Menino de 12 anos morre em Xambrê após receber diagnóstico de rinite alérgica

A mãe de Nicolas Teixeira, de 12 anos, que morreu no dia 18 de maio, ainda chora a perda do filho. O garoto morreu após sofrer uma crise de insuficiência respiratória aguda. Tainara Teixeira da Silva acusa os médicos do Pronto Atendimento (PA) de Xambrê de cometer negligência no serviço de socorro.

“O que aconteceu com meu filho foi pura negligência médica”, desabafa a mãe, acrescentando que registrou um Boletim de Ocorrência e na próxima segunda-feira (30) deve ser ouvida pela Promotoria de Justiça.

Nicolas era aluno do sétimo ano, no período da tarde, no Colégio Estadual Paulo VI. De manhã, ele aproveitava para treinar futebol, às segundas, quartas e sextas-feiras. Filho mais velho de quatro irmãos, o garoto esbanjava saúde e nunca teve problemas de doença respiratória, segundo a mãe.

“Tenho dois filhos com problemas de bronquite, mas são filhos do mesmo pai, e o Nicolas não. O mais estranho é que não temos histórico de doença na família dos meus pais. O médico falou que a doença era hereditária. Impossível”, discorda a mãe.

A mãe conta que na primeira consulta em que Nicolas foi levado ele apresentava febre alta. O médico que o atendeu deu diagnóstico de bronquite. No dia seguinte, o menino estava com dor na garganta e reclamou estar com dificuldades para falar e também sentia dores abdominais. Foi examinado por outro médico e o profissional teria receitado medicação para rinite alérgica.

“O primeiro médico receitou remédios e mandou ele de volta para casa. No outro dia, em nova consulta, disseram que precisava esperar pelo menos três dias pelo efeito do medicamento. Diante da minha insistência, o médico falou que se tratava de uma rinite alérgica”, lembra a mãe.

Em casa, a mãe percebeu a piora do estado de saúde do filho e correu até o pronto socorro. Logo na entrada, o menino desmaiou e precisou ser entubado e encaminhado às pressas para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Norospar, em Umuarama, onde acabou falecendo.

“Ele estava muito debilitado, irreconhecível. Menino forte, nunca precisou ir para o hospital. Corria, brincava, não consigo me conformar. Pior que não tiraram Raio x, não fizeram exames mais detalhados, simplesmente passaram o diagnóstico depois de uma simples observação”, conta.

Em nota, o Norospar informou que Nicolas chegou em estado crítico de saúde, com quadro de insuficiência respiratória aguda grave. Foi atendido pela equipe médica e assistencial do Pronto Socorro, mas apesar dos esforços empreendidos o garoto acabou morrendo às 16h50.

O outro lado

A coordenadora do Pronto Atendimento (PA) de Xambrê, Louise Salgueiro, afirmou que um dos médicos do caso foi afastado e o outro continua atendendo, mas também deverá deixar o serviço nos próximos dias. “A conduta médica tem que ser avaliada e isso não cabe a nós, que somos do setor administrativo. Um dos médicos foi desligado por outros problemas que teve aqui”, ponderou Louise.

A secretária de Saúde de Xambrê, Fernanda Pereira Custódio, confirmou que um dos médicos já enfrenta problemas relacionados a reclamações sobre a conduta profissional, embora não haja denúncias contra ele formalizadas pelos pacientes na Ouvidora de Saúde.

“Sou mãe e me solidarizo com a dor da Tainara. Colocamos a equipe da Saúde Primária em contato com ela e estamos prestando total apoio psicológico e até mesmo clínico, se for necessário”, afirmou a secretária.

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