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Assassino confesso de médico diz que pertence ao Comando Vermelho; amigo foi liberado

REPORTAGEM ESPECIAL - Segundo a Polícia Civil, até o momento não há provas do envolvimento do jovem de 18 anos no crime

Guilherme da Costa Alves, 25 anos, que confessou ter matado o médico Renan Tortajada e uma testemunha ocular do crime (FOTO: DANILO MARTINS/OBEMDITO)
Guilherme da Costa Alves, 25 anos, que confessou ter matado o médico Renan Tortajada e uma testemunha ocular do crime (FOTO: DANILO MARTINS/OBEMDITO)
Assassino confesso de médico diz que pertence ao Comando Vermelho; amigo foi liberado
LEONARDO REVESSO - OBemdito
Publicado em 19 de fevereiro de 2023 às 21h25 - Modificado em 20 de fevereiro de 2023 às 09h24
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Guilherme da Costa Alves, 25 anos, que neste domingo (19) confessou ter matado o médico Renan Tortajada e uma testemunha ocular do crime, disse em depoimento à Polícia Civil que é faccionado ao Comando Vermelho, uma das maiores organizações criminosas do Brasil, criada em 1979, no Instituto Penal Cândido Mendes, no Rio de Janeiro.

O amigo de Guilherme, um jovem de 18 anos, morador de Goioerê, detido junto com ele no carro de Tortajada, foi liberado pela polícia, por falta de provas de sua ligação com os crimes. De acordo com o delegado-chefe da 7a Subdivisão Policial Gabriel Menezes e o delegado operacional Leonardo Martinez, a investigação, por ora, não mostrou o envolvimento do jovem.

Guilherme foi preso pelos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte), homicídio e ocultação de cadáver. Além do carro do médico, ele também se apossou de seu computador e de um cartão de crédito, entregues a uma pessoa na cidade de Quarto Centenário, região de Goioerê, em troca de dinheiro para abastecer o veículo de Tortajada.

Guilherme da Costa Alves, 25 anos – Foto: Danilo Martins/OBemdito
O médico Renan Tortajada, assassinato brutalmente ao 35 anos

O assassino confesso e o amigo são de Goioerê, mas Guilherme passou a viver temporariamente em Umuarama nos últimos meses, possivelmente para ampliar sua rede de contatos criminosos ou simplesmente fugir de seu histórico de porcarias. De acordo com os delegados, em vídeo gravado à imprensa, Guilherme já tinha passagens pela polícia por roubo, posse e tráfico de drogas. Já não valia muito.

Até então, pelo apurado, o matador não tinha relação com crimes contra a vida. Agora são dois. O assassino de cabelo pessimamente prateado se mostrou uma pessoa fria e sanguinolenta. Matou Renan Tortajada com golpes de uma pedra pontiaguda e de socos no interior do bosque Uirapuru e arrastou o corpo por cerca de 30 metros até o muro do estádio Lucio Pipino, onde enterrou o enterrou em uma cova que ele mesmo abriu. O que Guilherme usou para abrir essa pequena vala?

À Polícia Militar, que desvendou os crimes, e à Polícia Civil, que lavrou a prisão em flagrante, o rapaz disse que tinha uma relação de pouco mais de um ano com o médico e que no encontro da última sexta-feira (17) à noite se desentendeu com a vítima, por causa de R$ 200. Esse é o preço que pode ter custado a vida de um profissional respeitado em seu trabalho.

Tortajada era pediatra e mais recentemente, psiquiatra. Atendia, entre outros, no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Toledo. A Prefeitura da cidade lamentou a perda do médico. Também cumpria padrão em Guaíra.

Alta periculosidade

A forma como matou a testemunha ocular do assassinato cruel de Renan também diz muito sobre seu perfil de alta periculosidade do bandido Guilherme. Correu atrás do homem, de pouco mais de 40 anos, e desferiu vários golpes de pau contra ele. Recolheu o corpo, colocou-o no porta-malas do carro do médico e levou-o para uma área pouco movimentada do município vizinho de Maria Helena.

O corpo do homem, que ao que tudo indica era travesti, deixa clara a crueldade de Guilherme. De acordo com uma pessoa que esteve no IML (Instituto Médico Legal), havia marcas profundas em várias partes do cadáver. Uma das pernas estava quebrada. A identidade desta vítima ainda não foi apresentada.

