Umuarama

Em vídeos, umuaramaenses pedem ajuda a Bolsonaro para conter a Covid na cidade

Dois vídeos endereçados por umuaramenses a Jair Bolsonaro (sem partido) estão entre os assuntos mais comentados deste domingo (29). Os autores das gravações, que circulam em grupos de WhatsApp, pedem ajuda ao presidente para conter o avanço do coronavírus na cidade.

 “Presidente Bolsonaro, estou gravando esse vídeo para pedir socorro para o senhor. A nossa cidade recebeu R$ 22 milhões para o Covid e segundo o Gaeco foram roubados R$ 19 milhões. Estou gravando esse vídeo para que o senhor monte um hospital de campanha na nossa cidade”, disse Ana Cristina. 

“Mande o exército para cá, para cuidar desse hospital, cuidar desse povo que está morrendo. Eu peço, em nome de Jesus, nos socorre, porque o povo está morrendo aqui. Eles ficam no Pronto Atendimento só tomando soro, sem medicamento. Eu espero que o senhor faça alguma coisa por nós”, acrescentou.

O médico Igor Nery afirmou que há pacientes morrendo dentro de ambulâncias em Umuarama, com insuficiência respiratória, por falta de vagas nos hospitais, e também por falta de insumos básicos, como máscaras e medicamentos, a exemplo de dipirona. 

“Presidente, o sistema de saúde pública da minha cidade está em colapso total. Eu imploro, eu clamo ao senhor, a sua ajuda, para que o povo da minha cidade não pereça nesse sofrimento. Muito grato, muito obrigado pela sua atenção, presidente”. 

Não houve mortes em ambulância

As informações encaminhadas a Bolsonaro causaram desconforto entre profissionais da linha de frente do combate à Covid em Umuarama. Eles afirmam que Igor Nery utilizou fatos inexistentes, com base no que apenas “ouviu dizer”. “O doutor Igor precisa ir ao PA e presenciar a estrutura existente”.

Os profissionais confirmam que o quadro registrado na cidade é extremamente grave, que o sistema de saúde realmente está colapsado mas que não têm informações sobre a morte de pacientes asfixiados, dentro de ambulâncias, embora isso não possa acontecer se medidas não forem tomadas pelo poder público.

Relataram também que, embora baixos, ainda há estoques de suprimentos para os próximos dias, a exemplo de máscaras e medicamentos. Como a demanda por oxigênio está aumentando a cada dia em todo o Estado, existe o temor de atraso na destinação do insumo.

Os autores do vídeo não informaram como enviaram as gravações para Bolsonaro. Até a publicação desta matéria, não havia informação sobre alguma resposta por parte da assessoria de Bolsonaro aos umuaramenses.

Sistema de saúde colapsou

O sistema de saúde colapsou em Umuarama, cidade de referência para as 22 cidades da 12aRegional de Saúde e um dos núcleos da macrorregião noroeste. A situação atingiu um nível desalentador neste sábado (29), com a falta de leitos credenciados pelo governo do Estado.

Um paciente morreu poucas horas depois de receber os procedimentos no Ambulatório Municipal de Síndromes Gripais, porta de entrada dos pacientes com Covid na cidade. A estrutura passa longe de ser a ideal para internamentos, como vem acontecendo.

Outras três pessoas entraram em óbito no Pronto Atendimento (PA) nos últimos sete dias, à espera de leitos de UTI em hospitais da macrorregião noroeste. O trabalho de regulação é atribuição da Secretaria de Estado da Saúde. Mortes também foram registradas nos hospitais Cemil e Uopeccan.

Pronto Atendimento está superlotado

O PA está superlotado. Na noite deste sábado eram 21 pacientes no local, sendo nove intubados, quatro esperando intubação e oito em enfermaria. 

No início da noite houve um início de protesto em frente ao Pronto Atendimento. Familiares ficaram revoltados ao receber a notícia de que não havia vagas em hospitais para a transferência imediata. As imagens foram compartilhadas por milhares de pessoas nas redes sociais.

Ausência de regulação formal na Uopeccan

Seis pacientes foram encaminhados do Ambulatório para a Uopeccan, mas houve um atraso de pelo menos uma hora e meia para o ingresso no hospital, que afirma não ter sido comunicado em tempo pela Central de Leitos. Uma fila de ambulâncias se formou na frente do hospital. 

Em nota, a Uopeccan confirmou a situação e disse que os “transtornos” foram causados por “ausência de regulação formal”. De acordo com o hospital, todos os pacientes estão recebendo a assistência médica necessária. 

“Aproveitamos para reforçar a necessidade da população manter os cuidados e orientações de prevenção da Covid-19 que o momento exige, visto o esgotamento praticamente total da oferta de serviços frente a pandemia instalada”, acrescentou a nota.

Pressionados, profissionais falam em parar

O coordenador técnico do Pronto Atendimento de Umuarama, Anderson Luiz Candiani, disse que a forte pressão sob médicos, enfermeiros e técnicos neste momento agrava mais a situação. Com medo de agressões e em um nível máximo de estresse, eles ameaçam parar. 

Leonardo Revesso

Graduado em Direito pela Unipar, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e especializando em Neurociência do Consumo pela ESPM. Tutor da Olívia, da Ludi e da Mila. Está no jornalismo há 27 anos (iniciou aos 15). No OBemdito escreve sobre política e consumo.

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