Umuarama

O que manifestantes e forte aparato policial na casa do prefeito têm a nos dizer

O protesto convocado anonimamente pelas redes sociais para acontecer em frente a casa do prefeito Celso Pozzobom, na noite desta segunda-feira (31), nem de longe reuniu o número de pessoas esperado ao menos pela Polícia Militar, que deslocou quatro viaturas e vários homens para o local.

Algumas pessoas passaram de carro pela rua com as câmeras dos celulares ligados, mas não pararam. Outras ficaram na panificadora a pouco mais de uma quadra. As vendas cresceram no período de aproximadamente duas horas. 

Cerca de 20 manifestantes permaneceram diante da residência, de forma silenciosa. Esses, sim, deram as caras, seja pelo interesse de ver as coisas esclarecidas ou simplesmente para tirar proveito do desespero da população.

Os moradores pediam para o que prefeito saísse para se explicar das acusações levantadas contra ele pelo Ministério Público, no ápice da operação Metástase. Embora as luzes da varanda estivessem acesas, Pozzobom não estava na residência. Assessores próximos disseram que ele seguia trabalhando no gabinete.

Cena triste e emblemática em uma cidade que desponta a olhos vistos

A cena registrada nesta noite é uma das mais emblemáticas desde o desencadeamento da operação exatamente pelo forte aparato policial. 

Segundo o MP, o prefeito tinha conhecimento dos desvios milionários no Fundo Municipal de Saúde. Até o momento, porém, os promotores não afirmaram com todas as letras que Pozzobom era beneficiário direto do suposto esquema de corrupção, até porque, o que se espera, nesses casos, é a prisão, e não a inclusão do suspeito como investigado. 

Umuarama virou de pernas para o ar

Umuarama não é mais a mesma desde que o Gaeco e o Gepatrias, divisões do MP, fizeram suas incursões por empresas, órgãos públicos, residências de suspeitos (entre elas a do prefeito) e hospitais, apreendendo computadores, celulares e documentos.

Se o Paraná vive o pior momento da pandemia, com pás de cimento abrindo e fechando túmulos nos cemitérios, em Umuarama a situação assume o agravante de ver o seu prefeito, reeleito com quase 70% dos votos, atolado em gravíssimas denúncias, levando a crer, de forma preliminar, que tenha colocado no bolso um dinheiro que era para salvar vias.

Silêncio do prefeito é ensurdecedor

A população volta a eleger Pozzobom, mas desta vez para depositar nele a ira da falta de leitos, o que na verdade é da competência do governo estadual. Porém, a partir do momento em que opta pelo silêncio ou responde com evasivas, o próprio titular do Paço da Amizade contribui para a revolta popular. 

Saída está no comportamento da população

A única saída para conter o vírus, neste momento, não é colocar nas digitais do prefeito o sangue das vítimas que partem, e achar que o coronavírus vai embora porque tem um “culpado”. O Ministério Público e a Câmara estão detidos (é o que se espera) em comprovar o tamanho dessa verdade. 

Mais do que clamar por justiça (o que está correto), nós, umuaramenses, precisamos redobrar os cuidados e colocar a mão na consciência. Nós, umuaramenses, não podemos ficar calados diante de festas clandestinas na calada da noite ou aglomerações em bares.

Nós, brasileiros umuaramenses, precisamos fazer um levante por vacinas. Vacina. Vacina. Vacina!  

Promotores, sejam ágeis; vereadores, apresentem soluções viáveis

Aos promotores de justiça, cabe agir com celeridade e atrair, no mínimo, 10% dos holofotes que granjeou na operação. Aos vereadores, mais do que levantar o dedo indicador, espera-se a apresentação de ideias viáveis e responsáveis para amainar a dor das famílias.

E que não venham com o estapafúrdio ‘projeto’ de instalar hospital de campanha apenas com cama e travesseiro. Falar tão somente em ceder ginásio de esportes ou utilizar a estrutura da Igreja católica, é covardia, até porque, nunca faltou espaço físico para enfrentar o vírus.

Faltam, sim, equipamentos, remédios, suprimentos. Falta, sim, material humano, que pensa em abandonar a batalha no momento em que é pressionado a fazer milagre onde a fé na ciência é desprezada.

De que vale ter 20 potentes carros de corrida se não há pilotos capacitados para guiá-los?

Com a palavra o aparente sensato secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, que segundo a assessoria da Prefeitura confirmou vinda a Umuarama nesta terça-feira (1o).

Leonardo Revesso

Graduado em Direito pela Unipar, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e especializando em Neurociência do Consumo pela ESPM. Tutor da Olívia, da Ludi e da Mila. Está no jornalismo há 27 anos (iniciou aos 15). No OBemdito escreve sobre política e consumo.

Recent Posts

Tenente Giovanna Leme assume comando da 2ª Companhia Independente de Iporã

A oficial de 27 anos inicia nova fase da carreira em Iporã e amplia a…

15 minutos ago

Reduz número de jovens no Paraná que não trabalham ou estudam, aponta IBGE

O dado, compilado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), consta na Síntese…

39 minutos ago

Morador tem padrão de energia furtado nesta madrugada, em Goioerê

Vítima procurou a Polícia Militar após perceber furto em obra no Jardim Bela Vista

60 minutos ago

Letícia Ferreira da Silva toma posse como desembargadora no TJPR em sessão solene

Letícia Ferreira da Silva assume vaga pelo quinto constitucional da OAB-PR em cerimônia transmitida pelo…

1 hora ago

Munição é encontrada na Avenida Paraná em Maria Helena

Polícia Militar recolhe cartucho calibre .38 encontrado por morador na tarde de quarta-feira (3)

2 horas ago

Jovens são presos por desobediência e tráfico de drogas no Dom Pedro II

Situação ocorreu após denúncia anônima de venda de substâncias próximo a uma creche e a…

2 horas ago

Este site utiliza cookies

Saiba mais