Assalto à mulher de 69 anos

Guilherme fez mais. Na noite deste sábado, de posse do carro do médico Tortajada, o suposto membro do Comando Vermelho tentou roubar uma senhora de 69 anos, tentando colocá-la, à força, dentro do veículo.

A vítima passeava com dois cachorrinhos na rua de sua casa. A mulher conseguiu se desvencilhar, mas ficou com ferimentos na boca e nos joelhos, conforme uma pessoa próxima dela. Tivemos acesso a imagens de uma câmera de segurança que mostra a agressão. Assista abaixo.

Passeando em 4 com som alto

Logo após publicar a matéria sobre o desaparecimento de Renan, não só a polícia passou a receber mais informações sobre a localização do carro do médico, mas a própria redação do OBemdito. Um dos relatos dá conta de que um carro com as características do Honda Civic chumbo do profissional morto passara pela avenida Tiradentes, em Umuarama, com o som alto e quatro pessoas no interior.

Ao que tudo indica, o assassino não se contentou em tirar vidas. Quis exibir o automóvel de luxo de uma de suas vítimas para os amigos, sem se importar que estava com o porta-malas ainda com o sangue derramado por sua segunda vítima da macabra sexta-feira, 17/2.

Oito pedras de craque

No momento em que foi preso, Guilherme sustentava de que tinha recebido o Honda Civic em troca de oito pedras de craque. Disse isso em alto e bom som para a reportagem do OBemdito no momento em que era colocado no camburão. Assim como todo bandido, tratou o repórter de senhor, como se fosse um jovem inocente, desses que trabalham e estudam para vencer na vida.

Minutos depois, sem muito aperto, confessou o crime aos policiais militares. E aqui cabe uma ressalva ao trabalho realizado pela equipe do 25o Batalhão, incluindo o BPFron (Batalhão de Fronteira). A agilidade na operação também recebeu elogios dos delegados Menezes e Martinez.

Do local em que foi abordado com o Honda Civil, na avenida Duque de Caxias, Guilherme foi levado para o bosque Uirapuru, onde confessou ter matado o médico. Em todo o momento, para os jornalistas que acompanhavam a triste ocorrência, havia a esperança de que Tortajada ainda fosse encontrado com vida. Até que chegou veículo do IML (Instituto Médico Legal).

Sofreu muito antes de morrer

O que sabe é que Renan Tortajada sofreu muito antes de morrer. Pouco mais de 36 horas após o crime, ainda podia ser visto muito sangue na área em que o corpo foi enterrado. Havia um pedaço de pano em volta do pescoço da vítima, uma das regiões atingidas pela pedra pontiaguda, de aproximadamente 1 kg.

Crime foi premeditado?

As investigações seguem. Guilherme premeditou o crime? Por que não usava arma de fogo ou uma faca? O tal faccionado do Comando Vermelho realmente agiu sozinho? Por ter amplo conhecimento da forma como usuários de drogas se comportam, Renan podia ter pressentido que estava prestes a morrer? Por que manter relacionamento com um pessoa tão hedionda? Algumas perguntas jamais terão respostas porque, infelizmente, mortos não falam.

Sepultamento

O corpo de Renan Tortajada será sepultado em Maringá nesta segunda-feira (20). O velório já foi iniciado, na Capela Mortuária da cidade.

Pais pedem justiça

Os pais de Renan passaram o sábado inteiro em Umuarama, acompanhando as buscas ao filho, muitas vezes eles mesmos indo atrás de pistas. Pai e mãe, pessoas aparentemente simples, foram informados da morte no momento em que chegaram ao bosque. Estavam sentados em uma mureta, chorando. Ao policial que transmitiu a informação oficial, rogaram: “Não deixem a morte do nosso filho ficar em pune. Mataram nosso filho. Nos mataram”.

Desaparecimento

Renan Tortajada ligou para a mãe por volta das 17h de sexta-feira (17), dizendo que estava saindo do Toledo, onde residia e trabalhava, para Maringá, cidade dos pais.

Como o médico não apareceu, a família começou a procurá-lo. Perto das 13h deste sábado (18), uma mulher que caminhava pelo Lago Aratimbó atendou a ligação, informando que tinha encontrado o celular de Renan naquele local. O aparelho estava bastante danificado.

Amigos, que já estavam na cidade, passaram a acompanhar o trabalho da polícia. Na Guarda Municipal, obtiveram imagens de uma câmera de monitoramento em que uma pessoa morena, com cigarro na mão direita, aparecia dirigindo o veículo. O teto solar estava aberto. As características do condutor coincidem com as do assassino.

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