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Umuarama nasceu empolgada pela riqueza da Era do Rei Café no Paraná

A Mãe Natureza levou uma eternidade para construir a bela floresta fechada que existia no passado. Porém, a avassaladora primeira onda da colonização que aqui assolou entre 1953 e 1955 conseguiu devastar tudo o que havia. Dessa ação resultou um vasto clarão no meio da mata virgem, destinado à abertura de fazendas e aconstrução de uma futura cidade: Umuarama.

Um exército de homens e máquinas chegou derrubando tudo, em nome da execução do mirabolante projeto da colonizadora CMNP para “plantar” mais um núcleo habitacional.

Seguindo à risca todos os detalhes do primeiro traçado, com milhares de metros quadrados onde surgiriam depois os primeiros bairros, chamados de Zona 1, Zona 2, Zona 3…, em pouco tempo as frondosas sombras dos perobais deram lugar a um escaldante espaço de areia (ou arenito caiuá), espalhado por uma geografia acidentada e tortuosa.

Toda essa ruidosa obra chamou a atenção de gente de todos os lugares, atraída por um ímã de interesses e esperanças do aparecimento de um novo Eldorado, que prometia fortunas e um futuro radiante.

A Era do Rei Café foi o período épico de maior desenvolvimento da História de Umuarama, que figurava entre as maiores produtoras de café do Paraná

Já era prevista essa romaria, tanto é que a colonizadora logo de início foi instalando um ponto de ônibus, marco de chegada para aventureiros e colonos vindos de perto e de longe, numa multiplicidade de sotaques brasileiros e de línguas de imigrantes saídos até do outro lado do planeta. E instalou também um escritório para venda de propriedades, urbanas e rurais.

O INÍCIO DA CORRIDA AO OURO VERDE!

Estava dado o início da corrida ao ouro, ou melhor, uma maratona alucinada e febril do “ouro verde” que, como prometiam os “picaretas” (vendedores de terras, os antigos corretores), seria colhido em milhares de toneladas pouco tempo depois de plantado.

Na mesma velocidade em que chegavam os forasteiros, foram surgindo casas de madeira, residenciais e comerciais, ao redor daquele ponto de parada das “jardineiras” antigas. Ali também desembarcaram os sofridos “paus-de-araras”, depois de andanças por milhares de quilômetros vindos do Nordeste e de Minas Gerais.

A construção da primeira estrada de terra foi um dos grandes impulsos no desenvolvimento da cafeicultura. Por ela passavam as imensas filas de caminhões que iam vender café em outras cidades e até para o exterior via o Porto de Paranaguá.

Era um vai-e-vem de coletivos e caminhões chegando a todo momento, numa agitação épica antes (e depois) nunca vista, típica do descobrimento de um novo mundo…

Um pandemônio impossível de imaginar nos dias atuais, pois era uma época em que Umuarama era carente em tudo, não havia absolutamente nada em termos de infra-estrutura para acomodar tanta gente que chegava todos os dias.

A maioria, logo depois de botar o pé no chão nesta Terra Prometida, saía em disparada e sem rumo, à procura de um lugar para trabalhar nas fazendas que estavam sendo abertas. Muitas famílias improvisavam acampamentos nas saídas para Cruzeiro do Oeste, Xambrê, Serra dos Dourados, à espera de emissários de fazendeiros que passavam contratando trabalhadores a preço de banana, muitos se acomodavam a troco da comida e de um teto em barraco coberto de palmito…

Logo depois que a cafeicultura começou a gerar altas rendas para o município, teve início a grande fase das construções em Umuarama, tanto residenciais como comerciais. E também aconteceu a construção da primeira igreja, São Francisco de Assis. Erguida totalmente em madeira de peroba, por longo tempo foi a maior construção da cidade.

Essas são minúcias que a história oficial da colonizadora não conta e nem os “pseudos historiadores”, que vivem a papagaiar repetindo continuamente apenas a versão dos escribas contratados para enaltecer o que as colonizadoras da época bem desejavam. Até hoje ‘xeroqueiam’ esses escritos parciais de que aqui era a Terra Prometida e preparada para receber as legiões de colonos.

Inclusive, anunciaram na época a construção da uma grande ferrovia, ligando as cidades de Londrina, Maringá e Cianorte a Umuarama. As três primeiras foram agraciadas como esse “presentão”, mas Umuarama ficou na saudade e hoje nem espera mais a realização desse sonho…

MAS UM DIA ESSE PARAÍSO FOI DESTRUÍDO…

Na realidade, esse paraíso repleto de benfeitorias não se cumpriu. Repito uma delas: a ferrovia! Alguém aí já ouviu o trem apitando anunciando sua chegada à “Estação Umuarama”???

Outra: o clima não era propício para a cafeicultura, como faziam crer os picaretas aos compradores de terras. O cafeeiro não suporta frio, muito menos geadas… É típico da África, onde ninguém nunca ouve falar sequer em outono e inverno…

E até o próprio território não era propício para o plantio de cafeeiros. O arenito caiuá é sensível as chuvas e por todos os cantos do Noroeste e do resto do Estado onde existe areia acontecem desde o século passado o constante surgimento de crateras gigantescas, que além de prejudicar as plantações causavam imenso desespero nos meios de transportes que usaram as primeiras estradas de chão batido – o asfalto foi chegando aos poucos muuuitos anos depois!

Mas aconteceu um terrível imprevisto, um violento ataque climático que ninguém nunca imaginava acontecer: a Era do Rei do Café teve fim em 1975, com a famosa Geada Negra que destruiu todos os milhares de cafezais aqui em Umuarama e no resto do Paraná! Fim da história de uma época de riqueza e entusiasmo econômico! (ITALO FÁBIO CASCIOLA, Especial para OBEMDITO)

As primeiras casas começaram a surgir ao redor da Avenida Paraná e nos bairros vizinhos. Detalhe: todas construídas com madeira – peroba, pois ainda não existiam construtoras que edificassem imóveis de material (cimento e tijolos).

FOTOS: Acervo histórico de Italo Fábio Casciola

Leia também: Umuarama Futsal perde em casa e complica chances nos playoffs da Liga Nacional

Ítalo Fábio Casciola

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