremenda loucura feliz. Havia, inclusive, muitos fãs maquiados iguais a eles… E faziam trenzinhos dançando, uns atrás dos outros, cantando as músicas que eles dublavam lá em cima do palco. Gente molhada de suor, toda descabelada e pulando de alegria.

Essa divertida farra durou duas horas. De repente, os artistas anunciaram a música de despedida. Foi um urro total, o povo desesperado queria mais!!! Acabou a música, deram adeus com as mãos mandando beijos para todo mundo. Em disparada desceram a estreita escadinha em direção aos camarins…

Lá ficaram por uns dez minutos… Silêncio total. Surpreendentemente, voltaram velozes subindo pela escadinha e reapareceram… A moçada surtou geral, dublaram mais um sucesso e, aí sim, se despediram definitivamente. Todos que assistiam se emocionaram em gratidão ao simpático gesto dos ídolos.

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“PARECIA QUE EU ESTAVA NUMA CAIXINHA DE FÓSFOROS…”

No camarim, fui recebido com absoluta exclusividade pelo quarteto famoso. Diante dos espelhos, deram rápido retoque nas maquiagens e nos penteados. Tomaram suco de maracujá geladíssimo para se refrescar.

“Mamma mia, que calor terrible!!!” – gargalhou alto Jorge Thor. Brincando, reclamou do palco pequeno demais para um show com coreografias: “Parecia que eu estava dançando dentro de uma caixinha de fósforos!!!”. E tome mais suco para matar a sede sufocante.

As roupas e os penteados inusitados dos quatro integrantes marcaram época. “O sucesso é tão grande – contou ele – que, num domingo pegamos três pontes-aéreas para participar em programas de televisão no Rio, São Paulo e Rio no mesmo dia!”. Lembrou, também, que avião de linha não adiantava mais para o grupo e com a agenda lotada de shows passaram a ter um táxi aéreo à disposição para transportá-los.

SUCESSO INTERNACIONAL

Na década de 1980, o grupo fez jus ao nome do conquistador que usavam e chegaram a ser intérpretes da 64ª música mais executada no mundo!!! Jorge contou que, no lançamento do Brazilian Genghis Khan, tinha planejado um trabalho para dar frutos com três, quatro anos de dedicação. Mas, logo, “Genghis Khan” foi um sucesso estrondoso. Durante cinco anos seguidos, emplacaram músicas como “Roma”, “Apolo 50” e “Comer, Comer”.

O grupou também lançou um CD, o “Chama-se Brazilian Genghis Khan”. Regravaram “Genghis Khan” em português e lançaram a música “Toda Criança Precisa”, que era uma crítica à fome no mundo.

Depois da década de 1980, com o fim da Era Discothèque, o quarteto também decidiu encerrar a carreira. Com a certeza de que foi um dos maiores nomes da história artística nacional.

E, para a nossa sorte, nossa gente da Capital da Amizade teve a oportunidade única de assistir e curtir a imensa alegria que eles provocavam durante seus espetáculos. (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

Foto: Italo Fábio Casciola

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